Entre as árvores floridas e grama verde do parque, Yamaguchi e Tsukishima caminham por uma trilha de pedras. A paisagem varia entre os mais diversos tons azuis, verdes e rosados. Três cores individualmente simples, porém juntas, interessantes.
O verde-claro da grama estende-se por todo o parque, tendo destaque nas plantas, onde aparece em alguns tons mais escuros. As poucas nuvens brancas no céu, ressaltam o azul ciano que compõem um dia ensolarado. E por fim, os tons de rosa que se espalham com proporção pelas árvores floridas, caracterizam e indicam o auge da primavera.
Logo a frente, uma árvore grande é avistada por Tadashi que rapidamente aproxima-se da mesma — um lugar fora das trilhas e com sombra era o que procuravam —, com entusiasmo, chamou o loiro.
Kei aproximou-se do outro e o ajudou a estender no chão a toalha que é tipicamente xadrez — sorriu pelo tradicionalismo. Ambos sentaram sobre ela e começaram a tirar das embalagens os lanches prontos que anteriormente foram comprados.
Conforme comem, a conversa que antes havia parado pelo desvio de atenção para a paisagem, agora volta aos poucos para os garotos no piquenique. Entre vozes e breves silêncios, o interesse na pessoa ao lado intensifica-se.
Descobrir coisas tornou-se parte do dia a dia de Tsukishima, que anteriormente era resumido em uma básica rotina. Cada hora que passa com Tadashi é interessante, e cada vez surpreende-se com a compatibilidade que possuem. Fatos que ouve ou observa pela primeira vez, despertam o seu fascínio e pouco a pouco se enraízam nos seus costumes. Desvendar cada parte de Yamaguchi tornou-se uma meta.
O ânimo que antes era contido por medo, agora transborda principalmente pela voz de Yamaguchi. Todas as vontades guardadas voltam a ser claras em sua mente, e por agora ser possível, convertem-se em energia. É explícita sua felicidade, e isso é admirado por Kei que observa seus detalhes precisamente.
Em um momento como este, a timidez de ambos não pode ser vista. A presença alheia garante-lhes paz e transmite segurança. É uma situação confortável. Seus receios não são ouvidos, apenas a curiosidade destaca-se, exalando liberdade.
Tsukishima que sempre foi reservado por precaução, agora permite-se quebrar esta barreira. Suas respostas são mais elaboradas e muitas vezes ele mesmo desvia do assunto por entrar em outro. Os questionamentos que surgem subitamente são lançados ao ar por sua voz, algo que Tadashi escuta e responde com sua mais sincera risada. Assim como outras sensações, o interesse é mútuo.
17:07
Os minutos passaram, os lanches foram devorados e o típico silêncio instalou-se entre eles. Desta vez, por ser uma relação nova, a quietude é parcialmente desconfortável.
As duas mentes, por mais que opostas, buscam as mesmas coisas. Perguntas ainda existem, e ainda que queiram suas respostas, não encontram métodos para serem pronunciadas. A angústia, ao contrário do silêncio, existe a bastante tempo.Na procura de palavras, seus olhos direcionam-se àquilo que desejam encontrar. A pessoa cuja paixão é recíproca contém todas as soluções. Deitados lado a lado sobre uma toalha em xadrez vermelho, olham-se.
Os dois pares de olhos que sempre exalam desejos, mais uma vez, esclarecem silenciosamente tudo que em seus corações é contido. Repetidamente a telepatia é cogitada, mas neste momento quem a quer é Tsukishima. Ele que sempre foi sincero, agora exita em falar.
Em contrapartida, o tímido Yamaguchi não se deixa levar pelo receio. Deita-se de lado, dobrando o braço direito para que lhe sirva de apoio enquanto o outro sobe lentamente até o rosto alheio. Tadashi pousou sua mão delicadamente sobre a face de Kei e por ela deslizou seus dedos até que chegassem no queixo fino. Contornou com as pontas dos dedos o maxilar e no fim da linha adentrou os fios loiros, os puxando sutilmente. Desceu sua mão até o pescoço comprido de Kei e antes de finalizar, o segurou com firmeza — um toque intrigante.
O contato visual completou o momento e desfez qualquer sensação de desconforto. Entretanto, o gesto repentino e ousado de Yamaguchi revelou emoções no loiro. Observar Tadashi é magnífico, mas ser tocado por ele é perigosamente tentador.
O toque simples não fora casto. Em ambas as mentes isto está cada vez mais claro, mas no momento, a mão que se deixou levar pelo desejo, finge inocência.
— Quer brincar de pergunta e resposta? — Yamaguchi quebra o silêncio.
— Não foi isso que fizemos até agora?
— É… praticamente isso.
— Você quer saber mais coisas? — Yamaguchi volta a olhar o céu.
— Sim… muitas coisas.
18:16
Entre perguntas e respostas os minutos correram. Aos poucos o céu muda de cor, cada vez mais próximo dos tons escuros. A temperatura continua alta, extremamente agradável para uma noite de primavera.
Os garotos caminharam por ruas movimentadas, mas agora desfrutam de um quase silêncio. A parte calma do trajeto chegou, isto significa que a casa de Yamaguchi está próxima.
O sossego foi predominante nos últimos dez minutos, mas conforme passam por esquinas conhecidas e ruas cheias de lembranças, histórias do passado são mencionadas — algo que os incentiva a pensar nos seus próprios desenvolvimentos.
Para o desgosto de ambos, a casa de Tadashi está logo a frente. A ideia de se separar não é bem-vinda na mente de ninguém, mas adentrar a porta juntos, tornou-se arriscado.
De fato, razão e emoção são formas opostas de avaliar as coisas, mas no caso da paixão, corpo e mente atuam em sincronia. A pergunta que anteriormente era incompreendida, neste momento ganha sentido e resposta. Permitir-se é tentador o suficiente para dissipar a calma.
Sentimentos pesados também fazem a mente voar, contanto, tudo é esperado sem que nada seja dito. É pela sobrecarga de sensações que a decência perde a voz.
Palavras que há muito tempo deixaram de ser pronunciadas pela contínua rejeição, agora anseiam pela oportunidade de serem ouvidas. Ambos têm ciência do que querem.
— Quer entrar?
— Sim.
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Experimente Olhar Uma Segunda Vez
FanfictionYamaguchi é apaixonado por seu melhor amigo, mas é inseguro demais para admitir. Entretanto, uma oportunidade surge graças aos conselhos de Sugawara - algo que também serviu para si mesmo. Créditos da capa: @Moyasu (perfil do Spirit)