Quatro Batidas No Coração

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Sábado, 8:52 am.

Tadashi acordou mais cedo do que desejava, já que tinha programado seu despertador para tocar às 9:30 da manhã. Em dias comuns, Yama não conseguiria ficar muito tempo na cama após acordar, mas esse não é um dia normal, não para ele.

É uma manhã fria. O céu nublado indica que a chuva fina irá permanecer pelo resto do dia. Com a preguiça o dominando, decidiu ficar no conforto de sua cama até que o relógio marcasse o horário decidido na noite anterior. Enquanto isso, permaneceria no calor de suas cobertas, pensando.

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10:00 am.

Quando o celular de Kei tocou pela primeira vez, avisando que já estava na hora de se levantar, o garoto começou a repensar a importância das tarefas que faria pela manhã.

Ele sempre preferiu o clima frio, principalmente por alimentar cada vez mais a sua vontade de ficar na cama o dia inteiro. As gotas de chuva que batiam em sua janela, complementavam o cenário ideal para dormir, mas ainda faltava a peça final.

Foi pensando nesse pequeno vazio que Tsukishima se lembrou de seus planos para o dia. Com mais 10 minutos de preparação o loiro conseguiu levantar. Ainda pestanejando, colocou seus óculos e foi em direção ao banheiro para fazer sua higiene básica. Em seguida, desceu as escadas e foi se servir do café que já estava pronto. Sua mãe que estava no cômodo ao lado percebeu os barulhos.

     — Bom dia, filho. — disse se levantando um pouco do sofá e o olhando pela abertura na parede que permitia ver a cozinha pela sala e vice-versa.

     — Bom dia. — o garoto responde enquanto se senta no banco do balcão presente no cômodo.

     — Fiz torradas para você, estão ali. — ela aponta para o pote verde que está em cima mesa. Sua mãe sabia das suas preferências, tomar um café da manhã tradicional nunca foi de seu gosto, preferia algo mais leve.

     — Obrigado. — Tsukki agradece, se levantando para pegar o pote.

Enquanto tomava seu café puro, devaneou novamente sobre seu — até então — amigo.

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15:14

Kei está a mais de uma hora sentado em frente a sua escrivaninha. A atividade de arte, por mais que deva ser abstrata, sempre lhe parece horrível e nessa busca pela perfeição, já se foram dezenas de esboços.

Qual foi mesmo o conselho da professora?”

“Vocês têm que colocar o coração no papel, deixem apenas ele trabalhar. Não pensem muito, a mente só lhe trará imagens prontas, coisas já analisadas antes. Fechem os olhos, sintam… e desenhem!”

Quando lembrou dessas palavras, começou uma nova tentativa, dessa vez, de olhos fechados. Ao terminar, olhou para o desenho e se surpreendeu por lembrar de Yamaguchi. Apesar de não haver uma semelhança concreta, o desenho fora feito com o coração, e o que mais estava presente nele eram os sentimentos por Tadashi.

Não demorou muito para que Kei chegasse a essa conclusão, e em questão de segundos ligou as palavras de sua professora com as de Sugawara, obtendo um resultado.

Esse tempo todo esteve analisando Yamaguchi uma segunda vez, mas da mesma forma que antes, com a mente. As observações precisas que fez sobre seu amigo, os detalhes físicos que pode descrever ser precisar confirmar, as expressões faciais que o deixaram tão curioso… coisas que foram olhadas somente com os olhos, pelo simples hábito de procurar a lógica. Não era isso que ele tinha que fazer, não era para repetir ou confirmar todas as características que já havia percebido. Era para olhar e sentir, deixar que somente o coração trabalhasse, experimentar de novo a sensação de o estar conhecendo.

Experimente Olhar Uma Segunda VezOnde histórias criam vida. Descubra agora