Experimente Olhar Uma Segunda Vez

Diga-me Com Todas As Letras

Atualização dupla!
Verifique se leu o capítulo anterior.

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No exato segundo que Kei ouviu a confissão, sentiu-se num vácuo.

Nenhuma palavra lhe vem à cabeça. Já não sabe qual será o próximo passo, perdeu essa noção. Não encontra uma boa resposta, uma maneira de dizer que sente o mesmo, ou então, força para tomar nem que seja a menor das atitudes. Está em êxtase.

Com o silêncio instantâneo após suas palavras, Yamaguchi já espera por uma rejeição. O seu pessimismo toma conta do seu psicológico, o fazendo imaginar a pior das hipóteses. Seus olhos se enchem de lágrimas, essas que se formam por culpar a si mesmo. Ele as recusa, tentando impedir que transbordem ali, na frente de Kei.

Tsukishima percebe a angústia alheia e dá-se  conta de que cabe a si, tirar tal sentimento, mesmo que não saiba como fazer isso.

     — Yamaguchi… tenha calma.

     — Eu estou calmo! — diz com a voz chorosa. O loiro ri silenciosamente com o comentário claramente falso.

     — Certeza? Não é isso que está demonstrando. — Kei fala em um tom sugestivo. O outro permanece quieto, olhando para as próprias mãos.

Tsukishima está tão nervoso quanto, principalmente por ser a sua vez de falar. Pela primeira vez está em uma situação assim, sua única alternativa é fazer o que sempre fez: ser sincero.

Por mais alguns segundos, apenas a chuva impede o silêncio.

     — Yamaguchi… você não é o único que se sente assim. — com essas dez palavras a esperança do menor, que já havia sumido a alguns minutos, retornou com força. Ele apenas levanta a cabeça e escuta com atenção. — Eu… eu também te admiro muito e... quero te conhecer da mesma forma que você conhece, mas não vou continuar fazendo isso com você. Não quero que todo dia se preocupe em saber se estou bem ou não, quero que seja você, para que eu te conheça… é a minha vez de fazer de algo.

Yamaguchi encara o amigo com o máximo de atenção que pode, mas as lágrimas que antes não escorregaram, voltam a insistir.

A luminária que está em cima mesa de estudo ilumina o suficiente para que os garotos consigam enxergar um ao outro, com isso, Tsukishima nota as lágrimas de menor, que está também com um sorriso no rosto.

     — Então não. Não é só você que sente isso… Eu também gosto da sua companhia… gosto de te ver sorrir… Eu não me importo se tiver que te ajudar em todas as aulas de matemática, eu gosto disso! Portando, não se chame de patético... não ofenda a pessoa que eu gosto.

Após essas palavras inéditas, os dois garotos entram em choque. Parados, sem dizer nada, encaram o espaço que os separa na cama.

Nem mesmo Kei entende o que acabou de falar. Ele tem consciência de seus sentimentos, mas jamais imaginou que falaria dessa forma. De alguma maneira já está mudado, pelo menos na presença de Yamaguchi.

Relaxou o corpo por um momento, por ter certeza de que Tadashi o conhece tão bem, a ponto de não estranhar suas palavras — “ele é capaz de saber que são reais” —, mas a sensação reconfortante não durou muito. Sua expressão tensa logo voltou ao dar-se realmente conta de que tudo é recíproco. O que fará agora? Essa questão de fato está enchendo o quarto.