XII- última fuga

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Rodopiou com ela nos braços sentindo que poderia explodir, era inexplicável a saudade que sentia da esposa sempre ao alcance dos olhos porém nunca de suas mãos.

O baile era um sucesso real e estrondoso, a gravidez, e os fictícios problemas de saúde e seu sequestro, tinha feito todos se interessarem pela vida da nova duquesa.

Hinata era a melhor atriz que podia existir, tinha sempre um sorriso delicado nos lábios, e um jeito esperto de levar qualquer situação.

Olhou-a, como amava a Hyuuga. Sentia que não suportava muito mais, as palavras doces e superficiais, os compromissos que ela seguia regiamente apesar da barriga, do modo como sua casa funcionava feito as melhores engrenagens suíças.

Mas o principal não estava lá. Ela não estava lá, altiva, furiosa, derramando nele toda a dor e a tristeza, como fizera naquele dia, depois do último beijo deles.

A valsa terminou e todos era só elogio a beleza do casal feliz, e ela pediu para ir ao jardim tomar um ar.

E ele a acompanhou solicito. - Estás sentindo algo? - Questionou baixo, oferecendo-se para apoia-la quando sentaram no banco.

- Estou agoniada, tenho vontade de chorar, como essas criaturas podem ser tão falsas, e desagradáveis. - Cobriu o rosto com as mãos. - Irei embora eu juro, será minha última temporada em Londres, virei para um ou dois bailes, mas nada além. - Uma lágrima teimosa a muito contida desceu-le a bochecha.

- É o que queres partir? Deixar-me novamente? - Respirou tomando coragem para continuar. - Diga-me de uma vez que nunca vais me perdoar. Que nunca serei pra você mais que uma fonte de mágoas ambulante. - Suplicou a mulher amada.

- Achas que não quero perdoar? Que não me dói tudo isto? - Deixou as lágrimas correrem livres. - Nunca tive para ti nenhum ódio apenas ciúmes do que sentias por Maeve, mas o fato de teres vergonha de mim, destruiu-me. - E o ruivo pode ver tristeza genuína nela. - Doe-me, até que tenhas me procurado. Eu juro que tento todos os dias, todos mesmo.

Queria dizer que por toda uma vida só amara uma mulher, e esta era ela. Que podia ter nutrido paixões por suas outras facetas, mas seu amor era indistintamente dela. Mas sabia que ela não tinha motivos para crer em si, e que julgava tudo vindo dele, bravata. - Diga-me o que deseja por agora. - Segurou o rosto tão amado entre as mãos. - Não importa o que seja, quanto me custe, quanto me doa, te darei. Só me diga.

- Quero ir para casa. Quero sair de Londres...

Gaara estancou paralisado de dor. - Que seja minha senhora, temos ainda, uns três convites que infelizmente não podemos recusar. O sarau Hatake, e baile Uchiha, e a celebração da rainha. - E foi a vez de uma lágrima solitária descer dos olhos dele.

- Gaara...eu sinto tanto...- Um soluço escapou.

- Não tanto quanto eu, que poderia estar casado contigo a pelo menos três longos e incríveis anos. - Pontuou.

Ela o encarou tomada de surpresa. Será que havia nele de fato algum sentimento real por ela. - Nunca me cortejaste, sequer comhece-me. - Afirmou.

E o desafio das palavras o tomou. - Pois bem, cortejarei a ti por este mês que ainda estás aqui. E não tens nenhum obrigação de mudares de idéia, só de suportares minha corte desastrada.

- Mas eu não entendo por que motivos. - O rosto tomado de surpresa, e ele gostou de ver que abria uma fresta na forçada indiferença.

- Acho que pode me suportar, ou tens medo de acabar por me perdoar? - Atiçou.

- Acho que posso. - Afirmou.

Mas ela não imaginava o quanto estava enganada. Gaara era um perfeito cavaleiro inglês e os passeios tão perfeitos que havia horas que tinha vontade de chorar. E ainda havia sempre um roçar de lábios suaves que ele se atrevia a fazer, no Hall da grande mansão Redsand.

Mistério reveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora