What is she?

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Ao nascer do sol, Tamlin lembrou que havia deixado em sua sala de jantar a visitante inesperada, ele voltou à sala onde a deixara sobre a mesa e se surpreendeu ao encontrá-la vazia, somente a manta ainda estava sobre a mesa. Ele seguiu as pequenas marcas de sangue seco até à cozinha da casa, onde encontrou a cavaleira dormindo sobre restos de comida estragada, só então ele lembrou que não pensava mais em coisas triviais como comida e banho, talvez um dia ele simplesmente caísse morto no chão,  não se importava, mas aquela mulher estava mesmo lutando para sobreviver. Tinha uma motivação certamente, coisa que Tamlin não sabia o que era já há um tempo.
"Que estúpida", ele pensou, como se lutar por alguma coisa fosse pura tolice. Ele havia feito isso, lutara com todas as forças com o objetivo de salvar sua "amada", e sofreu amargamente por isso.
Ele então cutucou a guerreira com o pé para que acordasse, simplesmente esquecera como se tratar uma dama, ao que ela lentamente abriu os olhos, os semicerrando, talvez pela luz ou pela dor, não importava, ela teria que ir embora naquele instante, já fizera demais por ela, não queria ninguém a procurando em sua propriedade.  Quando a mulher o encontrou com os olhos, tomou um susto, se movendo bruscamente e depois fazendo uma careta de dor.

-Peço que vá embora, já está bem o suficiente para partir.

A mulher o olhou com uma fúria mortal, como se fosse o matar ali mesmo naquele instante.

-Acha que sou um cão para me acordar aos chutes?

-Não sei quem é ou o que é, não me interessa, só quero que saia.

-Se eu pudesse sair, acredite, já estaria muito longe agora.

Ela falou com tamanha raiva que uma faísca de luz azul celeste brilhou em seus olhos nesse momento. Tamlin apenas franziu a testa pensando, "seria ela feérica?". Não tinha aspecto de uma, na verdade se parecia muito com uma humana, mas aquele pequeno brilho em seus olhos mostravam o contrário, assim como a magia que ela usara contra as bestas que a atacaram. Ao ver a confusão nos olhos dele, a mulher apenas baixou os olhos e a cor natural lhes voltou, um castanho claríssimo. Ele também a observou melhor à luz do dia: seus cabelos tinham um brilho dourado ao longo dos cachos muito volumosos. Era muito musculosa, via-se de longe que era uma guerreira, sua pele como já tinha constatado, era cor de mel, quase da mesma cor de seus longos cabelos. Era de longe a mulher mais bonita que ele já tinha visto, mesmo machucada, suja e com olheiras profundas, ele percebera. Não se parecia em nada com ela, ele detestou o pensamento, a comparação, porquê ainda se dava o trabalho de pensar nela, quando provalvemente nem se lembrava da existência dele...

-O que tanto olha? Nunca viu uma mulher na vida? Que pergunta estúpida a minha, a resposta claramente é não.

-Vá embora!

-Não consigo, não até que minha magia volte, então terei o prazer de deixá-lo aprodrecer aqui sozinho. Falou entre os dentes.

Um grunido, foi a única resposta dele. Mas ela confirmou que possui magia, então o que seria ela? O resultado de alguma união entre humano e feérico? Não importa, que fique então. Foi o pensamento de Tamlin. Ele apenas deu as costas e a deixou na cozinha, voltando ao seu lugar de sempre.

O Grão Senhor sem Corte (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora