Capitulo 26

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- Ashley?- escutei alguém chamar meu nome.
- Só mais dois anos- levantei uma mão.
- Você não vai ficar aqui dormindo por mais dois anos, porque nem com sono você está.
Sorri.
Era verdade.
- Ah- me levantei.
- Está todo mundo nos esperando lá para caçar- ta, como se isso fosse possível.
- Está todo mundo no saguão do hotel, Cris- fui para o banheiro me arrumar.
Abri o armário do quarto e peguei um shorts preto, uma blusa rendada vermelha e um salto vermelho. Andei até onde estava minha bolsa e peguei meu óculos branco da Chanel que estava dentro dela.
- Vamos- andei até Cristhian.
- Uau- ele veio em minha direção- desse jeito vai conquistar todos os homens do navio. Jason vai ficar com ciúmes.
- Cala a boca, Cristhian.
Chegamos ao salão. Havia muitos marinheiros e trabalhadores correndo de um lado para o outro. E uma multidão se aglomerava em volta do capital. Todos estavam assustados e não paravam de sussurrar para saber o que havia acontecido.
O capitão pegou o microfone e bateu nele duas vezes para saber se estava funcionando.
- Senhoras e senhores, por favor, mantenham a calma- ele abaixou as suas mãos lentamente.
- Como vamos manter a calma se você não nos diz logo o que está acontecendo?- um homem gordo, calvo e que aparentava estar na meia idade, gritou.
- Calma- o capitão ficou mais severo- eu vou explicar tudo.
- Ali- Cris colocou a mão em meu ombro e apontou para onde os outros quatro estavam.
Tirei meu óculos e coloquei-o em minha cabeça enquanto íamos até eles.
- Vocês estão escutando isso?- Katherine disse atônita.
- Calma, Kate- Cristhian a provocou- parece até que tem medo de humanos.
- Claro- ela revirou os olhos- até porque eu nunca fui humana.
- Gente, shh- Emma colocou o indicador nos lábios.
- Quatro de nossos passageiros foram assassinados- o capitão continuou- e jogados no mar junto com o copiloto.
Descobrimos porque um homem estava boiando, morto. E nossos trabalhadores foram investigar mais adentro no mar.
Droga, Katherine jogou o marinheiro sem colocar os pesos.
Todos soltaram suspiros assustados.
- E quem é o assassino?
- Como nós podemos ficar seguros?
- Estamos correndo perigo e o que vocês vão fazer?
- Se acalmem- o capitão disse novamente.
Enquanto nós simplesmente olhávamos para tudo. Eles nunca iam saber quem era o assassino, mas estavam seguros.
- Não nos peça para ficarmos calmos- disse o homem de meia idade, mais nervoso que antes.
- O que vamos fazer?- Katherine olhou para nós.
- Eu tive um ideia- Jason disse.
- O que você vai fazer?- ela perguntou com insegurança.
Ele olhou em seus olhos.
- Kate, você confia em mim?
Ela assentiu.
- Então fique tranquila.
Jason deu um passo para frente, ficando mais perto de onde o capitão estava.
- Eu estava indo para lá refrescar a minha mente- a atenção foi voltada para ele- e quando eu cheguei, ele estava matando aqueles homens.
- E porque você não disse nada?- um homem alto perguntou.
- Eu chamei, mas ele acabou morrendo também- ele abaixou a cabeça como se aquilo fosse um trauma a ser superado- eu fiquei vendo o que ele ia fazer depois e eu o vi se jogando no mar. Foi por isso que vocês ouviram gritos- ele olhou em volta.
Eu olhei para Cris e ele juntou as sobrancelhas para mim. Acho que não tínhamos chegado quando alguém mencionou que escutou gritos.
- Então ele está morto?- uma mulher baixinha e magrela olhou para Jason, sem acreditar muito.
- Foi o que eu disse.
- E como vamos acreditar que você não é o assassino?- ela ergueu o rosto.
- É, meu amor- ele disse com ironia- não dá para saber. Todas as Minhas testemunhas estão mortas. Mas se alguém mais morrer, considerem que eu sou o assassino- ele colocou seu Ray Ban e saiu do saguão.
Eu fiquei lá parada, vendo as pessoas se retiraram um pouco aliviadas, mas sem acreditar em tudo por completo. Comecei andar até o deque, onde tudo isso havia acontecido.
- Tem certeza que quer ficar aqui sozinha? De novo?
Virei-me.
- Oi Emma.
O sol estava quente em nossa pele e iluminava todo o lugar imenso de madeira polida. Algumas nuvens se movimentavam no céu é o vento estava fraco, mas gelado.
- Desculpe não ter ido para o quarto ontem- ela veio ao meu lado e se apoiou na barra de metal.
Suspirei.
- Tudo bem.
Olhei as ondas do mar, que estavam claras e refletindo o brilho do sol. As ondas estavam calmas e batiam no navio.
- Não aconteceu nada entre mim e Jason, se é isso que você quer saber- ela se virou para mim, mas eu continuei com meus olhos fixos no mar.
- Não importa- dei de ombros.
- Você não pode ter parado de gostar dele por simples palavras que ele te disse.
O céu estava claro e o vento balançava meu cabelo.
Eu não podia ter parado de gostar dele, mas eu podia ter parado de correr atrás dele. De querer saber tudo sobre ele.
- Algumas palavras usadas de uma certa forma deixam descer simples.
- Ele me falou tudo- ela percebeu que eu não ia me virar para ela, então ela continuou observando o mar.
- Não importa.
- Quer parar de dizer isso?
- Não.
- Ele gosta de você- ela começou a insistir nisso.
- Não!- gritei- ele deixou bem claro para mim que ele sente alguma coisa por Anna.
Por mais que eu não saiba o qual o tamanho do seu sentimento por ele.
- Ela é bem vaquinha, né?- dei risada. Ela disse isso de uma forma ofensiva, mas pareceu tão inocente- sai com Cristhian e se apaixona pelo Jason.
- Emma!- arregalei os olhos. Quando me virei para ela, ela estava vendo as suas unhas.
- Ta, desculpa- ela abaixou a mão- mas como você acha que me senti quando Cris saiu com ela?
Eu entendi onde ela queria chegar.
Mas mal sabia ela que Cris havia saído com Anna só para fazer ciúmes para ela.
- É diferente- encolhi os ombros- o Cris não está apaixonado por ela.
- E Jason também não- ela cruzou os braços e bateu o pé.
- Isso está na cara.
- Ah, para de falar o que está na cara como se você soubesse tudo?
Me virei para ela, ficando nervosa.
- E eu não si?
- Não- ela quase girou- o Jason gosta de você, isso está na cara- ela apontou para o nada- você gosta do Jason, isso está na cara. Vocês dois são idiotas por não perceber isso quando todo mundo percebe que isso está na cara. Você está perdendo ele para uma humana e isso está na cara! Porque você o deixa livre- ela gritou na última frase.
Se meu coração pudesse acelerar, acho que agora já teria dito uma parada cardíaca. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu cerrei meus dentes e fechei meus punhos, tentando conter a raiva.
- O que?- franzi a testa.
- Não esquece- ela percebeu o que havia acabado de dizer e se arrependeu- eu só...
- Só falou a verdade. Só falou o que ele deve ter te dito ontem.
Ela passou a mão nas têmporas.
- Não. Ele me disse que ele gosta de você, mas disse que a Anna é adorável e não pode deixar de sentir algo por ela.
Respirei fundo.
Fui andando em direção a saída, deixando meu corpo me guiar.
- Aonde você vai?
- Sair daqui- parei de andar- esquecer tudo isso. Esquecer que ele existe, esquecer dessa maldita viagem, esquecer dessa minha vida, esquecer de todos!
- Não- ela segurou meu braço- a gente não tem culpa que Jason gosta dela.
- Emma, tudo bem. Eu não vou esquecer vocês de verdade. Por mais que todos pensem a mesma coisa que você- olhei para o piso.
- Do que você está falando?- ela me soltou.
- Todos vocês acham que eu estou perdendo Jason para uma humana- dei uma risada abafada- quem diria que eu iria perder para uma humana, né?- abri um pouco os meus braços, depois voltei a andar.
- Não, Ash. Não foi isso que eu quis dizer- ela parecia um pouco chateada.
Dei de ombros e continuei andando. Eu não queria mais continuar aquele assunto.
Fui até a lanchonete e me sentei em uma cadeira.
- Está perdida?
Olhei para o lado e vi um loiro alto, com cabelos enrolados e olhos azuis.
- Perdida em um navio?- fiz uma careta.
- Perdida porque você está sozinha- ele colocou as mãos em cima de uma cadeira.
- É... Bem que eu queria estar perdida- virei os olhos.
- O que você está fazendo?- ele se sentou ao meu lado.
- Ahn...- caramba, ele não é bom com perguntas.
- Ta, já vi que essa não foi uma pergunta boa- ele coçou a cabeça.
Apenas concordei.
- Olha- toquei em seu braço- vou te ajudar. O que você veio fazer aqui?
- Estou indo para o Canadá- ele sorriu.
Fiz uma pausa.
- O que você veio fazer aqui ao meu lado?- corrigi.
- Ah, sei lá. É que é raro ver uma menina linda assim sozinha.
- É, mas você não iria querer me conhecer- comecei a mexer no canudo do meu suco de laranja.
Ele ficou confuso.
- E porque não?
- Sério, não sou boa companhia- me aproximei- e papai e mamãe não iriam gostar de mim- fiz beicinho.
Ele sorriu novamente. Ele parecia ser uma pessoa legal, um amigo.
- Meu nome é Matt.
- Ashley- sorri e me levantei- eu preciso ir agora.
Ele abaixou a cabeça, parecendo abatido.
- Mas eu não disse que não podia vir comigo- sorri maliciosamente.
- Ok, eu vou com você- ele se levantou e seus olhos brilharam- senhorita "não sou boa companhia". Aonde é o seu quarto?
- Espere aí- levantei a mão- quem disse que vamos para o meu quarto?
- Não vamos?- ele inclinou a cabeça.
Não respondi. Apenas segui pelo corredor, segurando sua mão para o guiar. Quando chegamos, eu peguei a chave e destranquei a porta.
- Esse é o meu quarto- fiz menção para ele entrar- idêntico a de todos os outros neste navio- balancei os ombros- nada demais.
O quarto era estilo ano sessenta. Com quadros com bordas douradas espalhados por todas as paredes. As paredes eram um tom mais claro de vinho, tinha tapetes pretos no chão, um frigobar antigo e uma sal de estar com uma televisão embutida, sofás de couro e um espelho imenso em uma das paredes.
- Você tem namorado?
Tirei a mão de meu bolso.
- O que?
Ele apontou para a cama de casal no meio do quarto.
- Não, não- balancei a mão- eu divido essa cama com minha amiga.
Ele tentou esconder o riso.
- Para! Não é isso que você está pensando. Como a gente comprou as passagens de última hora, não dava para mudar de quarto.
Eu não ia falar que era para eu estar dividindo essa cama com Jason.
Ficamos parados ali por um instante, sem dizer nada.
Olhei para o quarto inteiro, sem saber o que falar.
- Quer alguma bebida?- sugeri.
Ele assentiu.
Fui para o frigobar e olhei todas as opções.
- Só tem vodka, champanhe, vinho e... Energético. Não tem muitas opções.
- Vinho- ele disse.
- Boa escolha- peguei dois copos e despejei o líquido, entreguei um para ele.
- Veio sozinho?- tomei um gole.
- Não, vim com duas amigas e dois amigos.
- E cadê eles? Porque você estava sozinho lá embaixo.
- Namorando- ele revirou os olhos.
- Ficou sozinho- brinquei.
Ele suspirou e mordeu o lábio.
- Não era para eu ficar- ele bufou.
- Como assim?
- Fizemos essa viagem para eu pedir a Britany em namoro- ele se sentou na cama- mas o idiota do meu amigo também está apaixonado por ela.
- Seu amigo?- dei risada- uau. Se gostar da mesma garota que você pode ser considerado seu amigo- virei os olhos. Ops. Falei demais- desculpa- tapei minha boça- falei demais.
- Não, tudo bem. Andrew não é tão meu amigo assim- me sentei ao seu lado- mas eu queria mostrar para ela que não preciso mais dela, que estou bem sem ela.
Tive uma ideia.
- Então...- me aproximei dele, ainda mais animada. Se tem uma coisa que eu gosto é vingança- hoje à noite. No baile de gala. Você me apresenta para seus amigos como uma suposta namorada, mas não é nada sério. Porque você quer curtir sua vida. Pegar, mas não se apegar a ninguém.
Falando assim até parecia que eu seguia meus conselhos.
- Perfeito- ele sorriu mais uma vez.
- Te encontro hoje, que horas meu amo?- dobrei os joelhos e fiz uma reverência.
- Eu passo aqui às 7h30.
- Fechado- bati em sua mão- venha com seu melhor traje.
- Pode deixar- ele se levantou e foi para a porta, mas parou e deu meia volta. Vindo em minha direção e me puxando para me dar um beijo.
Eu não sabia que ele ia fazer isso, então não teve como eu me afastar. Mas eu havia gostado... Não teve problemas.
- Podíamos começar com nossa farsa agora, não acha?- ele disse e me beijou mais uma vez.
Me afastei para respirar.
- Agora não é farsa- mordi seu lábio e o beijei.
Ótimo. Uma vampira vai supostamente namorar um humano. Até que vai ser bom me vingar de Jason. Só um pouquinho.
Eu desabotoei sua blusa e comecei a tirar o meu salto, como ele fez com seu sapato. Ele me beijou novamente e me empurrou até a parede e tirou minha blusa. E eu fiz o mesmo com a dele, jogando-a no chão. Ele me pegou em seu colo e me levou para a cama.

blood Lines- O inícioOnde histórias criam vida. Descubra agora