Mistério revelado

VIII- primeira pista

Abandonado na própria amargura ele viu o dia nascer através dos vitrais da casa de sua família há tantas gerações.

Os raios vieram e se foram, se que houvesse nele coragem para erguer-se, teria apreciado a beleza que ficava o jardim pensando nela. Seu valet lhe trouxe o desjejum, pilhas de documentos, e o almoço, sem que ele tocasse em nenhum.

E então veio novamente a penumbra cinzenta da noite chuvosa de Londres, e ele orou para que ela estivesse em Mayfer ou condado de Townsight, se tivesse forças iria inquerir o conde que estava na cidade para o casamento da mais nova que se passaria em breve.

E se foi a chuva, a noite e novamente um dia feio, cinzento e frio. E então a voz cortante do conde se fez ouvir. — Que tal se apressar na busca pela minha irmã, que eu necessito minha esposa de volta e Hanabi necessita que a irmã mais velha esteja em seu casamento.

Talvez fosse a letargia provocado por mais de um dia sem comer, ou pelo fato de sua estupidez, mas demorou a processar as palavras do homem, mas saber que Hinata não estava com a família o fez se erguer.

— Não entendi, onde está minha esposa? — Questionou Gaara completamente assustado.

— E por acaso acha que fui consultado por qualquer uma das três malucas? — Neji sentou-se. — Eu tinha esperança que tivessem ido para casa, até uma propriedade de algum amigo nosso, mas nenhum dos meus contatos as viu, na direção de casa. A última notícia que tenho delas é na rota de país gales. — O moreno balançou a cabeça. — E nem isso é certo. Na velocidade que cobriram a distância até trocar os cavalos, pode ter sido apenas uma pista falsa... Aposto que conseguiriam voltar na metade do tempo, se tivessem dispostas a isso… sinceramente meu cunhado, você faz a besteira e eu fico sem minha irmã e minha esposa.

— Como assim, meu cunhado, por Deus, como assim não sabe, de Hinata, que história é esta das três? — O ruivo cambaleou tonto. E Neji levantou-se para segura-lo fazendo-o sentar.

— E não conheces minha irmã? Até agora não leste, as cartas que enviou a ti? — Neji questionou furioso. — Não sabe que Sakura, Tenten e Hinata são inseparáveis? E que matariam a própria rainha se necessário fosse?

— Eu as li. Por isto estou neste estado lastimável, estava em busca do que dizer a ela, de como me redimir, em tempo algum pensei que ela iria a outro lugar que não a casa da família. — Apertou a cabeça sentindo-a latejar.

— Este seria o destino de uma lady criada por sua mãe, com um pai minimamente respeitável. — Neji confessou. — Mas ela teve seu primeiro contato com a morte, com menos de cinco míseros anos, quando perdemos nossa mãe, e de lá para cá, tem sido eu e ela a criar Hanabi, cuidar da propriedade, e dos arrendatários, tem sido eu e ela a tentar sobreviver ao traste do meu pai. Até que ele se foi levando todo nosso trabalho duro.

— Eu sinto ter sido tão omisso...

Neji pareceu não ouvir — Por um longo ano ela esteve em Londres, prometida ao melhor partido da cidade, trabalhando como camareira enquanto eu tentava não perder tudo nos tribunais. E então perdemos até o que não nos pertencia, tudo dentro da propriedade foi levado, até às poucas coisas dos arrendatários e criados…— O conde silenciou por instante varrido pela própria vergonha.

— Então um traste que eu considerava amigo fez a proposta, de torna-la sua amante, pois você não a aceitaria na condição de miséria dela, mas eu sabia que Rasa exigiria que seu filho assumisse o compromisso, que o fez pensando justo na sua partida, pois se ele estivesse em Londres nada disso nos teria acontecido…já que ele me socorreu muitas vezes nestes tantos anos.— O moreno revelou. — E ela teve a brilhante idéia de cometer um crime já que é vedado as mulheres atuarem. E eu já humilhado até o meu cerne fui obrigado a aceitar, e ajudar...

— Eu não sabia...

— Convenhamos Gaara, sempre foi o mais distante e aristocrático de nós. Estudamos todos em Anton, e depois fomos a Oxford, mas sua única amizade sempre foram os garotos Uchiha. Os jovens plebeus, com berço mas sem dinheiro nunca te interessaram. — E o ruivo se calou diante da ofensa. — Agora vou chamar seu valet, coma e tome um banho que está fendendo, e busque pela minha irmã. Ela já se sacrificou de todos os modos por essa família...eu exijo que se retrate com ela, e a traga de volta.

Mas atordoado que antes, Gaara balbuciou coisas desconexas enquanto seu valet trazia comida, os primeiros bocados desceram difícil pela garganta ressequida. E logo a náusea lhe subiu, e Neji rápido colocou diante dele o balde de lixo e ele vomitou boa parte do que tinha conseguido engolir.

E então o conde chamou novamente o valet. — Providencie umas folhas de bálsamo para o Duque, um chá de boldo sem açúcar, um sopa morna de cebolas. O banho está pronto?

— Sim, o banho está pronto e vou providenciar o resto meu lorde. — O rapaz respondeu.

Gaara se viu sendo arrastado pelo cunhado para seus aposentos para tomar um banho, e logo as folhas de bálsamo acalmaram o estômago vazio, e o chá quente com gosto péssimo completaram o serviço.

De banho tomado com roupas de montaria ele tomou a sopa de cebolas, e revigorado rememorou cada palavra escrita por lua, e por sua noiva, sem encontrar sequer uma pista de seu paradeiro.

Sua esposa era o maior mistério já apresentado aos seus olhos cansados. Era de uma engenhosidade admirável. Levantou-se renovado a buscar por ela onde quer que pudesse estar.

— Então meu cunhado, por onde começamos? — O ruivo questionou.

— Junte seus homens de extrema confiança, e apenas estes, uma passo errado nosso e jogaremos mais ainda na lama o sobrenome Hyuuga, e sobrenome Sabaku. — Neji ponderou. — E nem para estes uma palavra sobre Maeve Léa. Atravessamos toda a Inglaterra em um ano, sem que ninguém suspeitasse mínimamente da identidade dela.

— E eu tinha o segredo dela, em uma carta jogada em uma caixa...— ele lamentou. — Eu amei todas as versões dela. Eu de fato, me apaixonei várias vezes, e somente pela mesma mulher, que estúpido fui.

— Um completo estúpido, mas eu também o fui quando me apaixonei, minha melhor chance era casar-me com uma fortuna sem título, casei-me com uma enfermeira órfã. — ele confessou. — No meu pior, momento, na miséria, eu não consegui fazer o certo, eu permiti que Hina se arriscasse por nós.

E a busca seguiu por semanas, com o cabelo longo, o rosto moreno do sol, as roupas sempre amarrotadas, Gaara tinha procurado por ela, a morena não tinha voltado para o casamento da irmã, a esposa de Neji não tinha votado para o marido que estava muito nervoso com ele.

E depois de já exausto se viu perto da grande propriedade da família no Hampshire, e foi de onde veio a primeira pista sólida, dois cavaleiro e um cavalariço baixinho tinha sido avistado correndo vertiginosamente, pela propiedade pocos dias depois do sumiço de sua esposa. E talvez seu cunhado tivesse razão e ela fosse capaz de qualquer coisa. Até de ir para uma direção e depois voltar para apenas deixar seus perseguidores loucos.

— Peste. — Sorriu. — O pior é que estava nas minhas barbas. Mas eu precisava te merecer não é?

Suspirou, ela estava a quase dois dias de cavalgada de distância, seu grande amor, e ele ainda não sabia como fazê-la aceita-lo de volta.

Podia pedir perdão, rastejar aos seus pés, mas sentia que não seria o suficiente, de algum modo, sentia que teria de passar a vida, compensando-a, amando cada centímetro dela, e se fazendo guardião das suas pequenas vontades, e desejos.

Olhou mais uma vez o por do sol, lembrando da infância, de como fora feliz com os irmãos ali, correndo e brincando, enlameados porém felizes, e pensou que era ali que gostaria de ter a sua família, e criar seus filhos.

Um dia de cavalgada depois seu valet já tinha particamente pedido demissão, seu cavalariço exigia aumento de cem por cento.

E então tinham parado em um pequena e velha porém muito limpa estalagem. — Eu tô chegando meu amor. — ele afirmou olhando as estrelas que despontavam no céu claro.

E a dor lhe chegou sem aviso, turvando a visão, lhe roubando o controle de si. E então ele ainda viu, um rosto conhecido antes da inconsciência o tomar.