Capítulo 13 - A Força

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Cole

Era óbvio que depois do que ouvi, toda a sua história, eu não conseguiria tirar isso da cabeça.

Eu amo a verdade, mas torci bastante para que ela estivesse mentindo. Torci como nunca, pela primeira vez, que alguém estivesse me enganando.

Não era possível que uma criança de catorze anos passe por uma coisa dessas.

Ela é mais forte do que eu imaginava. Ou uma bela e incrível mentirosa.

Ela nunca encontraria esse homem de modo convencional, pois o que disseram a seu padrasto era verdade: a justiça não pode obrigar a CIA a entregar o nome e nenhuma informação sobre seus agentes. Ela teria mais chances de conseguir isso de forma arbitrária, mas não seria fácil.

Mas se essa história se confirmasse verdadeira, eu o caçaria até no inferno.

Se ele não estivesse no inferno, eu o colocaria lá.

"Lili" sentei a sua frente e segurei suas duas mãos "me diz o sobrenome dele, talvez eu possa ajudar"

Ela suspirou pesadamente.

"Emmanuel Smith, foi o que ele me disse. Mas duvido que seja verdade"

Eu concordo.

"Não importa o nome real dele, me dá uma descrição física, pode ser?" pedi.

Ela confirmou com a cabeça e corri no closet onde peguei um caderno de desenho que possuía e um lápis.

Eu desenhava ótimos retratos-falados.

Ela o descreveu. Cabelo loiro escuro, pele bronzeada, olhos azuis... a imagem que ia se formando na folha me era familiar.

De repente ela se levantou e pegou algo em baixo do colchão. Era uma foto. Ela em entregou a fotografia e eu pude ver nela um garotinho de bochechas salientes, grandes olhos azuis, cabelo liso e arrepiado provavelmente por causa do vento.

"O nome dele é Matthew, vai completar seis anos no mês que vem, primeiro aniversário que vamos passar separados" falou triste "ele é uma versão em miniatura do pai, olhar para ele me faz lembrar tudo o que passei" fungou "mas isso me faz mais forte. Ele me faz mais forte"

Eu via isso. E na minha frente eu via pela primeira vez a maior prova de sensibilidade e força da Lili, ao mesmo tempo. Porque ser forte não tem nada a ver com não ter fraquezas, mas com o fato de continuar apesar dessas fraquezas. E ela continua. Ela não desistiu e tudo que fez nos últimos anos se resumiu a lutar contra pessoas que não lhe interessavam só para não deixar seu pequeno morrer de fome.

Eu não deixaria isso acontecer e também não podia permitir que o Hempson continuasse a ser o provedor deles. Eu ia resolver isso ainda hoje.

O dia já estava amanhecendo, e ela continuava me contando detalhes de seu treinamento. Como aquele cara que matei a abusou tantas vezes que ela perdeu a conta. Como George, o treinador de autodefesa, a ajudou a se defender e a tratava como filha, apesar de saber dos abusos e não fazer absolutamente nada.

Ela também me contou que entre uma missão e outra ia ao Colorado ficar com seu "bebê" como o chamava e que essa é sua missão de tempo integral mais longa o que faz com que tenha se passado quase um ano que não vê o pequeno Matthew. E mesmo que estivesse me falando algo triste, um sorriso surgiu em seu rosto. Matthew era a felicidade dela, apesar de tudo.

Doeu em mim a culpa por ter retardado a missão em seis meses por não querer engravidá-la. Isso explicava seu desespero para conseguir esse bebê, mas deixava outra dúvida no ar.

DOLLHOUSE - SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora