e se explodir?

192 31 12
                                    

— Tá, deixa eu ver se entendi. — Sabina fala. — Você quer entrar na cabeça dele de novo pra nós sabermos o que tem do outro lado, mas acha que ainda é muito cedo pra isso, porque ele ainda está fraco.

— Isso. — Heyoon confirma.

— E quando for fazer isso quer que eu e Bailey estejamos aqui como uma escapatória? — afirma novamente. — Tá, isso é loucura.

— Por quê? — pergunta Josh, escorado na cama.

— Eu e o Bay não sabemos o que fazer caso as coisas fiquem feias. — diz.

— Vocês só precisam acordar a Heyoon. — o loiro afirma.

— Vocês não tem nem um pouco de medo de dar tudo errado e ferrar com a cabeça do Josh? — foi a vez de Bailey argumentar. — Não me olhem assim! Eu também acho que é nossa melhor opção pra entender o que está acontecendo e nos tirar daqui, mas temos que levar os riscos a sério.

— A gente já pensou sobre isso. — Heyoon se levanta e cruza os braços. — Acham que não estou me preocupando a todo momento em como posso matar ou enlouquecer o Josh? Acham mesmo? Esse é o único motivo de até agora não ter feito isso! — bate o pé no chão, deixando sair sua raiva naquele ato. Não havia ninguém mais desesperada ou assustada com aquilo do que ela. Imagine só a culpa de matar uma pessoa que ama. Já tinha participado diretamente do sumiço de seus melhores amigos, não podia de jeito algum causar algo a Josh.

— Tudo bem, tá tudo bem. — Sabina abraça Heyoon, assustando a menor. — Nós entendemos que não quer fazer nada ao Joshua.

— E estamos falando de mim, ok? — o loiro se senta, mostrando que já consegue ter algum controle sobre seu próprio corpo. — Eu quero que ela faça isso, quero me lembrar. Nós precisamos  sair daqui e se tem algo na minha cabeça que possa ajudar, eu quero me lembrar. Quero fazer de tudo para isso.

— Tá. — Sabina suspira, indo pro outro lado do quarto e escorando na porta. — Mas e se explodir?

— Explodir o que, Sabina? — Bailey questiona.

— A cabeça do Joshua. — fala como se fosse óbvio.

— Oh Deus! — Josh sussurra e os outros começam a rir. — Sabina, nenhuma cabeça vai ser explodida. Isso nem dói.

— Sério? — põe a mão no queixo.

— Vai, Yoon, faz. — o loiro sorri pra sua amiga.

Dói, Sabina? E não, eu não vou explodir sua cabeça

— Uau! — sorri. — Isso é incrível! Faz com o Bailey. — pisca pro moreno.

— Eu não acho que- — é interrompido.

Que foi? Tá com medo que eu exploda sua cabeça?

— Isso é muito estranho! — põe as mãos na cabeça.

— É, é sim. — Sabina ri.

— Agora que vocês sabem que minha cabeça não vai explodir, podemos?

— Sim, podemos. — os dois dizem ao mesmo tempo. Em uma estranha, porém natural, sintonia.

Todo o clima no quarto muda, o ar ficando mais sério a cada segundo e a tensão se torna palpável. Heyoon se aproxima do Joshua, segurando suas mãos e sorrindo abertamente, lhe passando segurança.

— Eu te amo. — move os seus lábios, formando essas palavras.

— Eu confio em você. — sussurra e leva as mãos dela até sua cabeça.

Os olhos puxados se fecham por um instante, então ela os abre de forma assustadora, mostrando ali que já havia  conseguido entrar na cabeça dele.

Heyoon teve que admitir como dessa vez foi muito mais fácil, a cabeça de Joshua não estava mais cheia das travas que a impediam de ir onde queria, o caminho estava aberto. Porém, se olhar por outro lado, isso fez com que ela encontrasse caminhos que a desviavam de seu foco. Com calma, retornou aquelas lembranças confusas, aquelas quais que não conseguiu desvendar da outra vez.

Sua cabeça latejava toda vez que tentava ir mais fundo, era como se alguém tivesse embaraçado aquelas memórias uma por uma, pegando uma e colocando no lugar da outra. O primeiro paço era desembaraçar  aquilo tudo, colocando as memórias em ordem.

Dessa vez Josh estava acordado e aquela invasão em sua cabeça estava causando uma dor pontuada, como se uma faca entrasse e saísse várias vezes seguidas. Seus olhos apertados pra tentar aliviar a dor e suas mãos agarradas ao lençol da cama, o apertando todas as vezes que a "faca" ia mais fundo.

— Você acha que tá dando certo? — Bailey sussurra pra Sabina.

— Espero que sim. — sussurra de volta.

Aquilo estava sendo doloroso pra ambas as partes, Heyoon sentia seus olhos secos as mãos doendo, enquanto Josh juntava forças pra não berrar ao paço que sua cabeça doía mais a cada segundo.

Eles viram os olhos brilharem vermelho outra vez, viram como o tom era lindo e dizia muito sobre o processo do que Heyoon está fazendo. E ela sentiu que havia feito o melhor que podia sobre a bagunça que eram as memórias de Josh, partindo pra parte da observação.

Viu quando ele corria, quando quatro homens enormes e vestidos de preto o pegaram no corredor, viu como ele correu pra escapar deles, seguindo os corredores se estendendo e formando um enorme labirinto. Então ouviu aquela voz de novo, a voz feminina e assustadora, uma voz que ela sempre irá ouvir nos seus piores pesadelos.

Tudo se encaixou quando viu a mulher dobrando o corredor com a seringa na mão, o jeito que ela exibia os dentes naquele sorriso nojento e gritava pra duplicarem a dose entregou tudo. Quem estava ali na sua frente a torturava à anos. Uma peruca de cabelos castanhos escondia seus cabelos loiros mas nada escondia sua postura. Aparentemente havia descobrindo algo grande ali, e no momento que tirou suas mãos da cabeça do loiro, sentiu que ele havia se lembrado.

— Aquela... Aquela mulher, ela é a psicóloga? — a voz de Heyoon saiu soprada, enquanto se sentava na cama e os olhos ainda eram vermelhos.

— É sim. — responde, colocando a mão na cabeça e notando que a dor estava indo embora mais rápido do que imaginava.

— Pra mim ela é outra pessoa. — todos a encaram sem entender. — A mulher que me assombra fazem quatro anos, nunca vou confundir seu rosto na vida. É Lilian, a torturadora.

𝗠𝗔𝗗 𝗪𝗢𝗥𝗟𝗗 ミ heyosh Onde histórias criam vida. Descubra agora