Capitulo 18

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Os cinco caçadores estavam reunidos. O mais velho, o chefe de todos, está com um terno preto nas mãos.
- O que é isso?- perguntou o mais novo.
- É um terno- respondeu o chefe com chapéu de cowboy- hoje vai ter uma festa na escola Ches High School. Os vampiros vai estar lá e você vai- ele disse com autoridade.
- Não, eu não vou- o menino se apavorou- os vampiros vão estar lá.
- Mas tem muitos humanos. Eles não vão fazer nada com você- o chefe entregou o terno ao menino.
- Eu já disse que não vou- o menino jogou o terno no chão.
- Meu filho- um homem com cabelos grisalhos colocou a mão no ombro do menino- o David vai com você, você vai estar seguro.
O menino suspirou, derrotado.
- Mas vai haver um plano- o homem grisalho disse novamente.
- Qual?
- Você vai deixar os vampiros te perseguirem- o menino arregalou os olhos- eles vão te fazer muitas perguntas e você responda que é caçador de vampiros e que os lobisomens estão indo para o Canadá de navio.
- Mas eles estão aqui- o menino retrucou.
- Não, eles vão para lá hoje.
- Por quê?
- Querido Jordan, você tem que se arrumar não, é?- o chefe o encarou.
- Sim, Marrik- o menino pegou o terno e saiu da sala.
- Não precisa ser rude, Marrik- o homem com cabelos grisalhos fechou o rosto.
- Se ele souber mais do que o necessário, ele não sobrevive.
- E o que os vampiros fazem, então?- ele cruzou os braços.
- Hipnose- respondeu Marrik- para Jordan falar tudo que ele sabe. Quanto menos ele souber, melhor vai ser. Se ele souber que vamos levar os vampiros para em uma armadilha, para matá-los e entregar o sangue deles lobisomens, eles nos caçam e nos matam.
- E qual a garantia que meu filho irá sobreviver?- disse o grisalho com uma expressão severa no rosto.
- David vai estar lá para assegurar que ele saia a salvo.

Eles ficaram alguns minutos em um silêncio profundo.
- Agora me diga o motivo pelo qual os lobos estão indo para o Canadá.
Marrik concordou.
- Há séculos atrás os vampiros fizeram um acordo com os lobos de nunca mais virem a Londres se não, qualquer espécie poderia ser sacrificada- ele engoliu- os vampiros ate então não sabiam desse acordo, mas depois que uma das vampiras foi encontrada na floresta, eles procuraram sobre o assunto e descobriram. Então os lobisomens estão saindo para que não haja a guerra.
- Porque se eles souberem que os lobos já estavam aqui faz tempo eles vão acertar as contas- disse o grisalho, entendendo o assunto- então vocês vão fingir que os vampiros chegaram aqui primeiros e matá-los em nome dos lobisomens?
Marrik sorriu.
- Na verdade, se o plano der certo. Contamos a verdade e então acabamos com todos.

O salão inteiro estava com balões pratas, pretos e azuis. E tinha vários desenhos de máscaras grandes nas paredes, com algumas estrelas de metal para enfeitar.
No caminho para a pista de dança havia uma trilha com pedras e rosas vermelhas. Alguns casos grandes de vidro com flores brancas e um tapete azul de seda. Na pista de dança saia uma fumaça branca de uma máquina, o que deixava o lugar mais nebuloso e sinistro. O globo girava no teto e as luzes refletiam várias cores que brilhavam ao ritmo da música.
Estava passando pelas pessoas na pista, tentando chegar à secretaria, quando eu me senti sendo empurrada para trás e uma colisão. Alguém havia trombado em mim.
- Desculpa, desculpa- seus olhos mudaram de castanho para dourado e ele abaixou o rosto se virando e indo para outro lugar.
Na hora em que eu os vi, paralisei. A cena daquele dia voltou em minha mente, como eu não podia me lembrar do que havia acontecido lá? Eu não podia ter simplesmente pegado no sono e dormido no meio do nada.
Se eu não estivesse completamente assustada e o cheiro dele não fosse tão ruim, talvez eu tivesse corrido atras dele para resolver logo isso. Sua pele bronzeada, seus olhos castanhos claros, não dava para ver seu mais nada, porque ele usava uma máscara azul marinho.
Eu teria me interessado por ele se ele não fosse meu quase assassino.
- Ash, entraram dois meninos aqui que não são da escola.
Eu fiquei olhando para o lugar em que ele estava antes, sem me mexer.
- E-ele.
- Um estava com terno preto e outro cinza- Anna continuou.
Meu coração gelou novamente.
- Anna- quase gritei- eu o vi indo para lá- apontei para o lado direito- o lobisomem está aqui!
Comecei a correr para procurar os meninos, passando pelas pessoas que dançavam despreocupadamente.
- Você não sabe se ele é um lobo- ela veio atrás de mim, mas eu continuei correndo para sair da pista. Olhando para todos os lados para ver se eu os achava.
- Anna, uma pessoa normal não muda a cor do olho em segundos.
Olhei Katherine e Jason se aproximando.
- Aconteceu alguma coisa?- Jason me encontrou e segurou meu rosto.
- A gente não tem muito tempo- disse rapidamente- eu o vi. Ele está aqui.
- Onde ele está?- perguntou, olhando em meus olhos.
Passei a mão pelo meu cabelo.
- Ele está fugindo...- apontei para trás- ele usa um terno cinza e máscara azul marinho.
Pitter se aproximou.
- Como ele é?
- Pele meio morena, cabelos curtos, mas bem escuros- respirei fundo- não deu para ver muita coisa, ele estava com a máscara. Ele tinha olhos castanhos antes de ficarem dourados...
- A pergunta que Jason fez a minutos atrás- Pitter me encarava, sério- onde ele está?
Comecei a olhar em meio a multidão, tentando achá-lo, eu não sabia onde ele estava, não sabia o que ele queria aqui, não sabia o porque ele fugiu de mim. Se ele queria alguma coisa com a gente, não teria fugido.
Eu consegui vê-lo, sussurrando no ouvido de um menino com terno preto,
- Ali- apontei para ele bem no momento em que ele se virou para mim. Ele começou a correr.
- Vocês cuidem do menino de terno preto- Jason disse, correndo- a gente fica com o lobo.
- Jason, por mais que vocês estejam em maior quantidade, vocês não vão conseguir matá-lo.
Ele levantou o terno e me mostrou uma estaca de prata. Depois disso se afastou com Pitter.
Katherine olhava em volta tentando achar o menino de terno preto.
- O perdemos- disse.
A música estava animada, o que deixava tudo mais frenético.
- Não, ele esta indo para os corredores- disse Anna.
Começamos a correr. Estava tudo apagado. Só dava para ver os reflexos das luzes das pistas de dança batendo nos armários.
Emma nos viu e correu para nosso lado.
- Está tudo apagado. Não consigo enxergar nada- Anna reclamou.
- O que você está fazendo aqui, Anna?- Emma se virou para ela.
- Se eu pude ajudar no começo, agora não vou ficar parada.
- Não mesmo. Você vai voltar para o salão- a virei de costas e a empurrei na direção da festa- e fingir que nada está acontecendo.
- Ashley, eu vou ficar!- ela bateu o pé no chão.
- Não, você não vai- tentei manter a minha paciência.
- Olha Ashley, eu sei que você me odeia- a música eletrônica tocava ao fundo e dava para escutar algumas pessoas gritando, animadas- mas essas são as minhas decisões e eu vou ficar.
Me aproximei dela e coloquei a mão em seu rosto.
- Querida, entenda uma coisa, se eu te odiasse você já estaria morta- olhei fundo em seus olhos castanhos- ou te deixaria aqui para você morrer. Você não está brincando de esconde-esconde. Basta um descuido mínimo- estalei os dedos- e você morre, isso não é uma brincadeira. Você vai voltar para o salão, trancar as portas e fingir que nada está acontecendo.
- Faça isso, é melhor para todos- disse Katherine.
Ela bufou e começou a andar em direção ao salão. Quando chegou nos olhou e fez um aceno com a cabeça, antes de fechar as imensas portas brancas.
Começamos a andar silenciosamente pelo corredor.
- Shh- Katherine colocou um dedo na boca, se encostando em um armário.
Não fiquei assustada, porque era o cheiro de um humano, deveria ter saído para ir no banheiro, ou coisa do tipo. Apesar de eu ter pedido para Anna deixar todos lá dentro.
Escutamos um barulho como se alguém tivesse arremessado algo pesado contra os armários. E quando eu virei a cabeça para ver de onde tinha vindo o som, eu confirmei minha hipótese. Os armários estavam meio encurvados e para trás e havia um extintor de incêndio no chão.
- O barulho só pode ter vindo daquele corredor- apontou Emma para trás.
- Shh- Katherine disse de novo, colocando o indicador nos lábios. Ela começou a boa puxar para trás, ao longe do corredor. Íamos entrar na sala, mas como estava trancada e não havia tempo para quebra-lá, resolvemos ficar onde estávamos.
O menino de terno preto apareceu, andando lentamente como se estivesse perdido.
Emma começou a andar na direção dele.
- Emma fique aqui- Katherine sussurrou, segurando o braço de Emma.
- Katherine, eu não vou ficar!- ela se soltou.
- Ah, você vai sim- Katherine disse com autoridade.
- Ele é só um humano.
Eu vi Emma se afastar, indo para a direção do menino que a encarava com uma expressão nervosa no rosto.
- Olá queridinho, está perdido?- ela parou de frente para ele- a festa é para lá- ela apontou para o final do corredor.
- Katherine, eu não vou ficar aqui- eu sussurrei para ela.
- Desisto- ela apontou para onde os dois estavam- vá em frente.
Eu sorri maliciosamente.
- Você está com medo?
- O que?- ela quase gritou- lógico que não. Só achava melhor se nós tivéssemos algo em mente.
Balancei a cabeça.
- Ótimo. Aqui vai o plano: a gente vai lá e pergunta para ele o que ele quer é pronto, o hipnotizamos e o deixamos livre- ela não pareceu muito convencida- Ok, perguntamos o que queremos saber e depois o matamos.
Ela sorriu com uma expressão melhor no rosto.
- Gostei mais da segunda opção.
- Vamos logo que não temos tanto tempo- comecei a andar- daqui a pouco todos vão começar a desconfiar.
Chegamos até ele é paramos ao lado de Emma.
- Quem é você?- o encarei.
- Não é da sua conta- Emma estava pronta para falar alguma coisa quando ele se aproximou dela, cravando uma estaca em seu estômago. E então ele saiu correndo na direção oposta de onde estávamos
Katherine foi atrás dele, mas ele se virou e jogou verbena nos braços nus dela, e ela começou a gritar, deixando-o fugir.
- Não, não, não- Cristhian o jogou no chão.
Eu corri para onde Emma estava tentando respirar e secando aos poucos, tirei a estaca de seu estômago e a joguei longe. Passei a mão pelos cabelos de Emma e coloquei meu pulso em sua boca. Ela o mordeu e eu franzi o nariz, para não gritar de dor. Eu a senti sugando o sangue de minhas veias, até ela ficar mais forte.
- Obrigada- ela sorriu para mim e se sentou, limpando a boca.
- Isso que você fez não foi nada legal- Cristhian o levantou, seus olhos ficaram vermelhos e ele estava pronto para morde-lo.
- Não- gritei.
Me levantei e ajudei Emma a se levantar, correndo para o lado de Katherine.
- Você está bem?- vi seus ombros que estavam em carne viva.
Ela tinha uma expressão fraca no rosto, mas mesmo assim sorriu.
- Está doendo um pouco, mas estou bem.
- Cade o lobo?- Emma olhou para Cris.
- Nós o perdemos- ele pareceu meio nervoso, como se estivesse com raiva dele mesmo por ter falhado.
- Socorro! Socorro- o menino começou a gritar, o que foi um problema, porque as portas dos salões estavam começando a se abrir.
Jason caminhou lentamente até ficar de frente para ele e lhe deu um soco no estômago, fazendo o menino ir para trás.
- Isso é pela Katherine e isso- Jason deu outro soco nele- é por Emma.
Fiquei parada vendo o menino voltar a se recuperar.
- A pergunta que Ashley fez- Pitter tirou o terno- qual é o seu nome?
Ele não respondeu, simplesmente abaixou a cabeça. Cristhian ainda o prendia, segurando seus braços para trás.
- Jason, acho que esses socos foram muito fracos- Pitter sorriu ironicamente.
Jason mordeu o lábio e deu mais um soco nele.
O menino respirava com dificuldade e eu sentia seu coração batendo fortemente. Ele estava com medo, mas infelizmente não podíamos fazer nada.
- Nós perguntamos qual é o seu nome- Jason deu dois passos para trás.
Eu e as meninas ficávamos olhando tudo quietas, nosso trabalho por aqui já tinha acabado. Agora era a vez deles.
- Jordan- ele disse sem levantar a cabeça.
Pitter começou a examiná-lo. Mexendo em seu pescoço depois passando a mão pelas suas costas e suas pernas para ver se ele não tinha mais nenhuma arma contra nós.
Ele olhou de novo para seu rosto.
- Ele não é um lobisomem- concluiu.
E então, eu me lembrei que os lobos ficavam com olhos dourados perto da gente. A não ser que eles já estivessem acostumados com a nossa presença e sem intenção de caçar.
- Se eu não sou o que vocês procuram, então me deixem ir- ele implorou, passando seu olhar medroso por todos nós.
- Você é bem esperto, mas não- Jason olhou para ele, se divertindo- vamos levá-lo para casa. E se você- ele apontou para Jordan- não ficar quietinho, você morre.

blood Lines- O inícioOnde histórias criam vida. Descubra agora