Hinata vestiu afobada a roupa de montaria de Neji, não ia com a tensão que estava, cavalgar de lado com um vestido como deveria uma boa donzela fazer, era provável que quebraria o pescoço, e ela gostava dele bem no lugar.
Ainda era muito cedo pra alguém vê-la, selou a égua malhada que tanto amava, e saiu o mais rápido que pode.
Juliete era como ela, parecia simples e delicada por fora, mas era arisca com um fogo contido, que queimava todo tempo. E que agora parecia que estava prestes a explodir. Com Juliete esporas nunca foram necessárias, Juliete parecia sentir que ela precisava do vento e acelerou, passando do trote para o galope.
Gaara tinha passado a noite em claro, se revirando de uma mulher pra outra, da belíssima e sexy cortesã francesa, para a delicada donzela sua noiva e ainda havia sua misteriosa amiga de cartas que sumira. E antes do amanhecer, viu a não tão delicada noiva, passar pela sua janela vestindo calças, e pouco depois voltar cavalgando em uma égua malhada.
Era possível todas as mulheres da sua vida serem malucas? Aproveitou que ainda estava vestido e que alguns de seus cavalos estavam nos estábulos Hyuuga, e disparou até lá, escolhendo Rosco pra alcançar "sua" noiva.
Hinata seguia bosque a dentro cada vez mais rápido, e então deixou as lágrimas que tinha escondido dos irmãos fluírem, queria gritar a injustiça de ser mulher, queria fugir a cavalo, e nunca mais voltar.
Queria ser livre pra atuar como desejava, pra fazer da vida uma imensa aventura, e se sentir fantástica, como tinha se sentido aquele ano.
E então Juliete, mudou a direção incomodada, e então ela viu o garanhão árabe negro, seu noivo estava em seu encalço, e mesmo que cavalgasse bem, sabia que a égua não era páreo pra Rosco. E então correu mais um pouco até sua colina secreta, que não seria mais secreta, pois seu noivo estaria nela. Apeou e esperou sentada com os pés balançando a borda da pequena elevação, olhando a relva da propriedade.
E então ele chegou.
— Estás louca? — Ele estava um tanto fora de si. — Essa égua podia ter caído, quebrado a perna, você poderia ter morrido.
— Juliete sabe o que está fazendo. Nunca me colocaria em perigo, meu lorde. — Não se atreveu a voltar os olhos pra ele. — Crescemos juntas, sabemos o que aflinge o coração uma da outra.
— Eu sou sua aflição, minha lady? — Questionou.
— De certo que não. Você sempre foi uma certeza em minha vida desde que eu era uma menina pequena. E então, nunca houve sequer uma possibilidade de fuga de minha parte. — Soltou ressentida.
— Parece que me culpa por algo? E o que seria? — se aproximou.
— Tenho vinte anos meu lorde, não debutei aos 16 por que já estava noiva, não debutei nos anos seguintes por que era melhor não correr o risco de perder o melhor partido de toda a Inglaterra, não debutei ano passado por que era velha demais, ou seja nada de festas para pobre moça Hyuuga, não sabe quantas vezes sua presença me foi imputada como uma punição. E sequer me chegou uma carta com um lenço bordado. — e dessa vez ela o encarou esgotada. — Quantas vezes meu lorde, sem querer ser impertinente, foi proibido de algo por ser noivo? E meus presentes, meus carinhos tolos de menina, deu algum crédito a eles? Ou nem chegou a abrir?
Gaara rememorou nunca tinha respondido as pequenas missivas que tinham chego dois anos antes, nem presentes que tinham chego no último ano. E ele gostava de escrever, por que não se dignara a pedir a seu valet que respondesse ou mesmo uma das muitas secretárias da construtora que herdara do pai. — Perdão, em minha defesa, o medo me assolou, fiquei com medo de ler alguma declaração de amor juvenil…e não saber exatamente como responder. — reparou nos olhos azuis acizentados vermelhos e ainda marejados. — Vamos voltar.
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Mistério revelado
Hayran KurguA situação era terrível, e ela tinha feito, uma escolha arriscada. A paixão era avassaladora, e ele tinha feito, uma escolha prudente. E assim os dois rumaram juntos pra um futuro, cheio de silêncios constrangedores. AU /Gaahina