Capítulo 2 - A Mentira

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Lili

"Vamos simplesmente nos mudar para a vizinhança e fingir ser um casal feliz?" questionei ainda durante a reunião.

Cole – ou seja lá qual for seu nome mesmo, não me interessa – bufou e se ajeitou em seu assento.

"Ah, agora você vê onde está o problema?" ele falou como se eu estivesse lhe dando razão.

"Vejo sim, querido" me ajeitei para ficar de frente para ele "nós precisamos de fotos para colocarmos em nossa lareira" levantei um dedo para começar a enumerar "precisamos de química para parecer que somos realmente um casal" levantei mais um dedo "e precisamos decidir qual será nossa história" terminei, por fim, levantando o terceiro dedo.

Ele pareceu incomodado com minhas afirmações. De alguma forma, incomodá-lo pareceu divertido.

Mais uma vez, o irritadinho bufou.

"Só falta você idealizar uma lua de mel perfeita para nós, querida" ironizou.

"Sabe que era exatamente nisso que eu estava pensando?" ri.

"Adorei a ideia, Lili!" Hempson pontuou e olhou para Cole "ela é um gênio, não é?"

Meu digníssimo futuro marido apenas revirou os olhos. Infantil.

Saímos da sala sabendo que iríamos viajar no mesmo fim de semana para adiantar tudo. Faríamos uma lua de mel de mentira apenas para tirar fotos e inventarmos nossa história de amor.

"Você realmente não vai dizer nada sobre isso?" Cole questionou quando saímos do prédio "tipo, nem uma reclamaçãozinha, não vai pontuar absolutamente nada?"

Parei e o encarei "Na verdade, eu tenho uma condição sim" ele suspirou "nossa lua de mel tem que ser no Havaí" sorri cinicamente "e seus cigarros estão banidos a partir de agora".

Honolulu, Havaí

Dois dias depois

Desde que entrei na agência, nunca me senti uma pessoa normal. Eu era muito nova, adolescente ainda, não tive o privilégio de ter fase rebelde, de ter namoradinhos e nem nada do tipo. Eu precisava cumprir minhas obrigações. Eu havia feito promessas inquebráveis. Eu não desistiria do meu objetivo de vida para viver uma fase.

Mas se eu fosse ter um sonho, ou algum objetivo diferente do que eu tenho hoje, com certeza o Havaí estaria incluso.

Que lugar lindo!

Me peguei várias vezes sorrindo à toa, assim como flagrei Cole me observando. O que me fazia parar imediatamente e seguir com a minha postura de durona.

Ninguém podia ver um coração em mim, porque eu mesma não via.

Ao chegar no hotel, descobrimos que a agência nos havia colocado no mesmo quarto. Tudo bem, precisávamos nos acostumar com a ideia de que, em algum momento, precisaríamos dormir juntos.

Cole pareceu incomodado com isso. Não sei qual o problema dele, ele tem sérios problemas em fingir ser quem não é, o que é bastante estranho levando em consideração o trabalho que temos.

"Mentir o nome ou a profissão está bem, mas fingir amar alguém é... cruel" ele respondeu quando o questionei.

"O mundo é cruel e o amor é uma escolha" repliquei.

Ele me olhou com... pena?

Por que seria ruim não amar? Por que seria penoso ter o controle sobre suas próprias ações e não agir feito idiota para agradar alguém?

DOLLHOUSE - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora