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Jake Cole

 Não sei que sensação é essa que venho sentindo. Eu nunca tive isso antes, nem mesmo com as mulheres que tenho algum tipo de relação. Talvez eu esteja preocupado demais com aquela garota, não sei bem o porquê. Nunca fui de me importar com algo, e não me lembro da minha vida como humano para distinguir esses sentimentos. A única coisa que sei, é que me sinto confortável ao lado dela. Mas algo me diz que algo de ruim está prestes a acontecer. Não sei bem quando ou o porquê, apenas que está vindo.

É o nosso segundo dia de trabalho, e a freirinha está bem mais "solta" comparado ao dia que a conheci. Ela estava sempre na defensiva. Parecia um bicho que vivia enjaulado solto no mundo. Finalmente estou podendo ver seu verdadeiro eu, e até que estou gostando de ver esse seu lado descontraído.

Você está me ouvindo? – sou despertado do meu transe.

– Como? – pergunto confuso.

– Estava parado, me olhando sério. De inicio pensei que estivesse prestando atenção no que eu estava dizendo. Depois concluí que você só estava viajando.

– Apenas me distraí. – a adolescente à minha frente parece envergonhada com algo, o que me deixa um pouco confuso.

– Bo-bom... – gagueja de início, mas continua. – Acho que já concluímos a tarefa de hoje. – ajeita o cabelo atrás da orelha. Seus cabelos estavam soltos como a maioria dos dias. A diferença era a pequena presilha dourada em formato de borboleta.

Tão delicada quanto ela...

– Ok. – aceno com a cabeça. – O que você quer fazer agora? – encaro a garota que parece não entender muito bem o que eu disse.

– Como assim? – cruza os braços desconfortável.

– Bom, terminamos uma hora antes do horário combinado. Então o que você quer fazer nesse tempo que falta?

– Hã... Não sei bem. Nunca fiz isso antes. – diz desconcertada.

Às vezes esqueço que ela nunca socializou de verdade com outros adolescentes. Ou seja, nunca fez nada que um adolescente faria na sua idade. É tão... Pura.

– Qual é a sua idade?

– Farei 18 semana que vem. – escora na cadeira. – E você? – sorri.

– O que vai fazer no seu aniversário?

De início ela estranha a falta de resposta, todavia resolve responder mesmo assim.

– Minha mãe sempre faz um bolo. – fixa o olhar na mesa a sua frente, como se estivesse lembrando de algo.

– É sempre vocês três? – volta a me olhar.

– Sim. Sempre nós três. – suas últimas palavras saem como um sussurro, parece estar falando mais para si mesma. – Mas por que tanta pergunta?

– Nada, apenas para passar o tempo. – dou de ombros.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Ela me encara uma vez ou outra, enquanto observo a biblioteca vazia. Só tem nós dois no local, tirando a bibliotecária.

– Você já foi beijada? – a observo seriamente.

A jovem de cara fica envergonhada. Sua cara de espanto já responde à minha pergunta.

– E-eu... – sorri várias vezes, tentando disfarçar seu desconforto. – Não. Nunca fui. – diz por fim. Sua doce voz é baixa. Quase inaudível.

– Por que não? – levo o chiclete até a boca.

Ofereço a caixinha de metal com vários, e ela pega um.

– Nunca namorei alguém. – diz mascando o chiclete.

– E precisa namorar para beijar? – arqueio uma sobrancelha, a olhando.

De onde eles tiram essas coisas?

– Mas é claro que sim. – sua voz sai um pouco alterada. Deixando de lado aquela garota frágil.

– Não pra mim. – dou de ombros.

– Deve ser por que você é um mulherengo que gosta de viver no pecado! – agora ela está totalmente na ofensiva.

– Ah! Claro. Eu que sou o errado aqui. – reviro os olhos com seu comentário. – Não tenho culpa de estar aproveitando minha vida nesse lugar. – me inclino, ficando próximo ao seu rosto. – Deveria fazer o mesmo. – falo olhando em seus olhos arregalados. Me afastando logo em seguida.

– Nunca. – diz firme.

– Então vai morrer virgem, freirinha.

Minhas palavras parecem atingi-la em cheio. Seu rosto dá a forma de uma expressão de raiva, e derrota. Ela aparenta querer dizer algo, mas está anestesiada demais para isso.

Pego minhas coisas, e vou embora.

Se ela quer viver nessa vida de fantasia, problema é dela. Só não vem dar palpite em como eu devo me comportar. Me poupe do seu papo religioso.

Assim que saio do colégio, vou direto para uma cafeteria. Preciso de cafeína urgente. A bebida vai me ajudar a aliviar o estresse causado por aquela puritana. Odeio quando falam de religião perto de mim. Tudo envolvem essa droga, e isso me tira completamente do sério.

– Porra! – o barulho da lixeira chutada, chama a atenção de algumas pessoas. Ignoro os olhares assustados, continuando meu caminho.

O sino da porta sinaliza minha entra no pequeno estabelecimento. O lugar de cores pasteis, repleto de plantas e flores, – o que deixa o ambiente bem mais confortável - está praticamente vazio, por conta do horário. Caminho até a moça do caixa, para fazer meu pedido.

– Boa noite. – cumprimento me aproximando do balcão.

– Olá, boa noite. No que posso ajudar? – pergunta gentilmente, exibindo seu belo sorriso.

– Um café preto, por favor. – a moça digita por um tempo no computador antes de informar o valor. Pago pela bebida. E não demora muito para o meu pedido ficar pronto.

– Aqui. – me entrega o copo com a bebida.

– Obrigado. – agradeço dando as costas para ela.

– Obrigada, você! Volte sempre! – pelo reflexo da porta de vidro, a vejo acenando. Antes de fechar à porta atrás de mim, dou um pequeno aceno em sua direção, recebendo um pequeno sorriso de volta.

Ando pelas ruas escuras, perto do local que fui encontrado por aquela garota. Lembranças daquele dia invadem minha cabeça. Lembro-me dos pais desse garoto, foi fácil me livrar deles. Apenas os persuadi a sair de casa, e viajar. Eles já pareciam bem cansados dessa vida de pais. E do trabalho que o dono desse corpo estava dando a eles. Os convenci que serei responsável, e que "mudei".

Eles são tão manipuláveis.

Paro em frente ao local que eu estava. Dou um longo gole no café puro, seguido por um suspiro.

Aquele lugar deve estar uma completa zona sem mim. Infelizmente estou pouco me fodendo para eles. Que se matem.

– Bando de incompetentes. – observo o céu estrelado. A noite está belíssima e agradável.

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Boa noite, trouxe um novo cap para vcs. Espero que gostem. Bjs ❤️

DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora