DOLLHOUSE - Sprousehart

Capítulo 3 - A Capacidade

Cole

Nova Iorque, Nova Iorque

Um amontoado de caixas. E nenhuma pertence realmente a mim. Não sei de onde o Hempson tirou todas essas coisas, de que família perfeita ele as roubou, mas agora era tudo parte da farsa em que eu estava incluído.

Não é a farsa que estranho. Vivo há anos nessa vida de ser quem não sou. O estranho é não fazer isso sozinho. Meus companheiros de equipe apenas me acompanhavam nas missões e depois cada um ia para sua casa. Agora minha casa é minha missão.

A palavra certa é casa. "Lar" não se aplica nessa situação. Estou carregando caixas ao lado de uma mulher que não é minha, descarregando numa casa que não é minha e viverei uma vida que será minha menos ainda.

Esperando de todo o meu coração que essa situação não vá longe demais.

"Ei!" Ouço o sussurro da minha esposa "olha ali" ela indicou com a cabeça.

Era o nosso casal investigado. A bela família Mills.

Travis Mills era mais magro do que aparentava nas fotos e sua esposa mais ruiva do que qualquer raposa que já vi.

Tentei disfarçar que os encarava enquanto os via se aproximar de nós.

"Precisam de ajuda com a mudança, novos vizinhos?" Madelaine, esposa do Travis, perguntou com um sorriso exagerado no rosto.

"Não precisa, obrigado" me adiantei em dizer.

"Tem certeza?" O agente questionou "essas caixas são aparentemente muito pesadas para uma dama" comentou olhando para minha esposa.

Lili deu um doce sorriso a Travis e o entregou a caixa que segurava.

"Obrigada. Me sinto muito bem vinda na vizinhança" Falsa.

"Vocês duas vão para a cozinha preparar um almoço lá em casa enquanto os homens ficam com o trabalho pesado" ele disse.

Lili também é uma ótima atriz. Ela sorriu em agradecimento, mas sei que em sua cabeça ela xingava o comentário machista de nosso vizinho.

"Onde estava com a cabeça?" Madelaine começou "nem nos apresentamos!" E nem precisa - pensei "sou a Madeleine e esse é meu marido Travis. Somos os Mills" estendeu a mão à Lili que a apertou de forma calorosa.

Travis também apertou minha mão, mas retribuí com dificuldade devido às caixas que carregava.

As mulheres seguiram para a casa vizinha enquanto eu e meu novo vizinho adentrávamos minha nova casa com as caixas.

"Oh, que belas fotografias!" Ele comentou ao entrar na sala.

Foi ideia da Lili arrumarmos primeiro os porta-retratos na lareira. Segundo ela, demonstraria nossa "família" assim que entrassem em nossa casa. Ela estava certa.

"Vocês parecem que tiveram uma bela viagem ao Havaí" comentou segurando uma foto em que eu e Lili estávamos na praia.

Também foi ideia dela fazermos essas fotos. Afinal, casais tem fotos.

Nos dias dessas sessões fotográficas, vi Lili sorrindo tantas vezes e acabei percebendo que ela era realmente linda.

Após as fotos ela nunca mais sorriu para mim novamente. E talvez, só talvez, eu sinta falta.

Ninguém pode ser tão frio o tempo todo.

"Foi nossa lua de mel" respondi.

"Estão casados há quanto tempo?"