janeiro de 2021
bem. 2020 foi um ano... interessante. a vida lá fora acabou exatamente depois do meu aniversário, quando o primeiro infetado foi confirmado. passei a ver caras a partir de um (ou mais) ecrã. celebrei o terceiro aniversário da minha relação com o meu telemóvel, a ver a outra cara lá. e assim, foi, praticamente, o meu primeiro ano dos vinte.
decidi vir aqui porque ultimamente tanta gente da minha idade ou vai casar, ou já casou, ou vai ter filhos, ou já teve filhos. e a minha grande responsabilidade neste momento é acabar as duas licenciaturas este ano. mas, não sei porquê, só me apetece passar isto à frente mais uns cinco anos e ter bebés.
desde que me lembro, só queria passar anos à frente. era criança e só queria ser adolescente. era adolescente e só queria ter 18 anos ou estar na casa dos vinte. tenho vinte e já só quero ter um casamento de sonho e bebés. o que quererei quando tiver isso?
novembro de 2021
devia estar a estudar alemão, pois tenho teste amanhã. mas não, vi um tweet e agora estou a escrever.
sou licenciada. nunca pensei realmente poder dizer estas palavras. parece tão estranho. o tempo está a passar tão depressa, e sinto que não estou a "aproveitar a vida" como tanta gente parece estar.
fevereiro de 2022
estou em burnout. demorei uns anos, mas finalmente apercebi.
sinto que a minha vida universitária está em declínio. desde o início deste ano letivo que, do nada, dá-me a vontade de desistir do curso.
estou cansada. este semestre deu cabo de mim e mesmo assim não consegui fazer tudo. é extremamente frustrante esforçar-me e não alcançar o que quero. tenho estado tão ocupada com a faculdade que, há um mês, comprei um piano novo e ainda não tive a oportunidade de o usar e começar novos planos. só para não falar que no mês de janeiro tive um ataque de pânico quase todos os dias.
já não me lembro da última vez que fiz gravações a cantar ou da última vez que escrevi algo que não fosse com objetivos académicos. para que serve viver se não consigo fazer o que eu gosto? todos os dias acordo e fico mais duas, três horas na cama porque, sinceramente, não estou pronta para enfrentar o mundo real.
tenho tantos planos de histórias que quero desenvolver, músicas que quero gravar, livros que quero ler, mas sinto que a minha vida se define em ler livros à pressa e escrever trabalhos académicos.
anyway, é isto.
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thoughts.
Non-Fictioncoisas insignificantes da vida de uma rapariga desde os 15 anos até à vida adulta.