20. A Fuga

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Abril de 1820 — Grécia — Menidi

Cavalgamos rápido na madrugada, Mávro sabia da minha urgência e tinha disparado estrada afora, o irmão mais velho de Nava foi à frente comigo e os outros estavam logo atrás com ela.

A estrada estava escura, só com a lua e as estrelas iluminando o caminho. Fomos seguindo os rastros dos cavalos dos homens do senhor Spyros por algum tempo. Até que avistamos fumaça por sobre as árvores. Eles deveriam ter montado acampamento.

— Eles estão perto, senhorita. — falou o irmão mais velho.

Meu coração estava disparado e eu me sentia cheia de energia e angústia ao mesmo tempo por não saber como Dimitri estava. Desmontamos dos cavalos e os deixamos pastando, os irmãos foram na frente e nós duas o seguimos de braços dados, entrando na mata e tentando não fazer barulho ou pisar em algum animal. Estava muito escuro para ver alguma coisa, a mata era muito densa de vegetação. Os irmãos pararam e nós também, o irmão do meio saiu e voltou logo em seguida. Aproximamo-nos dele para ouvir o que ele tinha a dizer.

— Dimtiri está amarrado em uma árvore no meio do acampamento deles, perto da fogueira. — falou Nulo bem baixinho. — Tem uns dez homens mais o velho Spyros no acampamento. Eles estão distraídos, porque sabem que não daria tempo de os homens dos Kardakos chegarem hoje.

— Vamos armar uma distração para chamar a atenção dos homens, e vocês duas fiquem atentas para soltá-lo. E tomem muito cuidado. — disse Neno. — Nós vamos por ali e vocês por lá. — disse apontando.

Nós duas concordamos e caminhamos lentamente para não fazer barulho. Aproximamo-nos do acampamento e ouvimos o barulho dos homens conversando, cantando e o estralar da madeira na fogueira. Ficamos escondidas entre os arbustos observando-os. Vi Dimitri sentado olhando tudo a sua volta, ele estava amarrado com uma corda na árvore perto dos homens, e tinha um pouco de sangue na testa, mas não dava para ver direito se tinha mais ferimentos. Respirei fundo, peguei a espingarda, me posicionei e a destravei. Fiquei mirando nos homens perto de Dimitri, e Nava fez a mesma coisa. Ficamos à espreita esperando a hora certa para agirmos.

Sentia-me nervosa e ansiosa para resgatá-lo logo e terminar com tudo aquilo. De repente, ouvimos os tiros e vimos alguns homens caindo e outros agitados pegando suas armas e gritando ordens, e a confusão estava armada!

Meu coração estava disparado e a minha adrenalina a mil! Eu queria atirar, mas denunciaríamos a nossa posição. Me concentrei e fiquei esperando a hora certa de invadirmos o acampamento. Dois dos homens ficaram de guarda em torno de Dimitri e eles eram altos e encorpados, e estavam armados e atentos olhando para todos os lados. Fiz sinal para Nava e nos aproximamos mais do acampamento, eu daria cobertura atirando enquanto ela ia mais para perto de Dimitri.

Mirei em um deles e disparei acertando-o no ombro direito. Eu nunca tinha atirado antes em alguém e não hesitei em atirar. Para salvar Dimitri, eu faria qualquer coisa! O homem deixou a arma cair no chão e gritou de dor, o outro homem mirou na minha direção e começou a disparar a arma com fúria. Fiquei abaixada e fui para trás da árvore. Ele se aproximou, mirei e atirei acertando-o na barriga, ele caiu para trás com as mãos na ferida aberta sangrando.

O homem que eu havia ferido no ombro pegou a arma novamente e começou a disparar em minha direção, fui para trás da árvore novamente. Uma coisa que eu tinha aprendido muito bem era contar as balas, e as dele já tinham acabado. Ele se abaixou acudindo o amigo ferido no chão, vi quando Nava chegou perto de Dimitri e começou a cortar a corda com uma faca para desamarrá-lo. Começaram a chegar mais homens armados no acampamento e fui mirando e atirando, tinha que aproveitar a minha vantagem e acertar o máximo possível, e entretê-los para dar tempo de Nava e Dimitri saírem do acampamento.

Koúkla Mou - Livro 1 - A Viagem dos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora