I- Primeiro encontro

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Hinata, vestiu-se, necessitava defender o que ela e o irmão tinham conquistado com seu plano maluco e muito arriscado. No final, seu irmão merecia a felicidade que tinha encontrado ao lado da mulher que amava, e para manter o bom nome Hyuuga, era ela a casar-se.

Ela não tinha nada contra o próprio noivo, de verdade se fosse a mocinha tonta de um ano atrás, ela estaria exultante por casar-se com o homem com quem trocava correspondência secretas a tantos anos, ela tinha recebido uma carta dele por engano, e a tinha devolvido com uma brincadeira sarcástica, e a amizade tinha nascido, e crescido forte. Ela sabia quem era o destinatário das inúmeras cartas que tinham trocado sob codinomes, o sol e a lua, enquanto ele desconhecia. Quem diria que o universo faria uma piada da piada dela.

Sabaku no Gaara, era o filho mais novo, do Duque, e já tinha assumido suas funções, já que o pai as tinha renunciado pra viver na América, e nem isso tinha abalado a relação com a rainha Vitória, na verdade a própria tinha feito uma festa de despedida.

Estava apaixonada por ele, e ele desesperado por outra, mas seu irmão, aquele que tinha assumido a casa muito antes da morte do pai em uma queda de cavalo a exato dois anos, estava apaixonado por uma doce enfermeira de um orfanato, na visão dela Tenten era perfeita pra o irmão tão sério e comedido, que tinha se tornado um homem com pouco mais de doze anos de idade, quando os credores os tinham feito passar um inverno de frio e fome.

Casado em sigilo com a adorável Tenten sem posses ou títulos, com seus olhos cor de azeitona, e a pele morena era um escandalo que só se aplacaria com a entrada dela pra família mais próxima a rainha naquele momento, a do Duke Redsand de madeixas vermelhas pecado, com olhos que pareciam extremamente frios, mas na verdade eram sedutores e convidativos.

E ela tonta se apaixonara por palavras em uma folha de papel, e quando o vira em Townsend Park, cavalgando feito o demônio, tudo fizera sentido, e a menina pobre vira seu coração voar as nuvens, e agora ele estaria lá fora, a esperar por ela, vestida agora da mais rica seda, e fitas caras.

E então vestiu o medo que sentia da infelicidade que viria, assim como a mãe que morrera tantos anos antes no nascimento de Hanabi. Ela era pequena, porém a lembrança continuava nítida na memória, a mãe que era muito frágil, e tinha sido obrigada a ter uma criança atrás da outra e falecera quatro anos depois de se casar, tendo dois abortos, e falecendo no parto da sua terceira criança, acompanhada apenas de uma idosa, e de duas crianças com menos de cinco anos.

Caminhou para a sala, trêmula e triste, mesmo indo ser apresentada ao seu futuro marido, que ela burramente amava.

Gaara olhou desolado, a jovem com um penteado intricado com fitas, um tanto juvenil. O corpo reto em um vestido sem graça e mesmo que fosse um luxo em xifom, adornado em renda francesa não mudaria o jeito tímido e insosso da moça, o que queria era pegar um cavalo rápido e partir atrás da carruagem que partira levando a bela Maeve Léa, a amante Francesa do dono da casa, o conde Neji Hyuuga, seu futuro cunhado.

Os dois tinham se sentado lado a lado, trocado poucas palavras, e fugido um do outro tão logo tiveram chance, nem pareciam ser os amigos tão íntimos que trocavam cartas, Hinata pensou enquanto se atrevia a olha-lo mais uma vez. Mesmo que o ruivo, ainda não soubesse, aquilo a magoava, como magoava as cartas enviadas a outra mulher.

Depois de se portar como o seu título de Duque Redsand exigia. Sabaku no Gaara, tinha se recolhido aos aposentos destinados a ele. Retirou a casaca de linho, e as botas de couro negra e se atirou na cama que parecia nova como tudo na grande casa do conde.

Tinha ouvido falar que o velho conde tinha morrido na miséria, mas a julgar pelo modo como fora recebido, e tudo reluzindo e cheirando a novo, o novo conde pelo visto, sabia como ganhar dinheiro, ao invés de gastar com as mesas de jogo como fizera o pai.

Pensou em mandar uma mensagem para o próprio pai, porém sabia que este tinha o antigo amigo de juventude em alta conta, e que não mudaria de idéia. Seria ele a casar-se com a Lady Hinata Hyuuga, estando completamente enamorado de uma cortesã francesa.

Lembrou-se da primeira vez que vira a mulher que dançava feito uma deusa, e tinha a voz tão encantadora como deviam ter as ninfas.

Era um show novo em Londres, um teatro abrira fora da temporada de verão, para exibir o show de uma cortesã francesa, e fora casa cheia, e logo a noite extremamente fria, tinha sido aquecida instantâneamente, a moça tinha aparecido com o rosto oculto por uma máscara e vestida com uma espécie de quimono japonês, o que já não era comum, os seios volumosos eram seguros por um decote frouxo que parecia que ia deixar aparecer o pouco que o tecido escondia, o que fez as poucas mulheres que se aventuraram na noite fria, abandonaram o teatro, arrancando uma risada irônica e luxurienta da mulher.

— Meretriz. — Uma mulher gritou.

— Não vivo as custas de homem algum, não sou obrigada a prestar favores que não desejo como a "sua" respeitabilidade exige.

E ele tinha se encantado com ela, a voz era doce, porém firme, e havia orgulho de ser quem era, e a noite tinha sido inebriante, fazendo os preços chegarem a níveis que realmente tornaram a clientela seleta, e ainda havia a quantidade considerável de presentes, que abarrotavam a pequena sala todas as noites, mas que nunca eram aceitos pela orgulhosa mulher.

Sua paixão pela mulher com o rosto coberto por umas máscara cresceu de forma alarmante a ponto de se esquecer que ao iniciar da nova temporada estaria casado com a menina Hyuuga.

E quando viu o futuro cunhado em sua porta exigindo que parasse de subornar pessoas para conhecer sua amante, pois era um absurdo ele estando noivo de sua irmã, em vias de se casar, humilha-lo duplamente.

Tinha sido um baita soco no estômago, sabiasse que ela tinha um protetor, porém descobrir que este era justo seu futuro cunhado, tinha trazido a realidade pra si.

E sem conseguir abandonar sua paixão, tinha passado a se esgueirar disfarçado, tinha até cortado bem curto os seus fartos cabelos ruivos.

E fora assim que viera seguindo a mulher de cidade em cidade até York vizinha ao pequeno condado de Townsight, onde o Hyuuga tinha se tornado o sexto conde de Sight e então tivera sua primeira e última chance com ela.

Na penumbra ele não tinha podido ver seu rosto, e ela não o tinha rechassado. Tinha permitido que ele se aproximasse, tinha lhe tocado com a mesma fome que havia nele.

Lembrava do beijo intorpecente, da língua dela procurando a sua, as mãos dela no seu cabelo curto, puxando sua roupa, procurando pele, e de ela lamentar com os lábios nos dele.

— Mom petit, si vous ple. C'est tout faux. É loucura. — A voz saíra embargada ele pode perceber.

E ele não fora capaz de responder, e ela tinha partido. Deixando-o tonto de amor, com o cheiro dela no seu corpo, com o gosto aditivo tomando conta da sua boca, e seus sentidos totalmente despertos pra ela. E só pra ela, e então naquela manhã tinha finalmente conhecido sua noiva.

E sua paixão francesa como estava? E sua noiva assustada como estava? questionou a si mesmo. O que seria de sua futura esposa, começar um casamento destinado ao fracasso?

Mistério reveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora