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1.0

POV Any

Hoje é o primeiro dia de uma nova fase da minha vida. Estou livre. Esta semana me encontrarei com Josh e Caio para o nosso último encontro. Já estou procurando por um apartamento para viver com Estela. Amo meus pais, mas já sou adulta e é hora de mudar. O tempo que vivi com eles poupei tudo que pude e agora tenho dinheiro suficiente para minha independência.

Estela não vê o "pai" desde que ganhei a guarda provisória. Hoje ela acordou estranha e acredito ser esse o motivo.

— Meu amor o que foi que você tá assim hoje?

— Mamãe, cadê o papai? – ela pergunta e logo me preocupo, não imaginava que a conversa que tanto queria adiar teria de ser hoje

— Florzinha, você vai morar com a mamãe agora, você não tá feliz?

— Claro que tô, mas o papai sumiu...

— Amor, a mamãe descobriu que ele não é seu papai de verdade...

— Então eu não tenho papai? – pergunta triste

— Claro que tem filha – respondo

— E onde ele tá mamain? – ela pergunta esperançosa

— Filha...talvez um dia você encontre com ele, mas o importante é que a mamãe vai ficar com você pra sempre viu

Abraço minha menina com o desejo de protegê-la para sempre. Noto que ainda há dúvidas em sua cabecinha e pergunto à ela o que houve.

— Eu nunca mais vou ver o outro papai? – ela pergunta e sinto como um soco no estômago... Ela se apegou ao Thiago mesmo ele não sendo presente e um péssimo pai para ela...

— Por enquanto não, meu amor... – falo e a abraço novamente – mas tudo bem, você tem uma mamãe que te ama demais sabia?

— Também te amo, mamãe – diz fofa e me coração quase explode

Estela parece aceitar a situação, tomamos café e vou para o trabalho. Estou definitivamente convencida de que o melhor é que minha filha jamais conheça seu pai biológico. A tristeza em seu olhar, quando lhe disse que ela não veria mais ao Thiago foi angustiante, imagine se ela conhecesse Josh e depois ele sumisse também... Ela provavelmente cresceria insegura em relação ao amor das outras pessoas e a última coisa que quero é que carregue essa bagagem emocional.

Na quinta, deixo Estela com os padrinhos no período da tarde e me encontro com Caio e Josh num café. O advogado já preparou os novos documentos e o termo da guarda unilateral, e como de praste, ele lê o termo para ambas as partes. No momento em que ele menciona a dispensa da pensão alimentícia, algo no mínimo intrigante acontece, Josh até então não havia se manifestado, mas naquele momento reforçou que pagaria a pensão, e foi aí que uma reunião que duraria uma hora, perdurou o resto da tarde.

Josh estava firme em sua decisão e claramente nenhum de nós iria ceder.

— Olha só, desde o primeiro dia você me acusou de querer o seu dinheiro e eu deixei claro que era última coisa que eu queria. Eu sou mais que capaz de cuidar da MINHA filha – digo decidida

— Eu só quero que ela tenha uma vida boa, digna do nome que carrega – Josh diz

— Então se isso é sobre aparências não se preocupe que se depender de mim ninguém jamais saberá que Estela tem você como pai

— Droga, Any, eu só quero que ela fique bem e esse dinheiro é pra ela e não pra você, ela é minha filha...

— Engraçado você dizer isso, já que não quer assumir nenhuma responsabilidade de pai, deixa eu te contar uma coisa, Joshua, o seu dinheiro não resolve tudo

Caio vendo a situação intervém mencionando que por lei esse é o direito de Estela e que eu estaria a privando de um futuro melhor. Reflito por alguns instantes e por fim aceito o estabelecimento de um valor mensal. Josh por lei tem a obrigação de pagar uma pensão proporcional à sua renda, ou seja, Estela receberá por mês uma fortuna que pretendo investir em sua educação.

— Olha só Josh, pouco me importa se você vai pagar pensão, a partir do instante que você assinar esse papel você abre mão de ser pai dela. Não volte atrás depois, Estela precisa de pessoas por inteiro que estejam com ela para sempre. Não a procure em alguns anos, ela não é uma segunda opção.

— Ok – respondeu frio e despreocupado

Depois dessa resposta dele não falo mais nada, ele tomou sua decisão. Assinamos todos os documentos e agora eu tinha a guarda total de Estela e ninguém poderia tirá-la de mim.

Vou direto para casa, pois Sabi e Pepe já deixaram Estela em casa. Chegando lá, vejo meus pais brincando com minha filha, apesar de tudo, eles sempre quiseram o melhor para mim. Compreendo o ponto de vista deles, afinal, naquela época, ficar com Thiago parecia certo. Não os culpo por nada, pois sei que estavam tentando garantir à Estela uma família completa e convencional.

Tenho consciência que minha filha sentirá falta de uma figura paterna. Quando ela for para a escolinha ano que vem e vir todos os amiguinhos com os pais juntos, provavelmente, irá se perguntar o porquê de ter uma família diferente da dos demais.

Sinceramente, foi melhor assim. Poupou decepções. Imagine Estela procurando pelo pai na plateia das apresentações de colégio e ele não aparecer? Ou se ele esquecesse alguma data importante pra ela? Acho que seria pior viver desse jeito. Prefiro pensar dessa maneira, pois a realidade me machuca.

A realidade de que vou ser pai e mãe ao mesmo tempo, que no dia dos pais minha menina não vai ter quem levar nas homenagens de colégio, a realidade que minha filha foi abandonada pelo pai, por pura escolha dele.

Assim que minha filha percebe minha presença, corre para me dar um abraço e dizer que sentiu minha falta. Olho nos olhos da minha menina finalmente em paz, ela é meu tudo.

Dormimos grudadas mais uma noite, sei que não é um bom hábito e que Estela precisa dormir em sua própria cama, mas acho que sou eu quem não consegue dormir sem ela.

Tirando o Noah, todos integrantes farão aniversário no mesmo dia de seus aniversários na vida real :)
Além disso, o casamento da Sabi será no outono do hemisfério norte, ou seja, meados de setembro/outubro.