Naquela Manhã Fria

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Autor: Evandro Camaforte

@EvandroCamaforte

Naquela manhã fria eu voltava para casa esperando receber o abraço de minha mulher e minha linda filha

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Naquela manhã fria eu voltava para casa esperando receber o abraço de minha mulher e minha linda filha

Naquela manhã fria eu voltava para casa esperando receber o abraço de minha mulher e minha linda filha. Era uma noite de inverno e a neve já formava grandes montes nas ruas, meu casaco mantinha meu corpo quente, enquanto cada respiração gerava uma pequena nuvem de calor e embaçava meus óculos.

Vivo em uma pequena casa, em uma rua sem saída.

Me lembro como se fosse hoje as marcas de sangue sobre a neve e as pegadas vermelhas que rodeavam minha residência. Cheguei desesperado esperando que nada tivesse acontecido, primeiramente percebi que a porta foi aberta por dentro e não houve sinais de arrombamento, meu cachorro foi envenenado e minha empregada estava de folga.

Corri rapidamente para os quartos, mas não encontrei ninguém, apenas as marcas de luta e mais sangue, desci rapidamente a escada e procurei na cozinha e sala de jantar, esses cômodos estavam intactos, exceto pelo corredor que leva para nosso pequeno quintal.

As casas nesta rua tendem a ter um pequeno quintal em seu fundo, virado para a parede dos demais prédios pequenos da vizinhança, em época de ano novo, como é inverno, poucas pessoas prestam atenção no que ocorre nas ruas.

Sai seguindo um rastro de sangue que se encontrava com outro e iam em direção ao meu quintal.

Lá estavam minha esposa e filha, com suas roupas brancas de ano novo manchadas em vermelho de seu sangue, maldito psicopata, amarrou as duas em cadeiras e as torturou até a morte.

Naquele momento de dor, ouvi uma risada ao longe, corri rapidamente para encontrar o vilão, ele estava sendo capturado pela polícia por ter invadido outra casa.

Não pude fazer nada.

Agora, milhares de garrafas de whisky barato e cervejas depois, depois de todas as apelações possíveis e tentativas de prisão, ele se encontra livre.

Então pensei com a pouca razão que ainda me restava, entre todos os recursos e propinas, recebidos pelos juízes desta cidade, e os demais casos de assassinatos, roubos e estupros ocorridos, todos foram absolvidos pela mesma corte.

Está na hora de fazer algo, já não me resta nada, minha família foi destroçada pelo animal que hoje está solto e assim como ele, hoje decido se serei mais um monstro.

Neste ano novo, a vida da família do juiz corrupto está em minhas mãos.

Envenenei o cachorro com um suculento pedaço de carne, passei despercebido pela janela da sala que estava aberta. Utilizando clorofórmio em um pequeno pano raptei a família inteira do juiz.

Deixei um bilhete solicitando uma visita pessoal em minha residência, sozinho, ou sua família teria o mesmo destino que a minha.

Novamente estou frente a frente com o corrupto, em meu pequeno quintal. Minha mão direita em um interruptor ligado a diversos barris de gasolina no fundo da garagem, minha mão esquerda com um revólver calibre 38, e o Juiz tremulo com um punhado de papeis em sua mão.

Armei um sistema de câmeras para denunciar sua corrupção, nem que isso custe minha vida, ele irá pagar!

— Diga agora maldito! Quanto recebeu para soltar o assassino de minha família?

— Não sei do que está falando, seja sensato e solte minha mulher e meu filho.

Não contive a gargalhada de loucura — Não me provoque, você sabe muito bem do que estou falando.

Meu dedo escorregou no interruptor quase acionando o mesmo, o juiz se jogou no chão em prantos e desabafou.

— TA BEM! TA BEM! MAS O QUE VOCE QUER QUE EU FAÇA? FUI COAGIDO A CEDER, SE NÃO MATARIAM MINHA FAMILIA INTEIRA!

— DESGRAÇADO, SABE QUANTO TEMPO PASSEI A BEIRA DA LOUCURA POR SUA CAUSA!

O vento frio sendo conduzido pelas paredes dos prédios a volta atinge meu quintal, embaçando minha vista como de costume nesta época, não percebi que em meio ao papel ele segurava uma pistola.

O juiz disparou duas vezes contra meu peito, me derrubando com o detonador.

— Isso que você ganha por mexer com quem não conhece, você morre aqui e agora!

O juiz é interrompido pelo grito dos policiais, solicitando para que ele solte sua arma, a transmissão se tornara viral, mesmo os gritos sendo abafados pelos prédios, a internet trouxe voz ao discurso do juiz corrupto.

Sua família é solta e ele será preso e processado pelo governo local.

A partir deste momento me levantei, tirei meu colete, e agradeci a meus amigos policiais pela cobertura.

No fim deste ano consegui ser melhor que o maldito que assassinou minha família e acabei com o ciclo de corrupção de nossa cidade.

Mas meu trabalho ainda não acabou.

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