11. Família Kardakos

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Março de 1820 — Grécia — Karpenissi

Descemos dos cavalos e nos deparamos com várias pessoas pelo caminho. Eram pessoas simples que estavam trabalhando na fazenda, Dimitri os foi cumprimentando e me apresentando a cada um como sua convidada, e todos gentis me deram as boas-vindas.

— Dimi! Dimi! Que bom que você voltou. — disse uma voz alegre feminina.

Olhamos para o lado e nos deparamos com uma garota bonita de cabelo loiro liso, olhos azuis bem claros, um rosto delicado com nariz arrebitado. Ela era um pouco mais baixa do que eu e usava um vestido creme que ia até os pés e tinha uma fita vermelha presa abaixo dos seios que os realçava tornando-os volumosos em um decote V. É claro! Por que as mulheres ali não seriam assim, lindas!

Ela me deu uma boa olhada e fez uma expressão de quem não gostou nada do que viu e empinou o nariz me encarando. Realmente eu deveria estar com uma aparência péssima se comparada a ela. Eu precisava de um bom banho de água quente, passei as mãos nos cabelos para eles abaixarem um pouco, mas acho que não resolveu.

Quando ela se aproximou de nós, seu sorriso se iluminou só de olhar para Dimitri. Não tinha como não notar como ela era caidinha por ele.

— Como vai, Chrisoula? — perguntou ele se aproximando dela e pegando em sua mão para beijar.

— Muito bem, faz tanto tempo que não nos vemos. — disse ela toda manhosa.

— Faz muito tempo, sim, moça. — disse ele gentil. — O que a trouxe aqui?

— Eu vim passar uns dias na casa de seus pais, e fiquei sabendo que você voltaria esta semana, então vim te fazer uma surpresa. — respondeu animada com olhos brilhantes e um sorriso tímido.

— Obrigado, Chrisoula, muita gentileza sua. Esta é a Senhorita Agnes Montgomery, minha convidada. — disse ele nos apresentando.

— Como vai? Muito prazer. — eu disse.

Ela simplesmente balançou a cabeça me ignorando.

— O que aconteceu com você? — perguntou ela vendo os ferimentos do rosto dele.

— Não foi nada. Páme, páme, quero rever minha família. — respondeu ele.

Chrisoula pegou no braço dele e seguimos, cada uma de um lado dele. Os dois começaram a conversar em grego, e eu não pude entender nada do que falavam, com certeza ela fez de propósito para eu não interagir com eles. Será que eles tinham um caso? Ou já tiveram? Mas se fosse assim, teria rolado mais que um beijo na mão, pois eles não se veem há anos pelo visto. A não ser que naquela época as mulheres não podiam demonstrar sentimentos em público, mas era nítido o que ela sentia por Dimitri e eu não a culpava. Ele era um homem muito sedutor, charmoso e cavalheiro, eu não sei se namoraria um homem tão lindo como ele. Eu não era ciumenta, talvez por ter crescido em meio a várias crianças e dividido tudo o que tinha, mas não era boba. Dimitri daria muita dor de cabeça com esse monte de mulher atrás dele.

Nesses poucos minutos que duraram uma vida, Pomposa estava dando vários risinhos e colocando a mão no peito de Dimitri. Aproveita querida!

Quando nos aproximamos da casa, fiquei admirada com o seu tamanho, sua construção era toda de pedra, suas janelas eram brancas, parecia um castelo. Um rapaz veio pegar os cavalos, cumprimentou Dimitri e nos desejou boas-vindas. A porta estava entreaberta, Dimitri a empurrou, e a Pomposa já foi entrando como se fosse dona do lugar. Entrei em seguida pedindo licença. Não vou negar que estava apreensiva por conhecer a família dele.

— Fique à vontade, Moça. Seja bem-vinda.

— Obrigada.

Comecei a olhar ao redor vendo os detalhes da casa. O corredor era enorme, com várias pinturas de paisagens e pessoas e esculturas de homens e mulheres. Era um lugar bem harmonizado e ventilado.

Koúkla Mou - Livro 1 - A Viagem dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora