Capitulo 22

58 8 0
                                    

Entregamos nossos passaportes e entramos no navio que estava cheio de gente perdida, querendo saber o lugar para irem para seus quartos, alguns trabalhadores os guiavam, levando suas bagagens. E algumas crianças iam para fora, ver o mar escuro.
- Amanhã nós começamos a procurar os...
- Shh, não fale aqui- Emma interrompeu Emma- muita gente pode escutar. Nos encontramos no restaurante, às nove da manhã.
Eu e Emma fomos com um trabalhador para o nosso quarto, enquanto Katherine ia com Pitter e Jason ia com Cristhian.
Era para eu ficar no mesmo quarto que Jason, mas eu não queria nem olhar para a sua cara, imagine dormir no mesmo quarto que ele.
Quando chegamos no quarto grande, demos risada, pois só havia uma cama. As cortinas de creme cobriam as janelas e havia dois armários compridos. Não estava afim de arrumar minhas malas hoje, então as joguei no chão e fui dormir.
***
- Ta, quando vamos começar a procurá-los?- perguntei ansiosa.
- Meia noite, quando todos já estiverem dormindo.
- Cris, se todos estiverem dormindo, como vamos achá-los? Não temos o número do quarto deles- me apoiei na mesa.
Ele abafou uma risada.
- Você é tão esperta. Eu quis dizer dos humanos.
Revirei os olhos.
- Mesmo assim... E se eles não saírem o quarto depois da meia noite? Quer dizer, o que eles fariam fora do quarto às meia noite.
- Eu sei, mas...
- Cris, para- Katherine levantou uma mão- resolvemos isso na hora da janta.
- Como?
- Pensa- ela olhou para ele- os lobos não gostam de lugares com muita gente, então eles com certeza não estão aqui agora e não vão estar de noite. Procuramos por eles nas partes mais vazias do navio- ela concluiu.
- Então os matamos hoje a noite- Jason trincou os dentes.
Os meus pensamentos estavam fora daquela conversa. Eu estava envolta em outra coisa...
Pedi licença e sai da mesa, indo para a parte aberta do navio. Me apoiei nas grades e deixei o vento dominar o meu corpo.
Como pude deixar uma humana se envolver entre nós? Deixá-la conhecer nosso segredo, sem ao menos sofrer um dano? Deixar ela se aproximar de Jason? Será que ele havia me esquecido tão rápido? Será que ele estava apaixonado por ela? Se a resposta fosse sim, eu não aguentaria mais nem um minuto nesse mundo repugnante, ele era tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava. O meu amor por ele era o ar para um humano cujos pulmões estavam secos. Eu não posso perder ele, mas também não posso viver com essa dúvida.
Depois de alguns minutos eu sai de lá, indo em direção aos quartos.
Bati na porta. Jason a abriu logo em seguida.
- Oi, Ashley- ele apoiou o braço na soleira.
- Oi- suspirei.
- Entre- ele disse secamente- olha o quarto em que você poderia estar, mas é muito orgulhosa, né...- ele olhou sério em meus olhos.
Dei de ombros.
- Não necessariamente nesse, você poderia estar no que eu estou- ele cruzou os braços e não demonstrou nenhuma emoção- eu posso te fazer uma pergunta?
Ele se apoiou na escrivaninha.
- Faça.
- Olha, eu sei que você está chateado comigo, ok? Mas eu tive motivos para falar com você daquele jeito.
- Quais motivos, Ashley?- ele me perguntou como se fosse uma súplica para eu lhe contar. Ele com certeza não queria brincadeiras e não iria ficar quieto se eu falasse o que não deveria. A única forma de deixá-lo tranquilo era desarmando suas defesas, o que não seria fácil.
- Não, Jason. Para!- levantei uma mão- eu não vim aqui brigar com você.
Ele esperou.
Olhei em seu rosto nervoso e em seus olhos azuis que olhavam para todos os lugares por menos de um segundo.
- Você sente algo por Anna?- joguei as palavras fora de minha boca, antes que eu desistisse.
- Ah, sabia- ela olhou para o lado. Como até nervoso ele podia ser tão lindo, os seus olhos estavam mais sucos hoje e seu cabelo loiro estava bagunçado de um jeito que o deixava mais sexy.
- O que?- franzi a testa.
- Você- ele apontou para mim- você agiu daquela maneira com ela por causa disso, por causa do que ela disse quando respondeu aquela pergunta.
Dei um passo para frente.
- Jason, ela é uma humana tentando agir como vampira no meio de nós- aumentei meu tom de voz.
- Ela só fez uma pergunta!- ele arregalou os olhos.
- Da qual todos sabiam que não deveriam perguntar- rebati.
- Ela não sabia.
- Exatamente pelo fato de ela não saber nada sobre nós que ela não deveria estar lá. E você não pode negar isso, Jason- ele entendeu o que eu quis dizer.
- É, talvez eu sinta alguma coisa por Anna, mas e dai?- ele levantou um pouco o pescoço- você mesma disse que não tinha alma.
- E o que isso tem a ver?- dei um passo na direção dele.
- Pessoas sem alma não se apaixonam- ele deu um passo em minha direção. Estávamos a centímetros de distância um do outro.
- Isso é o que você pensa- respirei fundo- isso era tudo o que eu precisava saber. Não tenho mais nada para fazer aqui.
Dei alguns passos para trás ainda olhando para seu rosto sem expressão e fui em direção à porta. Estava prestes a sair quando eu me virei para ele.
- Perdi meu tempo pensando que você valia a pena.
Bati a porta e corri para o meu quarto.
Me joguei na cama e comecei a chorar. Eu sabia, ele realmente gostava dela. O pior do que perder uma pessoa para a morte, quando ela se vai para sempre. É perder uma pessoa, mesmo sabendo que ela estava ali, embaixo de seu nariz. Isso me dava uma agonia que rasgava o meu peito e me deixava fraca.
Eu precisava sair dali, ir para um lugar que ninguém me achasse, ninguém soubesse que eu chorava por ele. Eu precisava me esconder, fazer qualquer coisa, mas não podia continuar ali nem mais um minuto.

blood Lines- O inícioOnde histórias criam vida. Descubra agora