Agora nem mesmo fora da quadra o silêncio está presente. Os garotos treinam o ataque enquanto Sugawara e Kageyama fazem os levamtentos em lados opostos da rede, e Nishinoya recebe de manchete as bolas que passam pelo bloqueio de Tsukishima.
Quando chegou a vez de Yamaguchi atacar, ele se distraiu ao ver a expressão facial de Tsukki em sua frente – “ele fica lindo quando está concentrado”. Seus olhos negros passaram pelos dourados e neles se estabilizaram, pois, os mesmos também lhe observavam sem receio. Nesse momento não havia mais um bloqueio e nem mesmo um ataque, eles apenas estavam ali, se olhando, compartilhando a mesma sensação.
Desejo, o sentimento que mais estava presente naquela quadra, a dupla que agora estava com os pés no chão, exalava isso. Entretanto, também haviam outros complementos naquele ambiente, pessoas desejando outras, coisas que seriam esclarecidas daqui a um tempo – ou não –, mas o mais forte vinha dos dois garotos que a segundos atrás competiam pela bola, e que agora lutavam com seus próprios sentimentos.
Esse momento durou poucos segundos, apesar de ter parecido uma eternidade. Os dois voltaram a realidade quando a bola caiu na cabeça de Yamaguchi, provocando algumas risadas e um gemido baixo de dor e susto. O garoto de cabelos verdes agora estava corado e se perguntando sobre o que acontecido ali, mas não se deixou levar por pensamentos e saiu de perto da rede, dando espaço para o novo atacante. Tsukishima logo voltou a realmente bloquear as bolas, como sempre fez.
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Fim do treino.• Koshi Sugawara on
Estava trocando de roupa na sala do clube quando me despedi de Asahi e Noya, agora felizmente só resta eu e o Daichi aqui. De certa forma isso é novo, já que ele sempre termina de se trocar antes que eu e vai esperar lá fora, mas dessa vez ele está curiosamente mais lento.
— Está tudo bem Daichi? Está com uma cara horrível. — falei diretamente, já tínhamos intimidade o suficiente para não ficar de enrolação.
— Minha cara está horrível? — ele fala soltando um sorriso de lado, fingindo não ter entendido.
— Você entendeu, sua expressão está horrível, o seu rosto é bonito. — falei rápido e sem pensar, nós dois estamos um pouco corados agora. — M-mas está tudo bem? — volto ao foco da conversa.
— Sim, está. — diz sem me olhar nos olhos, ele faz isso quando quer esconder algo, não é bom em mentir.
— Então qual é o motivo desse desânimo todo? — me sento ao seu lado, o banco é pequeno então estamos bem próximos. Me permito analisar seu corpo discretamente enquanto ele pensa na resposta.
Já o vi apenas de cueca milhares de vezes aqui nessa sala, mas nenhuma delas foi tão desconcertante como essa, mesmo que a única peça de roupa que lhe falte seja a camiseta.
Uma breve definição do corpo de Daichi seria “perfeição”. Todos os músculos são bem definidos, mas não como nada exagerado, apenas o suficiente para que ele pareça forte e resistente… será que é forte e resistente em outros aspetos também? Não, não deseje isso agora, você está ao lado dele! Bom, seus olhos exalam confiança e otimismo, características que estranhamente não estão presentes agora, (olho para suas mãos que estão apoiadas em suas coxas) suas mãos são consideravelmente grandes e aparentam ser macias, como será o toque dele?
— Suga? — escuto sua voz em um tom de dúvida, subo meus olhos que vão diretamente ao encontro dos dele.
— Sim? — respondo com inocência.
— O que você tanto quer com o Tsukishima? — ele me surpreende com essa pergunta, fico sem reação até achar um sentido para tal dúvida. — Você tem falado bastante com ele ultimamente.
— Eu não quero nada em especial, só estou preocupado com algumas coisas. — sem querer desviei o olhar. Por mais inofensivo que ele seja, eu não posso contar sobre a paixão de Yamaguchi, prometi que não falaria nada.
— Preocupado é? — ele diz abaixando a cabeça.
— Por que a pergunta? — falo calmamente, mas ele não responde. — Daichi o que você tem?
Isso poderia ser ciúmes? Por que ele ficaria triste com isso? Não faço ideia da resposta, mas estou ficando nervoso.— Suga… eu só estou pensativo, ta bom? Está tudo bem. — ele diz enquanto levanta e finalmente põem uma camiseta. O observo pegar suas coisas e antes que abrisse a porta eu o chamo. Não acredito que iria sair assim!
— Daichi, espera! — ele retira a mão da maçaneta e vira-se para mim, agora estou de pé em sua frente.
— O que foi? — seu tom foi tão seco que me atingiu diretamente onde eu não queria que interferisse nessa conversa, o coração.
Em questão de segundos eu me lembrei dos meus conselhos para Yamaguchi e agora meus olhos estão cheios de lágrimas, como um gatilho sobre a minha incapacidade.“Você tem que tentar… vai viver com esse arrependimento até quando?”
Agora eu percebi, isso não serviu só para ele, serviu para mim também. Eu preciso arriscar as coisas, mas perceber isso estando em meio a melhor oportunidade, é realmente difícil.
Por mais que eu tente esquecer isso de novo, meu corpo não obedece mais. As palavras que venho engolindo a um ano, já não querem mais voltar para dentro, eu preciso falar isso, mas agora a única coisa que consigo fazer é chorar.— Suga… desculpa, eu não quis ser grosso. — parece arrependido.
— N-não foi isso D-Daichi… — falo enquanto controlo minhas lágrimas e tento criar coragem.
— O que é então? O que está acontecendo com você? — ele fala em um tom não tão gentil, mas não o culpo, eu realmente mudei esses dias. — Está me deixando preocupado… sabe, eu… — diz um pouco mais calmo e baixo que o normal, despertando curiosidade em mim.
Porém, eu finalmente estou no controle do meu corpo e com coragem para lhe dizer, sem mais nem menos, os meus sentimentos.
Levanto minha cabeça o olho nos olhos, ficando mais uma vez nesse intenso contato visual. Estamos frente a frente agora, a mais ou menos um paço de distância.(Ambos suspiram)
— Daichi, eu quero te falar uma coisa. — tento parecer confiante, fracassei nisso.
— Por favor, diga. — me incentiva.
— E-eu… — começo a falar, mas minha concentração é interrompida pelas mãos de Daichi que agora estavam em contado com as minhas em um suave toque – elas são realmente macias. Ele aproxima-se um pouco, ainda olhando em meus olhos.
— Eu gosto de você. — ele diz essas palavras com segurança, sinto que realmente há verdade nelas. Meu coração dispara, mas me sinto confortável.
Eu não consigo mais conter o nervosismo e nem vejo mais motivos para isso. Deixo transparecer minha felicidade em um grande sorriso que agora estava estampado em seu rosto também. Eu não tenho mais que me preocupar, é recíproco e essa sensação é magnífica.
— Eu também gosto de você.
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Notas da autora:
Bom, o casal secundário sempre se resolve antes né hahahah
Espero que tenham gostado. No próximo capítulo veremos o ponto de vista do Daichi nisso tudo.
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Experimente Olhar Uma Segunda Vez
FanfictionYamaguchi é apaixonado por seu melhor amigo, mas é inseguro demais para admitir. Entretanto, uma oportunidade surge graças aos conselhos de Sugawara - algo que também serviu para si mesmo. Créditos da capa: @Moyasu (perfil do Spirit)