Capitulo 5

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  - Ah, isso porque dizem que vampiros não dormem- me espreguicei.
  - Infelizmente precisamos- disse Jason.
  - Bom, não importa. Os vampiros de hoje se alimentam como humanos, se vestem como humanos e dormem como humanos- Katherine se levantou. E foi andando em direção à escada- Essa história de dormir em caixões me dá calafrio.
  - Kate, você fala isso como se nós fossemos vampiros novos. Esqueceu há quanto tempo nós estamos vivos?
  - É, mas os séculos se passaram. As coisas evoluem, meu querido Jason. Agora vou me arrumar.
  - Sem me dar um beijo?- Pitter apareceu do lado dela e a beijou colocando as mãos em volta de sua cintura.
  Cristhian jogou uma almofada neles e quando Pitter foi jogá-la de volta em Cristhian, ele me acertou.
  - Foi de propósito ou você é um vampiro com uma pontaria horrível?
  Peguei uma almofada e joguei nele, mas ele a pegou e jogou na cara de Jason.
  - Tudo bem, a gente vai se atrasar para a escola- Emma se levantou.
  Eu joguei uma almofada na cara dela e os seus cabelos ficaram bagunçados. Ela pegou a almofada e jogou em Pitter.
  - Parece que temos cinco anos- disse Jason.
  - O mais criança é o Cristhian- provoquei.
  - Porque, gata?- ele se sentou ao meu lado novamente.
  - Porque foi você que começou- me levantei- Acho melhor vocês se arrumarem, antes que Katherine os obrigue.
  Entrei em meu quarto e abri o armário, peguei uma calça branca e uma blusa regata preta. Fui até a outra parte do armário e peguei um salto rosa claro.
  Fui em direção à varanda para abrir a janela. Estava sol, olhei para o meu anel de prata com uma pedra de rubi e o rodei em meu dedo, que havia ganhado de meu pai quando completei dezesseis anos.
  Lembrei-me da minha família, todas as vezes que estava sol em Londres- onde havíamos voltado semana passada- nós fazíamos festas, dançávamos até o dia acabar, contávamos histórias na fogueira e cantávamos.
  Sorri ao lembrar de como eu era feliz.
  - Pensando na vida?
  Me virei. Jason.
  - Não.
  - Qual é, você não pode ser tão ruim assim a ponto de não pensar nem um pouco na sua vida antiga.
  - Talvez eu seja- olhei em seus olhos azuis.
  Ele ficou em silêncio.
  - Você pensa na sua família?
  Ele assentiu.
  - Constantemente. E eu sei que você também pensa na sua família.
  Suspirei.
  - Vamos só mudar de assunto, ok?
  - Porque você não pode falar sobre eles, Ashley?
  Porque me dói pensar que eu tinha tudo e perdi. Porque a minha família foi levada pela morte. Porque eu vou ter que levar esse segredo para sempre e eu não posso fazer nada para mudar isso.
  - Ai, Jason. Qual é, eu só quero mudar de assunto- levantei um pouco as mãos.
  - Eu sei que você pensa neles. Todos nós pensamos.
  Ele não ia desistir até eu assumir ou fazê-lo mudar se idéia.
  - Não, Jason. Eu não penso neles. Eu não tenho sentimentos e minhas memórias da minha vida como humanas foram apagadas por mim mesma. Elas acabaram no momento em que eu morri!- gritei.
  - É, você não deve ter sentimentos mesmo, porque você só sabe brigar e gritar com as pessoas- ele se virou e saiu do meu quarto.
  Coloquei as mãos nas têmporas e suspirei fundo.

                                     

  Jason desceu as escadas e se sentou na poltrona branca.
  - Nossa, que cara é essa?- perguntou Cristhian se sentando ao lado dele e o entregando um copo com vodka.
  Jason pegou o copo e bebeu um pouco.
  - É a única que eu tenho.
  - Uou, o que deu em você?- Cristhian levantou a sobrancelha.
  - Você deve ter escutado. Da mesma forma que ela está escutando agora.
  - Eu escutei, mas achei que você iria me falar... Nós somos amigos, e talvez ela não esteja prestando atenção em nós, porque você sabe que quando Ashley está presa nos pensamentos dela, ela não presta atenção em mais nada.
  Jason suspirou.
  - O fato é que ela arruma confusões com todos. Ela não tem uma conversa normal sem agredir verbalmente alguém.
  - É, Ashley é realmente afiada- Cristhian apoiou a cabeça em sua não- Mas você gosta disso.
  Jason demorou um pouco antes de responder.
  - Eu gosto, ela me deixa completamente louco- ele sorriu- Mas eu gosto disso.
  - Você quer que eu fale com ela?
  - Você leu meus pensamentos- Jason sorriu.
  Cristhian levantou-se do sofá.
  - Ok. Eu vou falar com ela.

                                    

  Eu fui dominada pelas minhas lágrimas, porque eu tenho que ficar mentindo para as pessoas que eu gosto? Porque eu tenho que ser tão ignorante? Porque eu não posso deixar o meu orgulho de lado e simplesmente dizer: "é, eu penso na minha família e sinto mais falta deles do que tudo". Joguei-me no chão e segurei meu joelho com meus braços.
  - Ei, eu estou aqui- Cristhian colocou a mão em minhas costas.
  - Eu achava que os vampiros não pudessem chorar, na primeira vez que eu chorei, eu não sabia se realmente tinha virado uma vampira.
  Mas aos poucos fui descobrindo que os vampiros não perdem as características humanas, eles possuem desejos e sentimentos. Só que alguns simplesmente "desligam a humanidade".
  Sorrimos.
  - Ele esta triste com você.
  - Eu estrago tudo, né?- me virei para encara-lo.
  - Não, você não estraga tudo. Você só... Não gosta de falar sobre isso.
  Silêncio.
  - Você deveria falar com ele.
  Balancei os ombros.
  - Ele consegue viver sem mim.
  - Ele gosta de você, Ash. Senão ele não teria me pedido para vir falar com você.
  Não entendi.
  - Ele escutou você chorando e não sabia se ele deveria vir falar com você, porque você estava brava.
  - Onde ele está?
  - Deve ter ido com todos os outros para a escola.
  Não é possível eu não ter prestado atenção neles saindo de casa.
  - Acho melhor irmos também.
  Ele se levantou e estendeu a não para me ajudar.
  Quando já estávamos fora de casa respirei fundo.
  - Carro ou corrida?
  O encarei sorrindo.
  - Você vai perder.
  - Ashley, você sabe que sou mais rápido.
  - Da ultima vez eu ganhei.
  Ele abaixou a cabeça.
  - Então acho melhor irmos se carro- dei risada- Mão aceitaria perder para uma mulher mais uma vez.
  - Você não se garante!- provoquei.
  Abri a porta da Ferrari e entrei. Nós chegamos atrasados na escola, pois os corredores já estavam vazios, só havia faxineiras.

blood Lines- O inícioOnde histórias criam vida. Descubra agora