A noite poderia ter sido pior, refletiu. O silêncio constrangedor foi o que mais a incomodou, mas não tinha como evitar. Afinal, era impossível conversar com alguém que não queria ou não sabia o que fazer.
Apesar dos melhores esforços do conde, Amanda tinha a impressão de que o ponto alto da conversa foi dois foi o momento que ela disse que iria embora pela manhã. Claramente ele ficou feliz, o rabugento.
Ainda assim, um rabugento que insistia em ficar gravado em sua memória.
Sem responder a sua pergunta, olhou-o desaparecer no longo corredor e suspirou. Era hora de entrar e arrumar-se para dormir, largar esses pensamentos idiotas que não a levariam a lugar nenhum.
Quando fechou a porta, Amanda recostou-se nela para conter a súbita tontura que a atingiu. Por certo que virou rápido demais e seu corpo a recriminava.
Ou talvez... ficara de cama por conta de um fortíssimo resfriado duas semanas atrás e mesmo contra as indicações de Abigail, sua mãe, ela decidiu viajar. Sua mãe insistiu que talvez não estivesse totalmente curada, mas ela não quis saber. O resfriado já atrasou seus planos de solidão, por isso insistiu em viajar. Neste exato momento se arrependeu amargamente de não tê-la ouvido.
Tudo menos uma recaída, repetiu as palavras na sua cabeça. Ela não precisava ficar confinada em outro lugar, longe da paz e quietude que Devonshire representava. Ela não precisava ficar na casa dele.
Se arrumou com pressa, se enfiando embaixo dos cobertores e agradecendo a bendita alma que acendeu a lareira em seu quarto mais cedo. Rezou por uma noite tranquila e para um amanhecer mais rápido ainda.
Era madrugada e Julian ainda não conseguira pregar o olho. Tudo bem que ele estava no escritório e longe da sua cama, mas sentia uma completa ausência de sonolência ou qualquer indicativo de que conseguiria dormir.
Por que tinha que ser tão difícil desde que Grace partiu? Ele fechava os olhos e era perseguido pela mesma cena, sem trégua. Não existia paz em seu sono ou em sua noite, as lembranças o perseguiam.
Em seu sexto mês, precisou deixar o casamento de seu melhor amigo mais cedo apenas para ficar com sua teimosa Grace que estava de cama e quase não tinha forças para levantar. Nos poucos dias em que acordava menos abatida, ele a carregava no colo até as espreguiçadeiras do jardim, onde ficavam conversando sobre nomes que dariam ao bebê e como ele ou ela seria.
— Quero uma menina com seus olhos âmbares — insistia sua esposa.
— Apenas se ela tiver seus cabelos loiros. — Ele sempre retrucava.
Julian costumava dizer que preferia estar rodeado de mulheres, e queria mais uma menina para amar e ser amado por ela. Grace casou com ele sabendo que era um libertino, amando-o apesar seu passado conquistador e fazendo gracejos constantes com ele sobre isso. Por isso, sabia que nunca poderia amar alguém como a amou, desde o primeiro momento que colocou seus olhos sobre ela.
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Armadilha para um beijo | Reencontros de amor - Livro 2 **AMOSTRA**
RomanceLady Amanda Lester não estava acostumada a ser rejeitada. Depois de cinco longas temporadas - e uma sexta a caminho -, nada poderia ser mais comum do que bailes e saraus, pedidos de casamento feitos por caça-dotes e ser corteja por cavalheiros que n...