Dupla Sensação

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     — Quer entrar?

     — Sim.

Com essa afirmação tudo se torna possível e nada mais é garantido, mas é inevitável criar algumas expectativas.

A tentação que presenciaram impossibilitou a permanência da calma. Ambos estão internamente agitados, pois, no momento, suas mentes tentam manter a sensatez. Eles conhecem suas capacidades, mas subestimam a força dos seus desejos.

O convite não foi completamente singelo e Kei, observando isso com agilidade, deixou-se levar com a emoção — pela segunda vez na presença de Tadashi.

Yamaguchi está visualmente nervoso, procurando as chaves da casa com certo receio. Tsukishima observa a cena quieto, mas em sua mente um bilhão de palavras já foram cogitadas. Tentando não pensar muito, olha ao redor.

Pelo horário, luzes já estão acesas nas casas e alguns postes iluminam a rua. Entretanto, a casa que estão prestes a entrar é uma exceção. A chave que antes era procurada, agora abre a porta, esclarecendo algumas perguntas internas do loiro: “Estamos sozinhos!”. Kei encara isso com um curioso interesse, acreditando ser uma possibilidade para que esclareçam de uma vez aquilo que lhe tira parte do sono.

Portanto, igualmente aos laços dos cadarços, desfez seus limites, deixando no corredor de entrada os seus tênis, juntamente aos seus receios.

     — Quer comer algo? — Tadashi oferece gentilmente.

     — Não, obrigado. — responde confuso com a pergunta, afinal, já haviam comido durante a tarde.

     — Água então? — insiste.

     — Sim, aceito.

     — Sente aí. — aponta para o sofá — Eu busco.

Tadashi andou apressadamente até a cozinha, desejando um momento de privacidade. Estar com Kei lhe enche de ânimo ao mesmo tempo que a insegurança o limita.

A expressão que há em seu rosto não esconde seus sentimentos. O espanto pelo momento inesperado e a esperança, criada pelo mesmo motivo, lhe confunde. Sensações opostas são experimentadas simultaneamente, mas Tadashi que já é acostumado com muita emoção, lida bem com o caos dentro de si.

Ele apoia ambas as mãos sobre o armário enquanto tenta recompor sua postura, para enfim, encher dois copos com água gelada.

Tsukishima sentou-se no sofá com as mãos apoiadas sobre os joelhos. Encarou a parede em sua frente, mas seus olhos não estavam concentrados ali. Sua mente foi além do realismo, permitindo-se fazer simulações.

Nos últimos dias a sua concentração esteve limitada a si mesmo, a fim de reconhecer suas próprias vontades e opiniões sobre o caminho que está trilhando. Entretanto, uma questão que não cabe somente a si, ainda procura resposta.

Hoje durante o encontro, tudo deveria ter sido esclarecido, mas em meio a conversas banais e divertidas, as palavras sérias foram deixadas de lado. O assunto antes esquecido, agora ocupa sua mente.

     — Olhando a decoração? — a voz de Tadashi interrompe os pensamentos do outro que inicialmente o olha confuso.

     — Sim… — observa o ambiente rapidamente. — Vocês mudaram muita coisa aqui. — puxa assunto.

     — É… — entrega um copo para o loiro e senta no sofá ao lado. — A maioria das coisas eu que insisti para mudar, se dependesse da minha mãe, tudo ainda estaria como a dez anos atrás. — sorri, fugindo de sua própria tensão.

Experimente Olhar Uma Segunda VezOnde histórias criam vida. Descubra agora