Sem conseguir mover um músculo sequer, lutando para não sufocar a cada lufada de ar que dou, continuo encarando o homem que tanto rezei para não voltar a ver e que agora está, ironicamente, parado a poucos passos de mim. Com o mesmo semblante presunçoso que deixei para trás e o par de olhos mentirosos, que tolamente acreditei um dia serem os mais sinceros, e os quais eu passei a detestar.
As lembranças e sentimentos amargos que tranquei por tanto tempo, retornam com tamanha força, que agradeço ao universo por ainda ser capaz de me manter em pé.
Divago até três anos atrás. A todos os momentos, todos os beijos, todas as carícias e promessas, assim como todas as mentiras e humilhações. E meu estômago revira. A antiga Clara se faz tão vívida como jamais fora em todo esse tempo, e só o que tenho vontade é de sair daqui e fingir que essa merda de reencontro nunca aconteceu.
Perdida em uma avalanche de emoções, sendo a raiva o mais forte entre elas, nem ao menos percebo o instante em que o sujeito do qual quero distância, se põe a minha frente. Observo sua mão estendida para me cumprimentar e tenho vontade de afastá-la com um tapa, mas, inconvenientemente e para a sua sorte, todos os olhares da sala estão sobre nós e não pegaria nada bem eu ser rude com o novo investidor do colégio.
Respiro fundo, querendo me recompor.
Preciso me acalmar.
Tenho que ficar calma ou não sobrará pedra sobre pedra, e certeza de que o corpo docente irá de brinde e o meu trabalho também.
Preciso me acalmar!
Estar outra vez tão próxima a ele, de longe, traz boas sensações. Olhar para o seu rosto, menos ainda. Odeio estar nessa posição e como odeio. Porém, ciente de que não há nada que eu possa fazer contra isso, o que resta é bancar a profissional. O que não significa que não lhe darei todo o meu desprezo. Bem, mais do que ele já tem.
- Muito prazer em conhecê-la. - ele diz em inglês, quebrando o silêncio e sorrindo cordialmente, como se fossemos realmente estranhos.
Será que posso ser despedida se der um soco nele ao invés de apertar a sua mão?
- Eu sou Adrian, o novo investidor desse colégio. E você é...
- Clara. - respondo, mesmo relutante - Sou a professora Clara, de literatura ocidental.
Adotando o melhor estilo coreano, dou-lhe um apertar de mão breve e meneio a cabeça. Sem mais.
Voltamos a nos encarar, isso até a voz da diretora Cho Hee soar um tanto dura.
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Irresistível
ФанфикClara é uma brasileira que está trabalhando em Seoul como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 19 anos, que ainda por cima é seu...