16. Alguém Tem que Causar

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Abril de 1820 — Grécia — Karpenissi

Acordei com o barulho dos cavalos, abri os olhos e o dia já tinha amanhecido. Sentia-me tão quente e confortável, e era porque eu estava deitada no peito nu de Dimitri; conseguia até ouvir seu coração batendo calmamente. Como assim?

Meu coração acelerou na hora, minha respiração ficou irregular. Eu não queria me mexer e acordá-lo, tentei me acalmar, porque queria que durasse bastante tempo esse momento nosso juntos. E ele era lindo até dormindo, tinha o corpo bem quente, e eu estava morrendo de vontade de passar a mão pelo seu peito todo. Seus cabelos estavam soltos e espalhados pelo seu peito nu e um de seus braços estava ao redor do meu corpo com sua mão pousada em minha cintura. E sua outra mão segurava a minha, pousada em seu peito.

O que será que aconteceu para ele ter vindo dormir no sofá comigo? Assim abraçados? Isso não importava, fechei os olhos e acabei pegando no sono novamente.

Acordei dessa vez com Dimitri passando a mão em meus cabelos, eu adorava quando mexiam neles, me dava uma preguiça boa.

Kaliméra, Koúkla mou. — disse com a voz rouca.

Eu abri os olhos, levantei a cabeça olhando-o, ele estava me olhando com olhos azuis observadores.

Kaliméra, baby. — respondi bocejando.

Levantei-me de seu peito e me sentei no sofá ajeitando os cabelos, ele se levantou e foi pegar sua camisa pendurada na lareira e a vestiu.

— Dormiu bem, Koúkla?

— Dormi muito bem, e você?

— Que bom, eu também dormi muito bem, moça. Dormi até demais.

Depois ele abriu a porta e levou os cavalos para fora para pastarem. Eu me levantei me espreguiçando, ainda estava um pouco sonolenta. Olhei lá para fora e o sol já estava bem quente, realmente tínhamos dormido muito. Peguei minhas roupas e me vesti, fiz um coque no cabelo, Dimitri entrou novamente na sala pedindo licença.

Koúkla, me desculpe por ter ido dormir com você no sofá, eu acordei de madrugada, o fogo tinha apagado e olhei para você, que estava dormindo encolhida com frio, e acabei não resistindo. — explicou me olhando para ver minha reação.

— Pode ter certeza que dormi bem melhor com o calor do seu corpo.

Dimitri passou as mãos pelos cabelos soltos amarrando-os, e eu com vontade de soltá-los novamente.

— Bom, é melhor irmos, temos muito o que fazer hoje.

Pegamos os cavalos, ele colocou as selas e partimos de volta para a casa dos pais dele.

— Moça, eu não quero te dar nenhuma bronca ou ser repetitivo e autoritário com você. Aqui as mulheres costumam dar satisfação para onde vão e não têm o costume de sair desacompanhadas.

Ele estava com a testa franzida mostrando nitidamente que não tinha gostado nada do que eu tinha feito. Ele parecia bravo comigo, agora que a alegria e o alívio de me encontrar tinham passado.

— Eu sinto muito, muito mesmo. Prometo que isso não vai se repetir.

— Tudo bem, moça. Mas me avisar ou deixar recado é o mínimo que espero de você. Não me faça pensar que você desapareceu do nada assim como apareceu. — disse ele com o olhar triste.

Ele se preocupava comigo e eu também me preocupava muito com ele e com a guerra que estava por vir. Eu tinha que cooperar e parar de agir por instinto causando confusão.

Assim que chegamos, Manus pegou os cavalos, eu e Dimitri entramos e nos deparamos logo de cara com a sua mãe. É lógico que ela nos veria chegando, ela não perdia nada.

Koúkla Mou - Livro 1 - A Viagem dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora