•|Chapter 4|•

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Father and Daughter/Paul Simon
"Eu vou ver você brilhar
Eu vou ver você crescer
Vou fazer uma prova (sinal)
Então você sempre saberá
Assim como um mais um é dois
Que nunca haverá um pai
Que amou sua filha mais do que eu amo você"

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Annabelle Thompson P.O.V
23 Março 2018
9:15 Am

Acordar ao sábado com uma gritaria dos infernos não é algo agradável, e muito menos tolerável para a maioria, mas alguém como eu já estava habituada a literalmente tudo. Gostaria de apelar a quem realmente tem um silêncio na sua casa, por favor seja grato. Verifico que a fechadura do meu quarto está trancada e só então me levanto indo até à minha casa de banho para poder fazer as higienes matinais, viver com um predador sexual é algo que implica ser mais esperto do que o próximo, desconfio de cada passo que dou dentro desta casa, especialmente depois das fotografias que encontrei no escritório. Elas definitivamente não pertenciam a George, era óbvio que não tinham sido escritas para ele porque ele não aparece em nenhuma, e a Jensen também não é a minha tia, então, quem poderia ser?

You make me feel invincible
Earthquake powerful...—Canto a música baixo enquanto passo os dedos pelo meu cabelo completamente embaraçado, não que me importasse com a minha aparência mas sim porque mais tarde me doeria a pentear no banho.

Franzo a testa rapidamente assim que tomo consciência do meu pensamento e congelo no meu lugar.

J-e-n-s-e-n.

Annabelle Jensen Thompson.

Que porra de conexão é suposto fazer com a informação daquelas cartas? E das fotografias? Precisava de pôr as minhas mãos nelas o mais depressa possível, não posso acreditar que tudo o que eu sempre procurei esteve bem debaixo do meu próprio nariz.
Dois anos. Dois anos do caralho e eu nunca desconfiei?
George teve alguma conexão com a Jensen das cartas. E essa Jensen definitivamente era a minha mãe.

Olívia Jensen.

Bufo e dirijo-me para o meu closet o mais depressa possível, definitivamente não sabia como tínhamos dinheiro para pagar esta casa, comparando com a anterior esta foi um upgrade enorme.
Visto uma sweater preta larga e umas calças largas, não queria chamar à atenção de George, nem ao mínimo que fosse.
Ele não se aproveitava de mim todos os dias ou todas as semanas, na realidade acho que consigo contar a quantidade de vezes que George me obrigou a fazê-lo com ele.
Ele nos primeiros dois anos nunca tocou em mim, era uma ilusão, tudo era a porra de uma ilusão. Era importante ele não me tocar durante o primeiro e segundo ano de adoção. A minha tia não queria que eu voltasse para o orfanato, adoções no Canadá são longas, a minha demorou exatos 6 anos de papeladas desde que a minha mãe morreu até eu vir parar aqui. Mas o importante do primeiro ano de adoção é que é o único ano que somos controlados e constantemente visitados por uma assistente social, no segundo, o mesmo repete-se embora com menos frequência mas depois disso, o processo acaba e somos entregues à família.
E assim que o processo acabou, o meu pesadelo piorou mais um pouco.

George tirou tudo o que me restara, e agora restava-me esperar para que pudesse fazer o mesmo com ele.
Ryan, o irmão de Stephanie e consequentemente o meu ex namorado costumava-me ajudar com George, mas depois de eu acabar com ele nada era mais o mesmo.

Na realidade tudo já estava fodido, e eu nunca teria salvação desde o momento em que a minha mãe morreu à minha frente, as coisas só pioram mais um pouco.

Abro a porta do meu quarto vendo que o corredor se encontra vazio, passo por um dos quartos do corredor e ouço gemidos, ótimo, estará completamente ocupado enquanto eu tiro foto do que se encontra debaixo daquela madeira.

What I've BecomeOnde histórias criam vida. Descubra agora