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Kei Tsukishima on

É, eu acertei, mas por que Sugawara está vindo em minha direção? Ele realmente me observou o dia todo, que patético! Não tenho nada para falar com ele, prefiro ouvir minhas músicas. Inclusive, onde estão meus fones?

     — Precisamos conversar sobre uma coisa. — Suga disse sério, interrompendo quaisquer planos que eu estava montando para ficar em paz nesse breve intervalo.

     — Isso tem que ser agora? — digo com displicência.

     — Sim, eu estou ficando um pouco preocupado com o Yamaguchi… — ele fala mudando o seu tom suave para um desanimado e com preocupação.

Eu ouvi “preocupado com o Yamaguchi”? O que isso significa? Ele me parece bem.

     — Não vejo motivos para isso, ele me parece igual a todos os outros dias. — falei sem demonstrar que alguns pingos de curiosidade já caem em minha consciência.

     — Tsukki, eu não estou falando do físico dele, é sobre o seu psicológico. Você não percebe o jeito que ele te olha? Parece meio triste, não percebe isso? Há quanto tempo vocês são amigos? — ele fala em um tom de decepção, como se me explicasse uma situação óbvia.

     — Acredito que a uns 6 anos… — falo enquanto penso na outra pergunta, a qual ainda não sei uma resposta, e por mais que isso justifique um “não”, prefiro evitar voltar àquele assunto.

     — E você o conhece do mesmo jeito que ele conhece você? Já parou para reparar um pouco no Yamaguchi? Ele parece saber lidar bem com você, mas percebi que quando estão juntos ele fica meio inquieto, como se quisesse falar sobre algo, mas não vê abertura para isso. — essas palavras saíram em um tom tão natural e, ao mesmo tempo interrogativo que me incentivaram a pensar verdadeiramente sobre isso.

Reparar no Yamaguchi… eu nunca vi necessidade nisso. Ele realmente sempre soube lidar comigo, nunca chegou a me perturbar, então acabei deixando ele na minha vida. Sua presença não me é um incomodo como a maioria das outras pessoas, mas não sei o que isso pode significar.

     — Eu não sei onde você quer chegar com essas perguntas. — falo enquanto direciono meu olhar para ele, percebendo que estas palavras o deixaram pensativo — Ele por acaso te falou alguma coisa? — tento parecer o mais indiferente possível, por mais que está conversa esteja, pela primeira vez, me deixando nervoso e cogitativo.

    — Eu não vou chegar a lugar algum, vocês que vão. — Ele sorri, como se estivesse satisfeito.

     — O quer dizer? — falo um pouco curioso, mais do que eu realmente queria demonstrar.

     — Você vai descobrir sozinho… — sorriu ladino e levantou-se — Mas o meu conselho, Tsukki, é que você experimente olhar o Yamaguchi uma segunda vez. — piscou e virou de costas, indo em direção a Daichi que agora estava sentado.

O acompanhei com o olhar por ainda estar em choque, até que vejo Tadashi em minha frente, logo percebo a minha expressão insatisfeita já que a conversa com Sugawara não foi nada objetiva. Disfarço minha frustração.

Kei Tsukishima off

Tadashi Yamaguchi on

Suga está falando com o Tsukkii? Eu acho que nunca vi isso antes. Andei um pouco mais rápido para tentar ouvir algo, mas o Suga já não estava lá quando cheguei.

O tsukki parece preocupado, o que será que estavam conversando para deixar ele assim?

     — Eei Tsukkii, está tudo bem? O que o Suga te disse? — tento não parecer muito curioso, mas o entusiasmo na minha voz sempre está presente.

     — Nada de mais. — ele fala sério e como sempre, respondendo apenas uma pergunta.

     — E 'ta tudo bem? Você parece… diferente. — insisto.

     — Está, agora deixe-me ouvir a música. — ele fala mais baixo que o normal.

     — Você tem certeza? — insisto pela última vez. Alguma coisa está errada, e eu sou curioso.

     — Yamaguchi! — diz um pouco bravo e olha-me nos olhos tão intensamente que meus pensamentos já vieram automaticamente, “cala a boca, Yamaguchi” como ele sempre faz, mas por que só falou meu nome dessa vez? Pensando bem, ele não está sendo tão grosso, mas não vou insistir mais.

     — Desculpa, Tsukkii. — Sorrio, sentando ao seu lado. Realmente gosto de dizer isso, por mais frio que pareça, para mim, soa como palavras de afeto, como se estas duas frases já tradicionais em nossas bocas, trançassem um fio que nos mantém conectados, como algo apenas nosso.

Tadashi Yamaguchi off

Logo o treino começou e mais tarde os meninos seguiram para suas casas, cada um perdido em seus pensamentos, sendo alguns sobre melhorias para o treino e outros para os jogos que estavam próximos. Entretendo, dois garotos fugiram desta linha, compartilhando do mesmo tipo de raciocínio.

Os dois amigos, que agora encontram-se cada um em frente a própria casa, cessaram os passos antes de adentrar a residência, encarando o céu sob suas cabeças, admirados com a beleza e perplexos a respeito de seus próprios pensamento. Suspiraram de alívio pelo final do treino, mas logo voltaram a olhar para a porta em suas frentes, sentindo seus corações baterem mais fortes pelo questionamento intenso que invadiu suas mentes em perfeita sincronia.

Eles passarão uma boa quantidade de horas pensando sobre aquilo, até que durmam interrompendo as suas complexas linhas de raciocínio. Isso não seria necessário se soubessem o quão próximo estão das respostas, mas o novo sempre é confuso.

     — O que eu realmente sinto por esse cara?

Experimente Olhar Uma Segunda VezOnde histórias criam vida. Descubra agora