Segurando o tênis como se fosse a mais mortal das armas, continuo com ele apontado para Jungkook bem a minha frente enquanto tento distinguir se toda essa agitação que sinto é apenas por raiva ou pelo fato de que o garoto que tanto mexe comigo está, aqui e agora, tão perto - à uma cama de distância - depois de dias o evitando.
Ninguém fala, ninguém se mexe. O ar parece mais pesado que o normal.
Durante longos segundos, apenas trocamos olhares. E, ainda que eu não queira admitir, o mar negro que são os seus olhos me hipnotizam de tal forma, que, ou eu arrumo um jeito de escapar ou acabarei rendida sem sequer ter conseguido enxotá-lo à pontapés da minha casa. E se tem uma coisa que eu não vou fazer, é me render.
Disposta a não fraquejar diante o causador das minhas frustrações, engulo seco as emoções e o encaro, pronta para começar a Terceira Guerra Mundial caso insista nessa palhaçada. Aperto mais o tênis em minha mão e abro a boca para gritar outra vez que desapareça, porém, antes que eu possa fazê-lo, Manuela surge de repente na porta do quarto e observa a nós dois. E instantaneamente a minha ira se volta contra ela.
- Que bela amiga você é! - esbravejo - Por que deixou esse idiota entrar aqui?
- Você já reparou no tamanho desse garoto? - retruca, cheia de desaforo - Eu não tenho culpa se ele dá quase duas de mim. Nem que eu quisesse conseguiria pará-lo e foi exatamente o que aconteceu.
Eu bufo, irritada, e observo a minha amiga que não aparenta estar diferente. Trocamos farpas silenciosas por um instante, até que ela diz:
- Além disso, já passou da hora de vocês conversarem. Embora eu não faça a mais vaga ideia do que aconteceu entre os dois e esteja respeitando o fato de você não querer me contar, já estou cansada de ter que arrumar desculpas para expulsar o Jungkook daqui. Então, ou resolve logo esse problema ou mande-o embora você!
Boquiaberta com a sua ousadia, me preparo para revidar, mas Manuela simplesmente dá as costas e fecha a porta com força, me largando com cara de tacho.
Que cretina!
Eu deveria arranjar outra companheira de casa, isso sim. Talvez eu a escorrace daqui junto com o idiota que continua plantado dentro do meu quarto.
Com a mão livre, massageio uma das têmporas. Essa situação toda está começando a me deixar com dor de cabeça. Sentindo o sangue pulsar cada vez mais rápido, observo Jungkook que não ainda moveu um músculo e impaciente demais para ter o mínimo de educação, aponto com o tênis em direção a porta e sentencio:
- Saia logo da minha casa, Jungkook! Vá enquanto estou dando a oportunidade de ir por bem ou vai ser na base do pontapé.
- Desde quando você ficou tão agressiva? Huh?
- Jeon Jungkook... - rosno entredentes.
- Não vou sair daqui até que me ouça - dita, seguro de si.
Solto o ar com força, espantada com tanta cara de pau. Ouvir? Não quero ouvir absolutamente nada! Acho que já ouvi mais do que o suficiente por esses dias.
- Como eu disse - ele continua - Tudo tem uma explicação e nós temos que conversar.
- Não temos que conversar porra nenhuma!
Nos enfrentamos por segundos e, superando todas as minhas expectativas, Jungkook deixa um risinho escapar e ao cravar seus olhos escuros nos meus, sussurra:
- Teimosa...
Seu sorrisinho arteiro me tira do sério, pior, faz o meu tolo coração bater feito um louco. Eu conheço bem as intenções escondidas por trás desse sorriso, assim como o efeito que me causa, tão intenso que me arrepia por inteira.
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Irresistível
FanfictionClara é uma brasileira que está trabalhando em Seoul como professora do ensino médio. Com todas as dificuldades de cultura e por ser nova nesse emprego, tudo de que ela não precisava era ficar à fim de um garoto de 19 anos, que ainda por cima é seu...