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Depois de passar uma hora no telhado, resolvo entrar para dormir, hoje o dia foi bem cheio e a melhor coisa a se fazer é dormir. Pego no sono rápido, só que algo me faz acordar no meio da noite. Sinto um peso sobre meu corpo, e algo tocando meu rosto, abro os olhos na hora e me deparo com algo que se parece com um homem, mas tinha asas e chifres. Quando eu estava prestes a gritar, a mão que estava em minha bochecha tampa minha boca, abafando o grito. O medo toma conta do meu corpo, e não consigo mexer nem um musculo do meu maldito corpo. Estou totalmente paralisada.

- Pelo visto já se acalmou. - uma voz rouca ecoa pelo quarto. Devagar ele tira sua mão da minha boca. - Espero que eu não me arrependa. - parecia dizer mais para si mesmo do que para mim.

Tento aproveitar a chance para gritar, mas o medo levou não apenas os meus movimentos, como minha voz.

- Não precisa ter medo. - revira os olhos lentamente.

Pergunto-me se ele está sendo irônico ou não.

Aos poucos sinto meu corpo voltando ao normal. Consigo sentir minhas pernas de novo. Me ajeito, ficando sentada com as pernas cruzadas.

- O que... O que aconteceu comigo? - tento falar devagar.

- É o famoso "paralisado de medo". - gesticula com as mãos, enquanto anda pela quarto. - Afinal, como você conseguiu fazer isso? - franze a testa.

- Isso o quê? - rebato confusa.

- Bom, não era para você ter acordado e nem ter me visto. - põe a mão no queixo pensativo.

Ele parece estar mais confuso que eu.

Quando ele finalmente sai do canto escuro do quarto, consigo ver melhor seu rosto. Meus olhos quase pulam para fora ao ver ele parado no meio do meu quarto nu!

Minhas bochechas queimam feito brasa.

Até que olho para seu rosto.

- Jack?! - tento me cobrir com os lençóis, antes que ele me veja de pijama.

Como se ele já não tivesse reparado, Elle.

- Bom, agora eu sou. - força um sorriso. Caminha até mim. Me encolho mais ainda no canto da cama. - Já que não param de me chamar assim. - sua última frase me deixa mais confusa. - Levanta. - fala quando chega ao lado da cama.

- O quê?! - questiono assustada.

- Eu falei para levantar. - seu semblante sério me deixa mais nervosa.

Saio da cama, ficando parada na sua frente.

Ele começa a me revistar como se estivesse procurando algo.

- Como se chama? - pergunta mexendo no meu cabelo.

Pelo visto ele não se lembra do meu nome. E por que eu ficaria surpresa? Jack nunca lembraria de mim, nem se eu o salvasse de algo extremamente perigoso.

- Hã... Elle. - estou tão confusa com essa situação toda que o medo que eu sentia foi embora sem nem eu reparar.

Ele parece finalmente achar o que estava procurando. Me encara antes de rasgar minha blusa com as mãos. Fico desesperada com a situação, tento cobrir meu corpo com as mãos, mas é a mesma coisa que nada. O medo novamente aparece me fazendo pensar em milhões de coisas. Uma lágrima escorre em meu rosto. E Jack não parece ligar para o meu estado.

- Não me machuque, por favor. - imploro com a voz trêmula.

- Agora tudo faz sentido. - diz encarando minha correntinha pendurada em meu pescoço. Pega uma caneta da escrivaninha e a usa para levantar o pingente.

Seu olhar é direcionado para mim, junto a um sorriso, parece feliz por achar o que estava procurando.

- Onde conseguiu isso? - seu olhar é tão intimidador que não consigo dizer nem uma palavra. - Não ouviu a minha pergunta? - levanta a sobrancelha a espera de uma resposta.

- E-eu...

Vamos, Elle, diga algo!

- Estou esperando. - seu tom de voz mostra o quão impaciente está.

- A senhora Wilson, uma amiga da igreja, me deu. - respondo encolhida.

Jack parece saber quem é, o que é estranho já que provavelmente não frequentam o mesmo lugar.

- Então aquela bruxa velha ainda está por aqui. - diz com um sorriso debochado.

Bruxa? Velha? Do que ele está falando?

- Interessante. - passa a mão no cabelo que caía em seu rosto. - Onde ela mora? - me encara segurando em meu braço que cobria meus seios.

- Eu não vou dizer onde ela mora. - puxo meu braço, me soltando.

- Escuta aqui garota, eu não tenho tempo para gracinhas. - aponta o dedo na minha cara.

Eu não estava entendendo o que estava acontecendo, mas essa história já estava indo longe demais. Minha mãe não me ensinou a ser fraca, não foi assim que me criou.

"Escuta aqui, Elle. Você é uma mulher forte, inteligente e guerreira. Não te criei para ficar chorando toda vez que alguém faça ou fale algo que não te agrada. Te criei para todas as vezes que cair no chão, se levantar de cabeça erguida, sem demostrar fraqueza, porque o que o inimigo quer, é te ver fraquejando e desistindo, então eu acho bom você nunca, mas nunca abaixar a cabeça para ninguém. Ouviu bem?"

Então respiro fundo e é agora que eu boto um basta nessa história toda.

- Escuta aqui, Senhor Jack Cole! - dou ênfase em seu nome. - Eu não sei que merda é essa que você pensa que está fazendo, mas acabou! - ele abre a boca para dizer algo, mas o corto. - Eu ainda não terminei. - levanto o palma da mão em sinal de pare. E continuo. - Entra na droga do meu quarto. - que Deus me perdoe pelo palavreado. - Começa a me revistar, rasga a minha roupa me deixando nua. Nua, Cole! E ainda acha que está no direito de exigir que eu responda essas suas perguntas sem pé e sem cabeça. Eu não sei se você é acostumado ou não a ter todas as pessoas aos seus pés, mas eu, Elle Bishop, não faço parte desse grupo de pessoas. Então, se eu fosse você, voltava para o lugar de onde saiu, e fingia que nada disso aconteceu. - termino ofegante. Sinto meu peito subindo e descendo como se eu tivesse corrido uma maratona.

Oh! Céus, eu preciso de água.

- Ok, senhorita, Elle Bishop. - debocha com as mãos para cima, seu gesto me faz revirar os olhos. - Eu dou meu jeito. - toca me queixo.

Começa a andar até à janela, até que para e olha para trás.

- Afinal, belos seios. - passa pela janela e a fecha pelo lado de fora. Cubro meus seios depressa.

- Merda! - arregalo os olhos tampando a boca.

Eu nem sei o que vai ser de mim se meus pais descobrirem o que aconteceu aqui. É capaz deles me mandarem para bem longe para estudar em um colégio de freiras. Já que esse é o maior sonho do meu pai, mas minha mãe sempre foi contra, agora se eles souberem, não vai ter como ela me defender.

- Ok. Respira fundo e tenta se acalmar. - tento controlar minha respiração para que ela volte ao normal.

Vou até meu guarda-roupa e pego uma blusa para dormir. Pego a rasgada e a coloco dentro da mochila, amanhã de manhã no caminho para a escola, a jogo fora, e vai estar tudo resolvido.

~~~~~*~~~~~

Boa noite, desculpa pela demora. Mas finalmente postei mais um capítulo, e tenho que admitir que estava com saudades. Então espero mesmo que tenham gostado.♥

DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora