Capítulo 8 - A Importância

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Lili

"Cole" gemi no meio da noite.

Não que eu precisasse dele, eu não precisava. Era só algo que eu queria muito no momento.

"Cole!" Gemi um pouco mais alto.

"Hum?" Ele gemeu de volta ao meu lado da cama.

"Sabe o que eu quero?"

"Espero que queira o mesmo que eu: dormir" falou estressado.

"Eu quero torta" choraminguei

"Tem torta na cozinha" continuava com o tom estressado.

"Torta de maçã" reclamei

"E daí?"

"Eu quero torta de abacaxi"

"Ai, meu Deus!" Falou mais alto, levantando. "Vou ver se num desses supermercados vinte e quatro horas tem" disse enquanto se levantava brutalmente.

"Espera" falei manhosa sentada e olhando para ele com cara de pidona.

"O que?"

"Quero torta de abacaxi com cobertura de morango"

Ele me olhou horrorizado.

"Esse é algum tipo de punição?"

"Punição pelo quê?" Me fiz de desentendida.

"Pela forma como reagi ao saber da gravidez" respondeu sem paciência.

"Então você admite que foi uma péssima reação?"

"Claro que sim. Eu ainda tenho um pouco de noção"

"Então por que reagiu daquele jeito?"

Ele suspirou, sem paciência.

"Vou te explicar de novo: esse filho não é nosso. É da agência. Vai acabar na sarjeta. Ninguém deveria entrar num mundo assim"

Pensei por um minuto. Ele tem razão e eu sempre soube disso. Mas ele não entende. Eu preciso fazer isso. E eu não posso lhe dizer os motivos reais porque ele não entenderia.

Apenas assenti com a cabeça baixa.

"Deixa isso para lá" ele falou "já aconteceu, resta aceitar" falava enquanto calçava suas botas horríveis.

Ele não disse mais nada e se retirou.

Depois da descoberta da gravidez, ele não encostou mais em mim, como se o fato de me tocar o fizesse se aproximar do bebê.

Eu entendia, ele não queria e nem pretendia se apegar a essa criança pois temia sobre o que aconteceria após a missão acabar. Eu faria o mesmo se pudesse, mas não é o caso.

Eu sei que vou amar essa criança mais do que a minha própria vida e essa será, talvez, a minha ruína. Ou irá me destruir ou vai me fazer mais forte.

Cole dorme comigo apenas porque fiz meu teatrinho de mulher apaixonada. Eu desconfiava que ele realmente gostava de mim.

Corri para a janela e quando me certifiquei que ele tinha sumido na rua, corri para pegar meu celular e ligar para o chefe.

"Lili, está tudo bem?" Ouvi sua voz do outro lado da linha.

"Sim. Estamos bem"

"Ainda bem que você e o bebê estão bem" ele suspirou aliviado.

"Eu, o bebê e o Cole" corrigi.

"Nem liga para ele. Está com os dias contados"

Meu coração se apertou.

DOLLHOUSE - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora