Capitulo 9

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Jason estava sentado no telhado. Estava garoando, eu já tinha tomado banho e colocado uma blusa de frio preta com uma estrela prata no centro e calça jeans. Ele estava com uma jaqueta azul de moletom e jeans escuros.
Ele percebeu que eu havia chegado e se virou.
- Ah, é você.
A noite estava escura, e havia poucas estrelas no céu.
- Não precisa falar que você me odeia, porque eu já sei- ele não respondeu. Me sentei ao lado dele.
Respirei fundo antes de começar.
- Eu errei feio, né?
- Demais- ele concordou.
Fiquei alguns segundos em silêncio pensando no que eu poderia perguntar.
- Você realmente me odeia?
Ele me olhou, aqueles olhos tão perfeitos que são capazes de fazer meu coração voltar a bater.
- Eu nunca te odiei.
- Me desculpa por ter mentido pra você.
Ele me encarou, com uma sobrancelha levanta.
- Você mentiu para mim?
- Eu não queria falar para ninguém que eu não penso na minha vida no humana.
Isso me doía.
- Por que, Ash?
- Porque é a parte de mim que eu mais sinto falta. É horrível saber que eu nunca mais vou voltar a ser como eu era antes e isso que a coisa que mais me dilacera.
Ele ficou me olhando. E isso já bastava, porque era como se ele estivesse me dizendo que me compreendia.
Ele envolveu seu braço sobre meus ombros e minha cabeça se encaixou perfeitamente em seu pescoço.
- Você me desculpa?
- Como não desculpar?
Sorri. Fui inclinando a cabeça aos poucos até ficar de frente para eles. Fomos nos aproximando até meus lábios tocarem nos dele.
Lábios que queimavam meu corpo inteiro, que me davam pequenos choques a cada toque, até que ficou mais rápido, e os choques passaram a queimar o meu corpo inteiro. Era como se só existisse nós dois no mundo. E naquele momento, era só isso que eu queria.

- Então quer dizer que você escutou barulhos estranhos e a luz apagou do nada?- perguntou Pitter.
Concordei.
- E se fosse alguém tentando te assustar?
- Eu concordo com você, J- disse Cristhian.
- Eu também pensei nisso. Há uma possibilidade de ser a Barbie e a amiga cabelo de fogo.
- Barbie e a amiga cabelo de fogo?- perguntou Jason.
- Cristhian que inventou- apontei para ele dando risada.
- Obrigado.
- De nada- sorri.
- Olha só, você pode parar de tentar deixá-los tranquilos- Emma entrou na sala- Você me disse que a coisa era mais forte que você, você não conseguiu abrir a porta nem com toda a sua força.
Sem citar a energia estranha que eu senti.
- Ash, isso é sério- disse Jason.
- Gente- levantei um pouco as mãos- Por enquanto só existem hipóteses. A gente não precisa se preocupar, é só ficarmos mais atentos.
- Tudo bem, dessa vez você ganhou, Ash- Pitter sorriu.
Cristhian foi em direção à porta.
- Aonde você vai?- Pitter perguntou.
- Encontro- ele olhou para mim.
Eu achava que ninguém ia ficar sabendo.
Mas me lembrei que Emma estava sentada no sofá, sem expressão nenhuma no rosto.
Era para atingi-la.
- Com uma humana?
- Porque a dúvida, J?
- Queria saber- disse Jason- Ela vai ser o jantar?
- Ela é a Anna.
Dei um tapa em minha testa. Ele não precisava ter dito quem era.
Todos olharam para mim, franzindo a testa. Como eu fiquei quieta simplesmente os encarando eles voltaram a fazer perguntas para Cris.
Olhei para Emma, mas ela não demonstrava reação nenhuma, só continuava a analisar a suas unhas.
- Por favor, não me liguem. Eu quero curtir.
Suspirei.
Fui em direção a ele.
- Desce quando você gosta de curtir com humanos?- Emma perguntou cruzando os braços.
Puxei sua camisa e abri a porta.
- Desde hoje- ele disse.
- Tchau Cris- ele saiu e eu fechei a porta, aliviada.
- Enquanto ele se diverte a gente fica... Como mortos.
- Ashley! Desde quando precisamos dele ou de algum humano para nos divertirmos?- disse Emma ligando o rádio- Vamos curtir também.

Cristhian chegou a casa de Anna e foi em direção à porta.
- Ok, como é que os humanos fazem mesmo? Tentar tocar a campainha uma vez e não conseguir por vergonha, ficar pensando até resolver tocar, mas não conseguir de novo, se virar desistindo, até que desiste de desistir e toca a campainha- ele olhou em volta- e o que os vampiros fazem? Ah, espera aí... Eles tocam a campainha na primeira e única tentativa e esperam.
Quando ele ia apertar o botão, Anna abriu a porta.
- Falando sozinho?- ela perguntou, estava com um vestido branco de renda e um colete de camufla preto, seus cabelos pretos com reflexos dourados estavam presos em um rabo de cavalo bem feito, deixando só alguns fios soltos.
Cristhian deu de ombros.
- Você está linda- ele sorriu.
- Obrigada.
Ele apontou para o carro.
- Vamos?
- Claro.
Eles seguiram e foram andando pelo jardim.
Cristhian a levou até um restaurante que tinha mesmas com toalhas cor de creme e show ao vivo, tocando uma música country.
Depois de eles fazerem seus pedidos, Anna resolveu falar.
- É muito legal da sua parte ter me trazido aqui- tão educada- esse lugar me dá boas lembranças- ela colocou seus cotovelos sobre a mesa.
- Hum... Acho que não entendi.
Lerdo, como sempre.
Ela sorriu ao explicar.
- Eu costumava vir aqui com meus país todas as vezes que tínhamos alguma comemoração importante. Era como um ritual.
- E você costumava a vir porque não vem mais?
- Sim. Meus pais se separam.
Ele abaixou a cabeça.
- Me desculpe por ter tocado no assunto.
- Relaxa. Você não tem culpa. E quem começou o assunto foi eu- ela colocou sua mãos sobre a dele- você não tem que se desculpar.
O garçom chegou com os pedidos.
- Todos vocês são assim como Ashley?- perguntou Anna.
Cristhian estava gostando de passar a noite com ela. Ela era divertida, delicada, educada, mas Ashley era sua melhor amiga, uma irmã para ele. Ele não ia admitir que ela falasse mal de Ashley.
- Como assim?
- Sei lá, ela é meio...- Anna fez uma careta.
- Ashley é uma ótima pessoa, é capaz de fazer qualquer coisa pelas pessoas que ama. Se você a conhecesse de verdade saberia que ela tem um coração de ouro.
- E você gosta dela?
- O que? Não, não que bobagem. A Ashley é minha irmã- eles já estavam quase terminando o jantar.
- Ah... Desculpe, não sabia que ela era sua irmã.
- Não nesse sentido. Eu a considero como uma irmã.
Tocar nesse assunto fez com que ele se lembrasse de que Ashley estava certa, não era certo o que ele estava fazendo com Anna.
- Anna, eu preciso te falar uma coisa.
- Pode falar- ela quase sorriu.
- Droga, isso não está certo- sussurrou tão baixo que não foi capaz de Anna ouvi-lo.
- O que você disse?
- Olha, é fui um idiota em ter te chamado para sair.
Ela arregalou os olhos.
- Nossa, isso foi tão ruim assim?
- O que?- ele se espantou- não, isso não tem nada a ver com o que aconteceu hoje. Eu adorei ter passado esse tempo com você.
- Já entendi. Isso tem a ver com você. Eu esperava que você não fosse falar isso agora. No nosso primeiro encontro.
- Você esperava que eu falasse depois?
Ela virou os olhos.
Eles já haviam terminado. Cristhian pagou a conta e eles estavam saindo do restaurante.
- É sempre assim. Os garotos chegam, te chamam para sair, te iludem, depois te dão um pé na bunda dizendo: "o problema não é você, sou eu".
Ah, foi isso que ela imaginou, pensou Cristhian.
- Você está entendendo tudo errado.
- Ah é?- ela parou e cruzou os braços- então me explica.
Ele não disse nada e ela franziu a testa como se dissesse para ele ir logo.
- É complicado.
- Que seja- ela continuou andando pela calçada.
- Ei- ele foi atrás dela.
- Anna- gritou.
Ela continuou andando.
- Anna- gritou mais alto- você quer parar e me escutar?
Ela parou.
- Só falo se você não ficar brava comigo.
- Fala logo Cristhian.
Ela ainda não tinha se virado para encara-lo, então Cristhian resolveu ir até ela, então quando eles estavam cara a cara, ela se virou e limpou o rosto.
- Você não está chorando... Está?
- Não estou chorando- disse ela em um tom severo.
- Está sim.
- Não é culpa sua, ta?- ela se virou para ele- É que todos os meninos sempre me deixam. E sempre com a mesma desculpa. Eu acho que eu sou o problema.
Cristhian mudou de expressão, ficou com um pouco de pena dela. Ele colocou a mão no rosto dela.
- Você não é o problema. Você é linda, meiga, e por mais que a gente quase nem se conheça, você parece ser bem divertida. Você só não achou o cara certo. E os que te deixaram não eram bons o suficiente pra você.
Ela sorriu, se sentindo reconfortada.
- Era isso que eu queria ver- ele também sorriu-Vou falar logo antes que eu desista. Eu pedi para sair com você, porque eu queria fazer ciúmes para Emma. Ashley me avisou que era errado e ela estava certa. Eu nunca fiz uma besteira tão grande na minha vida.
Ela sorriu novamente.
- Calma ai, Ashley te disse que era errado?- ela parecia surpresa.
- Como eu disse, você não conhece Ashley- ele viu uma barraquinha de sorvete parada a alguns metros de distância- Você quer um sorvete?
- Hum... Claro.
Depois de Cristhian deixar Anna na casa dela e foi para a sua casa.
Ele resolveu ir para o telhado ficar lá pensando na sua vida e escutando as besteiras que Jason é Pitter estavam falando. Todos estavam dando gargalhadas e Cristhian ficou feliz em saber que eles estavam se divertido. Aos poucos o barulho foi cessando, até que não restou nada a não ser pelo som alto da música.
Ele resolveu entrar.
Lógico que viu cinco garrafas de vodcas vazias.
- Bem típico deles- disse revirando os olhos e sorrindo.
Ele viu Ashley deitada no peito de Jason no chão e Pitter e Katherine deitados lado a lado em um sofá e Emma sozinha em outro.
Ele resolveu deitar em um sofá para descansar. Sozinho.

Nós todos estávamos dançando.
Pitter pegou cinco garrafas de vodcas e distribuiu para todos nós.
Depois disso ele propôs um brinde.
- Não bebam ainda, meus caros. Vamos brindar- ele levantou sua garrafa.
- À nós- eu disse levantando a minha garrafa.
Todos copiaram isso.
- Vamos ficar bêbados- gritou Emma, pulando.
Comecei a dançar conforme a música é nem liguei quando vi Pitter e Katherine se beijando.
Acho que nunca dancei tanto em minha vida. A música eletrônica, era som para os meus ouvidos.
Fizemos uma rodada de verdade ou desafio e Pitter me desafiou a beijar Jason três vezes.
Emma teve que tirar a blusa e beber uma garrafa de vodca sozinha em menos de cinco minutos.
Eu tenho certeza que ela aceitou numa boa, ela não queria pensar mais sobre o que poderia estar acontecendo com Cristhian e Anna. Ela não me disse nada, mas conhecendo ela como eu conheço, tenho certeza de que cada terminação nervosa de seu corpo estava pulsando de raiva e agonia.
Mas a verdade é que até eu queria saber o que Anna e Cristhian estavam fazendo.

blood Lines- O inícioOnde histórias criam vida. Descubra agora