Capítulo 2

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— A senhorita está bem, milady? — perguntou o cocheiro, enquanto tirava o próprio casaco para usar como guarda-chuva improvisado para ela.

— Estou bem, Jack, obrigada. — Sorriu em agradecimento. — Vocês estão bem? Alguém está ferido?

Os três balançaram a cabeça em negativa, o que aliviou a tensão que ela sentia.

— Perdão por não evitar o assalto, milady — pediu Glen, o batedor, baixando a cabeça respeitosamente. — Mas eram muitos e armados, achamos melhor não enfrentá-los com a senhorita conosco.

— Fizeram bem — tranquilizou-os. — Sei que foi a melhor atitude.

Se ninguém estava ferido, precisavam apenas se localizar, encontrar uma propriedade próxima e caminhar até ela ou então arrumar uma carona. Tarefa fácil, muito fácil.

— Precisamos sair da chuva! — disse, elevando a voz para sobrepor o barulho ensurdecedor da chuva que aumentou.

O abrigo embaixo de uma árvore não seria suficiente por muito tempo. Pelas suas contas, chegariam a Devonshire no início da noite, o que queria dizer que ainda tinham algumas horas de viagem pela frente. Caso não estivessem a pé, é claro.

Agora, ela não fazia a menor ideia de onde estavam. Seus criados a olharam em busca de instruções e sua mente trabalhava em qualquer rota de fuga possível. Pena que não existiam muitas nessa situação.

Pense, ordenou para si mesma. Olhou para cima e para a floresta ao seu redor buscando qualquer inspiração e... é isso! Virou animada para o grupo:

— Jack ou Glen, algum de vocês sabe como subir em uma árvore?

— Subir em uma árvore? — questionou desconfiado o batedor, olhando-a com espanto.

— Isso mesmo — afirmou ela. — Preciso que um de vocês suba naquela árvore — e apontou para a árvore mais alta nas proximidades — para localizar alguma propriedade próxima que possa nos abrigar.

— Eu vou, milady — disse Jack, e partiu para escalar a árvore, deixando o batedor para cuidar delas.

O cocheiro demorou muito mais tempo do que ela gostaria, e quando retornou parecia desanimado.

— Encontrei uma única propriedade a noroeste daqui. — Apontou na direção. — A casa, pelo que pude ver, parece grande.

— É uma ótima notícia, Jack! — comemorou Amanda. — A quantas milhas?

— Esse é o problema, milady, — disse, desanimado — muitas milhas. Vamos precisar caminhar por umas quatro horas para chegar.

— Mas está chovendo demais e terá escurecido até lá! — protestou Rose, segurando seu braço.

Amanda refletia a situação que estavam, pois sabia que seus criados precisavam que ela desse a ordem.

— Melhor escurecer e chegarmos até a propriedade do que escurecer e permanecermos sozinhos na estrada — ponderou, por fim. — Vamos precisar caminhar embaixo da chuva e torcer para a propriedade ser habitada para poderem nos receber.

Sair debaixo da árvore para entrar na tórrida chuva foi uma das decisões mais difíceis que ela tomou. A árvore protegia levemente da chuva, deixando que poucos pingos chegassem até ela. Mas no momento que colocou o pé para fora e a chuva gelada a atingiu novamente, quase se arrependeu.

Não bastava a chuva que castigava seu corpo e escorria pelo seu rosto, o vento passava por todas as frestas do tecido, grudando ainda mais no corpo o vestido pesado e encharcado da chuva. Os quatro caminhavam atravessando a floresta e os lamaçais, parando ocasionalmente para que Jack escalasse uma árvore para verificar se estavam na direção certa.

Armadilha para um beijo | Reencontros de amor - Livro 2 **AMOSTRA**Onde histórias criam vida. Descubra agora