Naquela noite Seu Edgar passa acordado, pensando no que tinha falado para as meninas, que saíram escondido no dia anterior.
Ao amanhecer, antes de ir trabalhar vai até o quarto das meninas, que ainda estão dormindo, as olham pela porta por alguns segundos e sai.
- Bom dia, meu amor. - Responde Seu Edgar, ao receber a ligação de Silvana, que responde do outro lado da linha:
- Bom dia, amor. Como passou a noite? Está com uma voz de cansado.
- Não dormir bem. - Responde Seu Edgar e continua. - Ontem as meninas saíram escondido e como castigo, vão ficar uma semana sem sair.
- Nossa, amor. - Responde Silvana.
- Segui seu conselho, as meninas vão começar fazer terapia. - Fala Seu Edgar, enquanto caminha até a garagem e entra no carro.
- Ótimo. Isso vai ajudá-las muito. Começa quando?
- Essa semana já. - Ontem não estava conseguindo dormir e liguei para a Dra. falei que tinha alguns assuntos que as meninas não sabiam e ela propôs uma consulta comigo, antes de falar com as meninas, segundo ela, quando o paciente é menor de idade é desejável que o responsável participe de algumas consultas, inclusive, que eu passe primeiro, na segunda sessão, levo as meninas.
- Entendi. - Diz Silvana.Bia acorda e ver Carol segurando o envelope com o nome "Ales dra".
- Que foi? - Pergunta Bia.
- É estranho, mas sinto falta da mamãe. - Começa Carol. - Mesmo que passamos pouco tempo com ela, sinto falta de ter alguém para chamar de mãe. - Diz Carol olhando o envelope, enquanto passa o dedo indicador no nome, "Ales dra" que acredita ser o da mãe. Bia levanta e vai até a cama da Carol, que está sentada com pernas de índio e a abraça - Eu também. - Bia fala, enquanto continuam abraçadas.A noite se inicia e Seu Edgar chega do trabalho.
- Seu Edgar, preparei o café que o Senhor pediu. - Diz Dona Maria ao olhar Seu Edgar chegar.
- Obrigado. - Seu Edgar coloca sua bolsa no sofá e vai até a cozinha e pega uma xícara e coloca o café, quentinho que Dona Maria acabou de preparar.
- Fiz biscoitos que o Senhor gosta, mais uns 10 minutos no forno e já fica pronto. - Diz Dona Maria.
- Oba, vou comer um pouco de bolo por enquanto. - Diz Seu Edgar, enquanto corta uma fatia de bolo. - Dona Maria, sei que a Senhora folga amanhã, mas pode ir para casa hoje. Assim, vai ter mais tempo para aproveitar sua família.
- Obrigada Seu Edgar. - Diz Dona Maria.
- Não precisa agradecer, Dona Maria, a Senhora merece.
- Seu Edgar, obrigada por ser tão generoso comigo e também por adiantar meu salário. - Diz Dona Maria, enquanto arruma a prateleira de temperos da cozinha.Seu Edgar vai até o quarto de Dona Helena que já estava dormindo, a olha e sai, fechando a porta e vai até o quarto das filhas e bate na porta.
- Quem é? - Pergunta Bia, tirando os fones de ouvido.
- Eu. - Responde Seu Edgar.
- Entra. - Responde as meninas, em coro.
- Meninas, precisamos conversar. - Começa Seu Edgar, enquanto senta na cadeira do computador e as olha.
- Tudo bem, Pai? - Pergunta Bia.
- Sim, estar tudo bem. Mas ontem fiquei muito nervoso com vocês e estava pensando no que falei ontem. - Começa Seu Edgar enquanto pega o celular das meninas. - Vocês podem pegar o celular, mas o castigo continua, vão ficar sem o notebook, Carol vai ficar uma semana sem ir para a aula de balé, Bia não vai pintar as telas e vão ficar uma semana sem sair. No aniversário do Danilo, vocês podem se ver, mas a qui em Casa, não vão sair. - Diz Seu Edgar.
- Tudo bem. - Responde as meninas. E Bia complementa. - Pai, desculpa tá? Eu sei que você falou que não era para gente ir, mas não saímos da Casa da Isadora, o pai dela veio nos buscar e nos trouxe também. - Diz Bia, se sentindo culpada.
- Tudo bem. - Diz Seu Edgar. - Vocês são teimosas igual eu. Isso é bom, mas as vezes é ruim.
- E a nossa mãe? - Pergunta Bia e continua. - Como ela era? Ela se parecia com a gente?
- Vocês têm os olhos dela, o queixo marcante também. - Diz Seu Edgar. - Poderia passar horas falando da Alessandra, ela foi a mulher que eu mais amei em toda minha vida. - Complementa Seu Edgar.
- Então fala, Pai, queremos ouvir, como era a mamãe, ela se importava com a gente? - Pergunta Carol.
- Está na hora de vocês saberem mais sobre a mãe, a Psicóloga disse que seria bom começar aos poucos. - Diz Seu Edgar, enquanto aproxima a cadeira até a cama das filhas e continua - Alessandra era muito atenciosa, mas gostava de pintar quadros, era uma forma de expressar seus sentimentos, sejam ele feliz, triste, melancólico, ou que seja. Assim como você, Bia, Alessandra sempre admirou a arte. - Diz Seu Edgar olhando para Bia e continua. - Ela gostava de museus, fotografias e balé, foi ela que disse que vocês iriam fazer balé, quando descobriu que estava grávida. Depois que vocês nasceram e já estavam quase completando 1 ano, ela começou ficar mais debilitada, se sentia cansada fazendo pequenas tarefas e começamos a ficar preocupados, foi quando ela descobriu que estava com câncer, sentia muita dor, tomava medicamentos fortíssimos, vivia no Hospital. - Continua Seu Edgar, dando um longo suspiro. - ela não foi mais presente na vida de vocês porque estava muito doente, isso a deixava muito aflita. Mas ela amava vocês. Complementa Seu Edgar.
- E o que ela gostava de fazer? - Pergunta Carol.
- Quando estava em casa, gostava de desenhar e pintar quadros, então passava muito tempo no quintal e eu ficava olhando vocês enquanto dormiam, lembro dela entrando no quarto dizendo que os seios estavam vazando, que estava na hora de acordar vocês, para mamar. Alessandra também trabalhava, ao contrário do que a Avó de vocês disse, mas com o que gostava, não era um trabalho fixo, mas ela pintava quadros, chegou a tirar fotos para uma marca de grife famosa, sua beleza, delicadeza e carisma chamava atenção de todos. Para mamãe, Alessandra não tinha maturidade para cuidar de vocês, que ainda eram duas bebês, mas a verdade é que Alessandra sempre foi uma mãe zelosa e planejou a gravidez, assim que fomos morar juntos ela falou que queria ser mãe, que queria um bebê, só não imaginávamos que não seria um e sim duas. - Seu Edgar fala, sorrindo. - enqaunto as meninas o escutam atentamente, o olhando fixamente. - Nós conta mais, Pai. - Fala Carol. - Seu Edgar as olha com os olhos brilhando e continua: - Combinamos de eu escolher o nome se fosse menino e ela escolheria se fosse menina, quando descobrimos que eram gêmeas, pensei que íamos escolher juntos, mas ela já tinha pensando no nome e não estava aberta a mudanças. "Vai ser Carolina e Beatriz", fala. E eu tive que aceitar, Alessandra tinha um jeito meigo e segura de falar, quando vocês nasceram eu falei - "Esse nome combina perfeitamente com elas." e Alessandra sorriu, olhando para mim, como quem diz "Eu sei, eu que escolhi." - Diz Seu Edgar, que se sente leve em dividir aquelas lembranças de sua falecida esposa com suas filhas.
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17 Primaveras - (COMPLETO).
Mystery / ThrillerO que acontece quando a mentira se torna parte de uma história? São muitas perguntas, mas poucas respostas. Bia e Carol são gêmeas e tem 17 anos, foram criadas pelo Pai Edgar e a Avó paterna Helena, sempre tiveram tudo o que queriam, levavam uma vid...