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3.3

POV Any

Fazia cerca de um mês que Josh estava morando conosco, os dias que ele ficaria aqui se tornaram semanas e bom, acabamos nos acomodando. Estela foi liberada das consultas e teria que voltar daqui a 6 meses apenas e, apesar de ter me causado um aperto no peito, tenho que admitir, era hora de Josh voltar para sua casa e Estela para sua própria cama.

Essas semanas que moramos sob o mesmo teto nos aproximaram bastante, acho que eu e Estela finalmente conhecemos o "verdadeiro" Josh, meses atrás, quando eu o procurei, sequer imaginei que ele se tornaria um pai tão atencioso e que fosse uma pessoa tão boa, por debaixo daquela casca de malvadão que ele exibe por aí.

Tomei a iniciativa de falar com ele sobre, pois sei que se não o fizesse agora, não faria nunca mais. Me vi me apegando, precisando, querendo a presença dele e até sentindo saudades quando ele saia para trabalhar. Isso era demais para mim, me prender à uma ilusão e, quando vi que Estela estava se acostumando - e o pior amando - esse conto de fadas, percebi que era hora de voltarmos à vida real. Não devíamos continuar iludindo nossa filha como se estivéssemos juntos e depois jogar a realidade e esperar que ela aceite numa boa.

— Josh – o chamo e inclino a cabeça em direção ao corredor para irmos até lá conversar à sós

— Diga – o loiro diz baixo

— Agora a Estela está livre de riscos e acho que está na hora de você voltar para casa... Daqui a pouco ela vai começar a pensar, se é que já não pensa, que moraremos juntos para sempre

— Er... Concordo... Essa situação pode deixá-la confusa com tudo – o loiro diz pensativo

— Que bom que concordamos

— Hoje mesmo arrumarei minhas coisas e conversaremos com Estela sobre eu ir para casa... Espero que ela entenda que não estou a abandonando

— Jamais! Deixaremos as coisas bem claras à ela, quanto à isso pode ficar tranquilo

— Depois do jantar falamos com ela então

— Pode ser – concordo

A noite chegou, jantamos juntos como tínhamos feito em todos esses dias e chamei Estela para a conversa.

— Estrelinha, venha aqui que nós precisamos falar com você – a chamo e ela vem desconfiada

— Você começa? – digo olhando para Josh que estava ao meu lado e ele assente

— Filha, você tá ótima e eu e a sua mãe conversamos e... – o loiro trava no meio da fala provavelmente com medo da reação da filha – Decidimos que tá na hora do papai voltar pra casa... – Josh diz e Estela fica quieta

— Por que? – a pequenina se pronuncia com a voz embargada depois de um tempo em silêncio

— Meu amor, não precisa chorar, seu pai vai continuar te vendo igualzinho era antes, ele só não vai mais dormir aqui – coloco ela sentada em meu colo e explico

— Por que papai? – insiste na pergunta com lágrimas nos olhos

— Meu bem, eu tenho minha própria casa, tenho que ir para lá... Se você quiser ir dormir lá em casa pode ir à vontade... Eu vou amar sua visita filha... Nada vai mudar entre nós, querida – Josh tenta explicar e seco as lágrimas da nossa filha

— Filhota, amanhã seu pai vem passar o dia inteirinho com você, está bem? E vai continuar te visitando e te levando para passear sempre, se acalma estrelinha... Você lembra do que tem aqui dentro? – pergunto pegando o pingente de seu colar

— Olha aqui... – abro o pingente de coração e mostro nossa foto – Eu, você e o seu papai estaremos sempre juntos... Não é porque ele vai pra casa dele que alguma coisa vai mudar entre vocês... Entendeu filha? – Estela assente ainda um pouco contrariada – Agora para de chorar... Mamãe fica triste de ver você assim bebê... – beijo a bochecha da minha garotinha

— Vai dar um abraço no seu papai que ele vai daqui a pouquinho – digo e ela vai até o pai e o abraça apertado por um bom tempo

Josh acabou de sair e Estela ficou um pouco pra baixo então decido colocar um filme da Disney para assistirmos e ela logo adormece - como sempre - me pergunto o dia que iremos assistir um desses filmes até o fim. Coloco minha menina em sua cama, a cubro com sua mantinha, beijo sua testa e vou para o meu quarto. Depois de um tempo me distraindo nas redes sociais, me deito para enfim dormir até que minha filha surge na porta.

— Mamãe, posso dormir com você? – Estela pergunta com uma carinha de cachorrinho que caiu da mudança e não nego

— Claro querida – respondo e minha garotinha sobe na cama e se aconchega em meus braços adormecendo novamente em instantes