No instante em que Jungkook aparece ofegante na porta da sala de descanso dos funcionários, eu não sei o porquê, mas sinto o meu coração disparar. Aquela expressão de felicidade já não está mais estampada em seu rosto. Há um misto de nervosismo e apreensão em seus olhos. O que me leva a pensar que, ou a conversa com a Clara-noona não foi boa ou alguma coisa aconteceu.
E, da mesma forma que não sei explicar a minha inquietação repentina, não sei explicar o motivo da segunda opção me parecer a mais óbvia.
Levanto depressa, sem sair do lugar, enquanto ele recupera o fôlego e me encara. As palmas das minhas mãos começam a suar, porém, continuam igualmente geladas. Meus batimentos cada vez mais acelerados. Talvez nem dois minutos tenham se passado, mas até os minutos parecem longos demais para a súbita angústia que estou sentindo. Tenho a impressão de que estamos nessa à uma era.
- O que foi? Aconteceu alguma coisa? - alguém, que não sou eu, pergunta.
Jungkook se endireita, solta o ar pela boca e olhando diretamente para mim, responde:
- Nam, se acalme e escute o que eu tenho a dizer. - se aproxima - O bebê está vindo!
Paraliso. Simplesmente estagno.
O bebê está vindo?! Como assim ele está vindo? Agora?!
Ai, caralho... Acho que minha visão está embaçando.
Tropeço nos meus próprios pés enquanto tento sentar e antes que eu perceba, Jungkook e Ji Won-hyung, nosso colega de trabalho, se plantam ao meu lado e prontos para acudir o que for. Ambos me observam atentamente, preocupados.
Eu não posso desmaiar de novo.
Pelo amor de Deus! Isso não é hora para desmaiar.
Recomponha-se, homem!
Sem dizer qualquer palavra, puxo o máximo que posso de ar e levanto, começando a tirar apressadamente o uniforme e socá-lo dentro do armário. Se eu correr, talvez chegue antes de irem para o hospital. Embora não haja certeza de que a gerente me deixará sair mais cedo, principalmente por ser sábado e um dos dias mais corridos.
Estou vestindo a camiseta, não dando a mínima para o fato de estar ao avesso, quando Kookie toca o meu ombro, chamando a atenção. Olho-o por cima do ombro.
- Cara, fique calmo. - diz.
Calmo? Calmo?
Meu filho ou minha filha está prestes a nascer e ele quer que eu fique calmo? Porra!
- Eu preciso ir para casa. Agora! - praticamente grito.
- Tudo bem, eu entendo e vou te cobrir para que possa ir. Mas você precisa ligar para a Clara e perguntar para qual hospital estão indo, porque elas não estavam em casa.
- Como assim?
- Elas foram fazendo as compras de Natal lá em Myeongdong, lembra?! E a Manu-noona começou a ter contrações e a bolsa estourou no banheiro de um McDonalds.
- No banheiro de um McDonalds? - Ji Won-hyung e eu soltamos juntos, surpresos.
Porém, diferente de mim, Ji Won-hyung dá uma gargalhada.
- Essa criança vai gostar muito de hambúrguer. - ele comenta, risonho.
Jungkook reprime um sorriso e eu apenas balanço a cabeça, voltando a trocar de roupas; meu amigo some porta à fora enquanto amarro os cadarços dos tênis e enfio celular e carteira nos bolsos. Minutos depois, ele reaparece juntamente com a nossa gerente, Myung Hee-noona. Essa que se aproxima de mim e indaga, ansiosa:
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Irresistível
FanfictionClara é uma brasileira que está trabalhando em Seoul como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 19 anos, que ainda por cima é seu...