Março de 1820 — Grécia — Karpenissi
Acordei atordoada com alguém batendo na porta do meu quarto.
— Koúkla, vou entrar. — disse Dimitri abrindo a porta e entrando.
Eu não sei se consegui me cobrir toda, mas me encolhi embaixo do cobertor tentando. Eu mal conseguia abrir os olhos, estava ainda aérea entre o sonho e a realidade, e minha cabeça estava pulsando de dor.
— Me desculpe. — disse ele ficando de costas para mim e colocando a bandeja de comida em cima da cômoda. — Mas se eu me lembro bem, eu te deixei vestida ontem à noite.
Nossa! Ele estava de cabelos soltos úmido, deveria ter acabado de tomar banho, estava com um cheiro gostoso de loção pós-barba. Que ousadia a dele entrar no meu quarto assim todo cheiroso de barba feita. Ele fazia meu coração acelerar logo de manhã. Como eu iria ficar brava com ele se até manteiga no meu pão ele estava passando.
— Eu não consigo dormir com muita roupa.
Levantei me espreguiçando, vesti meu robe preto e dei uma ajeitada no cabelo tentando não fazer nenhum movimento brusco, porque parecia que meu cérebro ia sair da minha cabeça.
— Só você mesmo, Moça. Aposto que está de ressaca. — disse ele se divertindo.
— É lógico que estou, e você não está?
— Um pouco.
Cheguei perto dele e comecei a mexer em seus cabelos, eram tão macios e loiros em vários tons dourados. Ele levantou o queixo inclinando a cabeça para trás, comecei a passar as mãos em sua cabeça, e pelo espelho eu pude vê-lo de perfil fechando os olhos e se deliciando com aquela carícia.
— Seu cabelo é tão bonito e macio. — falei o elogiando e cheirando.
— Me faz uma trança, Koúkla.
— Então senta na cama, você é muito alto.
Dimitri se sentou, eu peguei a escova em cima da cômoda e comecei a pentear seus cabelos. Era a primeira vez que eu estava mexendo neles e matando a minha vontade. Fiz-lhe uma trança e amarrei com um pedaço de fita preta que eu tinha.
— Prontinho.
Ele se virou para mim, me olhou nos olhos, pegou minhas mãos e beijou cada uma delas. Eu lhe dei um beijo no rosto, ele se levantou, olhou no espelho e deu uma virada vendo a trança.
— Ficou perfeito, Koúkla. Obrigado. Pedi para fazerem um suco para curar sua ressaca — disse ele olhando-me.
— Obrigada.
— Éla, vou passar essa pomada em seu rosto para aliviar a dor e melhorar o inchaço.
Ele pegou um pote em cima da bandeja e chegou mais perto de mim olhando para minha boca, eu vi que a sua respiração ficou mais rápida. E passou a pomada no corte em meu lábio com muito cuidado. Senti um pouco de cócegas nos lábios, e depois passou em volta do meu olho.
— Agora se arrume e tome seu café da manhã, já estamos chegando em Lepanto. — falou ele me dando ordens.
— Pode deixar, Capitão.
Ele riu para mim e saiu. Eu comi primeiro porque estava morrendo de fome, e tomei o suco que melhorou meu mal-estar. Vesti-me, ajeitei meus cabelos, que estavam enormes e encaracolados, passei creme no rosto e um batom, que agora era o meu preferido. Arrumei minha bolsa, que estava lotada de coisas, tive que colocar algumas coisas em outra bolsa. Arrumei a cabine e dei uma última olhada para ver se não estava esquecendo nada. Em breve eu conheceria a família de Dimitri, não vou negar que eu me sentia um pouco nervosa. Desejava ser aceita e acolhida por eles.
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Koúkla Mou - Livro 1 - A Viagem dos Meus Sonhos
RomanceUm romance envolvente e cheio de aventuras em uma época de perigos e guerras, na qual ser mulher nunca foi tão terrível. Um dos grandes desejos ocultos do coração de Agnes Montgomery, se realizou. E ela encontra literalmente um Deus grego! ...