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A noite passada foi terrível. O barulho estrondoso não me deixou dormir por nada, acho que ninguém nessa cidade conseguiu dormir. O vento forte parecia que iria arrancar o telhado da casa, me senti em O mágico de Oz. Sem contar a aflição em meu peito. Eu só queria que aquilo tudo acabasse, e que eu pudesse ter uma boa noite de sono.

Na manhã seguinte sou acordada pelo despertador. Quando abro à cortina vejo que a chuva parou, e que só restou as consequências daquela tempestade. A rua está cheia de folhas espalhadas. Árvores caídas, e outras totalmente destruídas. Algumas casas com o telhado destruído por uma árvore caída, e outras pelo vento forte. Carros foram parar na esquina. Estava tudo completamente destruído. Corro até o quarto dos meus pais.

- Pai! Mãe! - bato desesperada na porta. Sem resposta, entro com tudo no quarto. Eles não estão. Meu coração acelera. Não consigo respirar direito. Apoio às mãos na parede do quarto, e tento respirar fundo, contando até dez. - Ok, Elle. Você precisa se acalmar. - minha respiração começa a voltar ao normal. - A cozinha! - desço correndo às escadas. - Mãe! - olho para o cômodo vazio e fico mais desesperada. Só consigo pensar em coisas horríveis que poderiam ter acontecido. Até que...

- Olá, querida. - olho para à sala, e a vejo fechando à porta da frente. - Nossa, está tudo destruído por conta da tempestade. - tira seu casaco e cachecol, e coloca no armário de casacos. Então finalmente consigo respirar aliviada. - O que houve, Elle? - aproxima-se, e toca meu rosto. - Está pálida. - verifica se estou com febre.

- Estou bem, mãe. - pego suas mãos enrugadas, e as beijo. - É que vi como está lá fora, e não achei nem você, e nem o papai. E pensei que tinha acontecido algo de ruim, não sei. Não consegui pensar direito.

- Tudo bem, meu amor. - abraça-me. - Só fui ver como a senhora Rodriguez estava. Se ela precisava de alguma coisa. Graças a Deus, não aconteceu nada de ruim com ela. - vai para à cozinha. - Venha tomar o café da manhã logo, para não se atrasar para à escola.

Sento-me à mesa, coloco meu café na xícara com um pouco de leite, e jogo um pouco de mel por cima das panquecas. Após terminar o café da manhã, subo para me arrumar para a aula.

Ao chegar na escola, me deparo com aquela multidão de pessoas falando alto e no meio da passagem. Não aguento mais essas pessoas, estou quase enlouquecendo. Tento passar pelas pessoas no corredor, e alcançar meu armário antes que o sinal toque. Mas o azar fala mais alto, então quando finalmente consigo chegar até o armário, ele toca, e o corredor finalmente fica vazio. Apresso-me para não chegar atrasada, mas a aula já havia começado.

- Com licença, professora Virgínea. - passo por ela indo para o meu lugar no canto esquerdo da sala. Tiro meu caderno da mochila, e começo a prestar atenção na aula de biologia. Estava todo mundo falando sobre a chuva de ontem, e que Jack não veio para a aula hoje, e nem se quer deu sinal de vida.

- Onde será que o Jack deve estar? - reviro os olhos com a conversa das garotas que estão atrás de mim. Aquele babaca não pode ficar um dia sem aparecer em seu castelo, que seus perseguidores começam a ficar desesperados. Isso é tão chato.

Depois de um dia exaustivo com aulas maravilhosas e pessoas irritantes que não sabem prestar atenção nas aulas e calar a boca, volto para casa

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Depois de um dia exaustivo com aulas maravilhosas e pessoas irritantes que não sabem prestar atenção nas aulas e calar a boca, volto para casa. Pedalo pela estrada vazia com minha bicicleta vermelha, enquanto observo o céu, ele está a mesma coisa de ontem à noite, cinza. Sinto o vento batendo em meu rosto. Fecho os olhos por alguns segundos apreciando melhor aquela sensação de liberdade que eu estava sentido. Sem perceber, um sorriso surge em meu rosto. Continuo a pedalar em direção a floresta, para pegar um caminho mais rápido até minha casa, até que vejo um homem deitado próximo a beira da estrada, como se estivesse inconsciente. Freio a bicicleta. Olho em volta procurando alguém que possa ajuda-lo ou estar com ele, mas não vejo ninguém. Cogito em ir embora, vai que ele é um maluco psicopata, mas e se ele for inocente? Eu ficaria me remoendo pelo resto da vida se ele morresse só por que eu não o ajudei. Desço da bicicleta, e a escoro em uma das árvores. Caminho calmamente até o homem sem camisa caído na beira do estrada. Aproximo-me dele, me agachando, e o cutuco. Nada. Respiro fundo, balanço seu ombro com mais força, e parece adiantar. Ele começa a se mexer e murmurar algo. Faz força para se levantar, mas parece ter um pouco de dificuldade, então me levanto para poder ajudar.

- Obrigado. - já de pé, me agradece pela ajuda. Quando levanta o rosto, fico aliviada por ser um rosto conhecido, e não um maluco. Já por outro lado, achava melhor ter deixado morrer.

- Então era aqui que o famoso Jack Cole estava. - olho para seu rosto pálido e sujo de lama. - Parece abatido. O que aconteceu? - coloco seu braço sobre meu ombro, e o ajudo a caminhar.

- Quem é você? - eu até diria que não é nenhuma surpresa ele não saber quem eu sou, mas ele realmente parecia muito confuso, como se nem soubessem onde está, ou o que aconteceu. Bom, deve ter usado tanta droga e bebida ontem, que deve ter esquecido até o próprio nome.

- Sou Elle Bishop. Estudamos na mesma escola. - chegamos até a árvore que está minha bike. Jack se apoia na árvore, deixando de se apoiar em meus ombros. Deu até um alívio.

- Escola? - sua expressão me deixa mais confusa que sua própria pergunta.

- Sim. - franzo a testa. - O colégio Hill. Não lembra? - pego minha bicicleta. - Fica se apoiando nela. - ponho sua mão sobre o guidão da bike.

- Sim. Lembro sim. - voltamos a caminhar.

- Que bom, porque isso seria estranho. Na verdade, eu bem que queria esquecer da escola. - saímos da trilha que liga a estrada e a floresta, estrando na rua que Jack mora.

- Não gosta da escola? - desvio o olhar da estrada para seu rosto.

- Não é bem da escola em si. É mais dos alunos. - pois é, Elle. Você quer se livrar deles, mas está ajudando o pior de todos. - Chegamos. - paro em frente a casa cinza com branco, com um jardim impecável. - Está entregue, Senhor Cole. - monto na minha bicicleta, e começo a pedalar.

- Obrigado! - olho para trás e o vejo parado acenando, apenas sorrio.

Ao chegar em casa, levo uma bronca da minha mãe por estar atrasada para o jantar, e ter desviado do caminho de casa, principalmente com um garoto. Após a refeição, vou direto para meu quarto orar. Depois da oração me jogo na cama, e me pego observando o teto. Pensando no babaca do Jack, em como ele foi parar lá.

- Isso é perda de tempo. - viro para o lado, e decido dormir, amanhã tem culto e eu preciso estar descansada.

DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora