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Mil desculpas pela demora, eu estou realmente muito pra baixo esses dias, e não estava tendo forças para criar algo para vocês. Só que hoje eu tentei e consegui trazer mais um capítulo para vocês. Obrigada por chegar até aqui, e que vcs tenham uma ótima semana❤️✨

 Elle Bishop

 Sabe aqueles dias que você não quer ver ninguém? Que qualquer coisinha vai te fazer pular no pescoço da primeira pessoa que ver pela frente. Então, eu estou exatamente assim. Não sei o que anda acontecendo comigo, mas não consigo dormir há dias. Vivo irritada sem motivo. E fico pior no colégio. E pra piorar, tenho que aturar Jack se exibindo pela escola o tempo inteiro, como se fizesse de propósito, só para me provocar. Como agora.

Ele chega no refeitório cheio de garotas a sua volta, as exibindo como um troféu.

- Olá, anjo. – alguém senta ao meu lado.

- Pensei que tínhamos um acordo. – comento sem tirar os olhos do meu prato. Não preciso nem virar para saber quem é.

- É, mas isso já faz um tempo.

Reviro os olhos.

- Isso foi semana passada, garoto.

- Sério? É que passar uma semana longe de você é como passar cem anos no inferno. – o vejo de relance com o rosto apoiado na mão sobre a mesa.

- Me poupe, Cole. – continuo a comer.

- Sabe, anjinha. Você tá muito estressadinha, deixa que eu te relaxo um pouco. – aproxima-se e da uma mordida de leve no lóbulo da minha orelha, fazendo meu corpo todo arrepiar e meu coração disparar.

- Você tá maluco?! – o empurro para longe de mim.

Pego minhas coisas saindo de pressa daquele ambiente. Entro no banheiro, me trancando em uma das cabines e começo a chorar. A memória recente de Jack me traz um sentimento enorme de culpa e nojo.

Eu não posso. Não posso sentir essas sensações, principalmente por ele.

Meu coração ainda está acelerado, como se eu tivesse corrido uma maratona. Tento controlar a respiração mais o choro só atrapalha.

- Meu Deus, peço perdão por pecar. Eu não queria ficar assim. Não foi assim que me criaram, foi apenas um deslize. Isso não vai se repetir. Por favor, me perdoa. – suplico em meio aos soluços.

Calo-me assim que escuto vozes se aproximando.

- Você viu aquela maluca correndo do refeitório que nem o diabo foge da cruz? – uma garota debocha aos risos.

- Aposto que é a primeira vez que algum garoto tocou nela daquele jeito. – outra da continuidade a provocação.

- Soube que os pais dela são uns fanáticos religiosos. Não é atoa que ela é desse jeito.

- Tadinha, até o casamento nunca vai saber o que é um pau. – começam a ri alto.

Espero elas saírem do banheiro, para finalmente sair também. Seco minhas lágrimas de pressa e sigo para a sala de aula.

 Seco minhas lágrimas de pressa e sigo para a sala de aula

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- Pai, não foi nada. Eu juro! – berro com lágrimas nos olhos.

- Não minta para mim, Elle! – grita ficando cada vez mais vermelho.

Eu não sei como, mas o acontecimento de hoje mais cedo chegou aos ouvidos do meu pai. Assim que cheguei em casa ele já estava me esperando sentado a mesa da cozinha ao lado da minha mãe, que parecia muito nervosa e com lágrimas nos olhos, diferente de meu pai, que estava praticamente espumando pela boca. De início achei que tinha acontecido alguma coisa com eles, mas não...

- É verdade. Eu não fiz nada, eu não tenho culpa de nada.

Minha cabeça dói. Meu corpo dói. Mal consigo respirar. E as lágrimas descem como cachoeira pelo meu rosto vermelho e inchado.

- Vai dizer que é mentira que você estava se esfregando com um moleque no meio do refeitório para todo mundo ver?! – soca a mesa me assuntando. Seu gesto me causa um medo que percorre todo o meu corpo. Causando arrepios.

- Não foi isso que aconteceu, me deixa explicar. – tento segurar suas mãos, mas ele se desvencilha. – Mãe, pede para ele me ouvir, por favor. – caminho até ela, todavia ela também se afasta se levantando da cadeira e indo para mais longe de mim.

- Você é uma vergonha para a nossa família. – a senhora que sempre cuidou de mim, que me deu a luz, sussurra como se eu fosse uma qualquer, como se não me conhecesse. Sua voz sai transbordando nojo.

- Pai? – desvio o olhar para ele.

- Já chega, Elle. Chega de mentiras. – caminha até mim com os olhos lacrimejando.

Aquelas lágrimas...

Meus olhos se arregalam assim que percebo o que ele está prestes a fazer.

- Não. Não. Não. Não. Não. De novo não. – estremeço diante das lembranças que invadem minha mente.

Eu não posso passar por isso de novo.

- Não me obrigue a te levar a força. – rosna.

- Mamãe? – peço por socorro, mas ao invés disso, recebo um tapa no rosto.

E tudo o que sinto é meu rosto arder. A queimar feito brasa. Eu estava em choque, não sabia o que dizer ou fazer, além de chorar.

Aquele que era para ser um pai bondoso que cuida, ajuda, protege seu filho das coisas ruins, e que deveria ama-lo com todas as forças, se aproxima, com raiva, nojo e pena estampados no rosto.

- Vá! Agora! - aponta para a escada. Vendo que eu não iria sair do lugar, me puxa pelo braço, me arrastando pela escada enquanto eu grito desesperada tentando me segurar no corrimão.

- Não! Para, por favor! Isso não vai se repetir, eu prometo! – meus gritos ecoam pela casa. Me sinto um animal indo para o abate.

Ao chegar no meu quarto, ele tira do bolso um terço de aço, pega a bíblia sobre minha cômoda, coloca na cama, e me coloca de joelhos de frente para ela.

- Vamos, Elle! Não me obrigue a fazer isso. – rosna.

Começo a tirar o moletom cinza, ficando apenas com o meu top preto no corpo. Tiro o terço do pescoço, envolvendo ele na mão, começo a rezar enquanto meu pai bate em minhas costas com o seu terço, sussurrando algo que não consigo decifrar.

Lágrimas preenchem meus olhos, não só pela dor física, mas principalmente pela dor dos meus pais fazerem isso com a própria filha.

Eu só queria entender o porquê deles serem assim. Eu sempre fui uma boa filha, sempre fiz tudo certo. Ainda mais depois da última vez, em que eu só tinha 11 anos. A que ponto um pai e uma mãe chegam para fazer um ato desses com uma criança? Uma simples e inocente criança. Depois desse dia, evitei ao máximo qualquer coisa que me meteria nessa situação novamente. Qualquer deslize e eu estaria encrencada, como agora.

DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora