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POV Any

A última coisa que me lembro com clareza, foi de ter ido até a casa de Sabi depois da briga com Josh, depois disso, é tudo um borrão. O que eu sei é que tive um aneurisma que se rompeu por stress, Josh me contou. Ele me fala tudo que acontece enquanto eu não me recupero.

Ele acha que a culpa é dele, mas não é bem assim, outras coisas já estavam me deixando nos nervos, a nossa briga foi só mais uma, e outra, não tinha como ele saber que tinha um troço prestes a explodir no meu cérebro. Sei que meio que terminei com ele naquele dia, ambos fomos meio precipitados, mas não foi o suficiente para ele desistir de nós. Ainda bem. Meu namorado (sim, ainda o considero assim) me explicou tudo e já o perdoei, mas ainda precisaremos conversar. Às vezes me odeio por perdoar tão facilmente e se estivéssemos em condições normais, eu precisaria de muito mais tempo. Só que o coma me fez rever prioridades e a minha é a família, então pouco importa se estou sendo trouxa de sair perdoando, o que me importa é a minha felicidade com Josh e Estela. A vida é curta.

Ele me disse tudo, desde o casamento arranjado dos pais que acabou com a mãe dele, até a parte que o pai mandou me seguirem, pois queria arruinar a nossa relação para que ele se case com uma riquinha. Outro casamento arranjado... Será que ele não entendeu ainda que isso não dá certo? Confesso morro de ciúmes só de imaginar ele se casando com outra. Não quero nem pensar nisso.

Hoje ele me disse umas coisas lindas, aquelas do fundo do coração que me fizeram ter mais vontade ainda de acordar e voltar para a minha família. Nunca em minha vida senti tanta sinceridade e amor em palavras. Eu vou conseguir acordar, tento todos os dias e não vou desistir. Quando Josh falou sobre termos mais uns dez filhos parte de mim achou fofo e engraçado, mas a outra teme sua reação quando lhe contar o meu problema. Na hora que ele me confrontou, não tive coragem, é um assunto delicado. Planejo falar assim que eu estiver pronta.

Escuto as vozes de Josh e Estela e me alegro ao saber que a minha pequena veio me visitar. Fico também um pouco preocupada dela me ver assim, mas se Josh a trouxe é porque não devo estar tão ruim assim. Ela pede um tempo sozinha comigo e Josh cede saindo do quarto.

— Mamãe, o papai disse que talvez você pode ouvir a genti, eu não sei né, mas não custa nada tentar...

— Tamo com saudade mamãe, eu e o papai sentimos a sua falta, ele acha que eu não percebi, mas agola ele vivi triste e chorando escondido de mim, o vovô e a vovó também

— Sinto saudade do seu beijinho de boa noite, do seu calinho, da sua comidinha, do seu abaço, de você cantando musiquinha ou historinha pra eu dormir... Eu não quelo ficar sem mamãe... – diz e escuto uns soluços sinalizando o choro da minha menina

— Por favor mamãe, volta pla genti, eu pometo nunca mais fazer bagunça e fugir do banho e nunca mais comer doce escondido, você é a melhor mamãe do mundo, te amo – fala me dá um beijo na bochecha e sinto seu rostinho molhado

Espera... eu SENTI isso... é a primeira coisa que sinto em dias... Acho que é um bom sinal!

Me partiu o coração ouvir como minha pequenininha está machucada com a minha ausência, como sente a minha falta. Tudo que eu queria era dar um abraço nela e dizer que vai ficar tudo bem. Escutei, outro dia, que ela não agia mais como a minha menininha radiante e não estava querendo nem sair pra tomar sorvete. Essas coisas acabam comigo, Estela é a minha prioridade e apesar dela estar crescendo mais rápido que eu gostaria, ainda a considero a minha bebezinha e quero protegê-la de todo mal desse mundo, não quero que sofra, sei que é impossível, mas faço o meu máximo, eu e o Josh na verdade.

Fazem exatos cinco dias que tento a todo custo dar sinais de que estou bem, de que meu cérebro não virou gelatina, de que eu ainda sou eu, que consigo escutá-los e hoje acho que finalmente conseguirei apertar a mão de Josh, um gesto simples, acho que dou conta. Como sempre, ele veio me atualizar de tudo, a melhor parte do meu dia é quando ele conversa comigo, não me sinto sozinha.

— Oi, vida, procurei uma escolinha pra nossa filha do jeitinho que você queria, nada daquelas escolas de riquinhos como você pediu e encontrei uma perfeita, tem muita coisa pra fazer, aulas de natação, artes, balé, karatê, futebol, o que a nossa pequena tiver vontade de tentar, fica entre as nossas duas casas, coloquei ela de manhã porque ela gosta de dormir à tarde, mas tem aula o dia inteiro duas vezes na semana e eu poderia levá-la todo dia antes do trabalho. Acho que ela até gostaria de lá, já tinha pago tudo, mas acho que é melhor esperar até o início do ano letivo, depois das férias de verão, nós fomos ao primeiro dia de aula e ela não quis ficar, disse que queria que você estivesse lá também, assim como os pais dos coleguinhas de sala dela e começou a chorar e você sabe como eu sou mole com a nossa filha, então acabei cedendo

— Ela precisa de você mais que qualquer um, amor, por mais que a gente tente, você é insubstituível, você tem que ver o cabelo dela, ninguém sabe arrumar tão bem quanto você – faz um carinho na minha mão e sinto ser a hora perfeita para apertar a dele

Apertar a mão. Isso costumava ser fácil.

Eu consigo.

Apertar a mão.

Apertar...

Há controvérsias na esfera científica acerca dos níveis de consciência de pacientes em coma, inclusive se podem escutar, é um campo ainda meio inexplorado, o conteúdo deste capítulo é altamente ficcional ⚠️

Meta: 50 comentários

Próx cap agr só amanhã e gnt, n precisa comentar o alfabeto inteiro ou umas coisas aleatórias, uma hora a meta bate e nem demora muito kkkkk

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