Amanda respirou fundo.
Desde pequena se orgulhava de ser uma mulher muito educada. Sua mãe lhe ensinou sobre postura, como andar, falar e se vestir. Era versada na arte da conversa, bordado, tricô e música. Sabia falar francês, entendia de história, matemática e até mesmo de política. Nasceu em uma família nobre e foi criada para ser uma lady, em todo o conjunto da palavra.
Só existia um único talento que ela nunca aprendeu: paciência.
Porque tudo na vida tinha limites.
E Amanda tinha chegado ao máximo de grosserias que poderia aguentar sem retrucar.
Com força, puxou a mão que ainda estava na do conde e fechou os punhos ao lado do corpo. O seu sangue ferveu rápido e as palavras saíram antes que pudesse controlar:
— O senhor é extremamente mal-educado!
O conde semicerrou os olhos e ela jurou que uma veia saltou no seu pescoço.
— É bom a senhorita lembrar que esta é a minha casa!
— Então aja como o lorde que é!
A expressão dele, fechada, denunciava que um embate entre eles seria travado. O conde avançou um passo na direção dela, inconsciente, e olhou-a de cima:
— Como é?!
Se o intuito era amedrontá-la, se decepcionaria. Amanda não era uma mocinha desavisada ou despreparada. Ajustou sua expressão e empertigou a coluna o máximo possível:
— Para um lorde, o senhor está realmente sem prática já que em momento algum perguntou como eu estou. Pois saiba o senhor — disse ela, cutucando-o no peito com o dedo indicador — que comecei meu dia sendo assaltada na estrada e levaram toda minha bagagem e a carruagem. Andei mais de quatro horas embaixo da chuva para chegar até aqui, apenas com a roupa do corpo e três criados tão assustados quanto eu. Tudo isso para me deparar com o senhor! — Ergueu a mão fazendo um gesto para abrangê-lo. — Que, para piorar, enlouquece ao me ver usando este vestido para o jantar. Preferia que eu usasse a mesma roupa?
O conde apertou tanto os dentes que ela pode ouvir o rangido.
— A senhorita está aqui pela consideração e amizade de longa data que tenho com seu irmão. Se o seu dia foi tão ruim, posso ajudá-la colocando-a em uma carruagem e a despachando agora mesmo para Whitmore — devolveu em voz baixa, entre os dentes, apontando para a porta.
— Faça! Mal fiquei cinco minutos na presença do senhor e tenho certeza que é um... um... rabugento!
A expressão de raiva no rosto dele suavizou-se levemente quando ele arqueou uma sobrancelha. Ela jurou ter visto um traço de divertimento nos olhos dele, mas foi tão rápido que poderia apenas ser um reflexo da luz.
— Terei o maior prazer em sair da sua propriedade, Lorde Treadwell. E terei o maior prazer ao contar para Alec sobre o tratamento que o padrinho e melhor amigo dele deu para sua irmã — disse, orgulhosa, virando as costas para voltar ao quarto.
Subiu apenas dois degraus quando a mão de Treadwell alcançou seu braço. Amanda olhou para a mão masculina e depois para seu rosto, aguardando.
— Como a senhorita está, Lady Amanda? — perguntou, a voz mais branda em uma tentativa de apaziguar a situação.
— Estou bem, milorde — respondeu sucinta. Não facilitaria.
— Não sabia que a senhorita tinha sofrido um assalto.
— Foi um grande susto, mas ninguém se feriu e isso é o mais importante.
Ele assentiu em concordância, ainda segurando seu braço, agora com delicadeza.
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Armadilha para um beijo | Reencontros de amor - Livro 2 **AMOSTRA**
RomanceLady Amanda Lester não estava acostumada a ser rejeitada. Depois de cinco longas temporadas - e uma sexta a caminho -, nada poderia ser mais comum do que bailes e saraus, pedidos de casamento feitos por caça-dotes e ser corteja por cavalheiros que n...