Today

102 9 4
                                    

Minha tentativa frustrada de voltar para casa no dia anterior, resultou numa forte  dor de cabeça,  o que me impediu de sequer tentar novamente. Então me coloquei a procurar esse homem misterioso e carrancudo, se ele me queria fora, que me ajudasse a sair então. Se ele possuisse qualquer tipo de magia ele poderia talvez me enviar de volta para o acampamento, de volta para ela...
Comecei saindo da cozinha e andei pela casa até encontrar um tipo de escritório onde só encontrei destruição, voltei para a grande sala e encontrei uma segunda com uma escada que provavelmente daria nos quartos, assim comecei a abrir portas e mais portas e nada,  não encontrava o homem, uma das portas estava trancada, mas ao que parece não havia ninguém. Observei vestígios do que seria tinta, próximo à maçaneta, com certeza ele não estaria ali, ele não fazia mesmo o tipo artista. Então por fim o encontrei de pé em um dos quartos, olhando para o jardim, tentei chamar sua atenção pigarreando umas três vezes mas ele sequer se mexeu.  Falei, mas era como se estivesse surdo, peguei então um pedaço de construção, talvez do teto e jogeuei em suas costas, só assim ele pareceu acordar de seu transe e olhou para mim. Desprezo foi o que vi em seus olhos, mas tudo bem, eu também não era lá sua grande fã. Ele me olhou de cima a baixo, constatando talvez o quanto eu estava suja, mas ele também não era um referencial de limpeza.

-Me ajude a sair daqui!

-Apenas vá embora.

-Não consigo sozinha, minha magia está fraca. Fui envenenada e preciso voltar para ajudar os meus.
Nenhuma resposta.

-Ei! Você me ouviu? Preciso voltar hoje mesmo.
Silêncio.

-Qual é o seu problema? Você me quer fora, eu quero sair, porquê infernos não me ajuda?

-Não posso ajudar.

-Você tem uma grande propriedade, poderia acolher tantas pessoas que estão nesse momento sem um lar.

-Como você por exemplo?

-Não só como eu, mas como tanras outras pessoas...
Minha voz saiu como um sussurro.

-Eu gostaria de ajudar, mas não posso.

Não insisti mais.

-Só preciso de um portal para casa, o mais rápido possível! Me ajude!

-Não posso ajudar. Apenas vá!
Uma puta palavrão foi minha resposta. Que homem mais amargo, mais eu não desistiria, não até voltar pra casa.

-Você não tem idéia do que passa além dos seus escombros tem?

Silêncio. Talvez nem ao menos tenha me escutado.
Então saí mancando do quarto e retornei ao jardim, para mais uma tentativa falha.
Quando conseguiria finalmente voltar? Uma semana se passou de tentativas, a comida acabara, estava ficando fraca novamente.  Não podia mais perder tempo. Hoje eu deveria a todo custo voltar para casa.

O Grão Senhor sem Corte (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora