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4.2

POV Any

Estava trabalhando tranquila, Estela foi passar a tarde na empresa do pai então fiquei sozinha em casa. Josh está ausente esses últimos tempos, não tem tempo pra nada, não sou o tipo de mulher grudenta, mas puxa vida, ele tá ausente como pai e como namorado. Mal vem ver a Estela e quando dorme aqui, vai embora cedo e não dá nem pra tomar um café com ele direito.

Aproveitei para dar o máximo de mim no projeto, não é todo dia que posso trabalhar sem preocupações. Meus planos, no entanto, vão por água abaixo quando meu interfone toca e o porteiro me pergunta se minha amiga Sina pode subir. Autorizo a entrada da loira e espero ela subir, curiosa do porquê da visita repentina. Ao abrir a porta, logo me encho de preocupação ao me deparar com a figura da loira com a maquiagem toda borrada e com uma carinha de choro.

— Sina... O que houve? – abro espaço para que ela entre

— Preciso de ajuda... e acho que você é a única capaz de me entender... – diz com a voz trêmula e a abraço

— Quer uma água? – pergunto e ela assente

Vou até a cozinha, pego um copo d'água e volto rapidamente para a sala onde a loira me esperava.

— Toma, se acalma – passo a mão em suas costas na tentativa de deixá-la mais calma

— Obrigada – agradece e toma o líquido

— Tô grávida – fala na lata e me mostra os um, dois, três, quatro, cinco, seis... sete testes que fez e o exame de sangue

— Devo dar os parabéns? Você não parece feliz

— Any, eu sou tão nova pra ser mãe... Tô apavorada

— Quer saber como é? De verdade? – pergunto e ela assente

— Olha, eu não vou mentir pra você e dizer que não vai ser assustador, que talvez você questione sua capacidade de ser uma boa mãe pro resto da vida, que seu filho não vai dar trabalho e sugar toda a sua energia, eu definitivamente não estou aqui para romantizar a maternidade pra você, é desse jeito mesmo... e esse é o sentimento de toda mãe

— Eu não me sinto pronta... Encarar uma responsabilidade dessas...

— Sina, ninguém está pronta para ser mãe, você acha que eu estava pronta? Longe disso, eu era mais jovem que você, não tinha nem terminado a faculdade, morava com os meus pais, não tinha emprego e nem um pai decente pra minha filha... Eu era um desastre. Sem exagero...

— E... como soube que ter a Estela era o certo a se fazer? – pergunta nervosa

— Ah... Eu acredito que Deus não te dá uma cruz que você não possa carregar, se esse feto tá aí na sua barriga é porque era pra ser, é porque você vai conseguir, com a Estela, eu fiquei apavorada no começo, mas com o tempo, passei a amar o pedacinho de mim que crescia em meu ventre e eu acho que é disso que você precisa, tempo, pra assimilar as mudanças que um bebê causa na sua vida – digo e noto Sininho com os olhos marejados

— Eu não tô dizendo que vai ser fácil, eu tive problemas, muitos deles, mas com toda a certeza vale a pena, vale cada segundo, quando você tiver o seu bebê pela primeira vez nos seus braços, quando ele der os primeiros passinhos, quando falar as primeiras palavrinhas, você vai saber, vai sentir, que foi a melhor decisão da sua vida – falo e ela começa a chorar ainda mais

— Sina... Você e Noah vão se sair bem... não tenho dúvidas... já contou pra ele? – tento confortá-la

— Não posso, o que ele mais quer é um bebê, não dá pra contar agora, ele vai ficar super feliz e esperar a mesma reação de mim que ainda tô assimilando tudo