1. MEU DESEJO É UMA ORDEM

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Quem aqui gosta de um clichê? E parece que nossa mocinha também ama. Estamos começando mais um livro aqui, pessoal. Eu adoro postar no wattpad, adoro saber o que os leitores acham de cada frase, cada capítulo. 

Então, comentem e não esqueçam o voto. 

Feliz 2021! E vamos começar. 

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EVA

— Já leu esses, Eva?

— Já sim dona, Geralda. — Coloquei os dois livros na mesa para ela dar baixa e os novos que escolhi para levar. — Leio em qualquer cantinho, quando tenho tempo.

— Isso é muito bom. A pessoa se informa, enriquece o vocabulário...

— Faz a gente fugir um pouco da realidade. — Completei fazendo-a rir.

— Justamente. Pode assinar aqui. — Empurrou a ficha para mim.

Era assim a minha rotina. Como eu não tinha dinheiro para comprar livros, digital ou em físico, o jeito era recorrer a biblioteca pública. Eu sempre vinha depois do expediente e era o tempo certinho de correr para o ponto de ônibus bem a tempo de ele passar.

Caminhando devagar, eu colocava os livros dentro da bolsa quando vi o ônibus vindo. Merda! corri para chegar ao ponto antes dele, mas a sorte parecia afastar de mim a cada dia, tropecei e a sandália de plástico arrebentou.

— Ah, não! — berrei no meio da rua. Peguei a sandália e corri para o ponto com um dos pés descalços. Para piorar, estava lotado e eu tive que ir em pé. Uma tragedia dessa tinha que acontecer bem na véspera do meu aniversário.

Queria chorar de raiva quando cheguei ao meu bairro. Não estava podendo gastar e teria que comprar uma sandália nova.

À noite, já em segurança da quitinete que eu aluguei por um preço razoável, peguei os livros que emprestei da biblioteca e escolhi qual dos dois começaria.

Ás nove da noite, eu já tinha lido bastante, e não conseguia largar. Desejava que o tempo parasse para eu conseguir concluir hoje ainda, antes das onze, - horário que deveria dormir. Me identifiquei com a mocinha: trabalhava pesado, independente morando sozinha e despertava o interesse de um bilionário recluso. Eu amava tanto clichês...

Suspirei apaixonada. Essas coisas não aconteciam comigo.

E bem que eu gostaria que acontecesse.

Na manhã seguinte, eu estava atenta no ponto de ônibus sentindo o livro gritar por mim dentro da bolsa. Mal podia esperar para entrar no veículo, encontrar um lugar para sentar e começar a ler. E no restaurante onde eu trabalhava, poderia ler em algum segundo de folga. Essa era minha expectativa; a realidade que me esperava era outra: Não tivemos nada de folga durante toda a manhã. Hoje tinha sido um dia muito tenso e mal pude ir ao banheiro.

Em pleno dia do meu aniversário.

Após terminar o expediente ás três da tarde, troquei de roupa, atendi a ligação da minha mãe me parabenizando e quando saí para o salão, levei um susto ao me deparar com meus colegas de trabalho reunidos em volta de um pequeno bolo repousado em cima de uma das mesas.

— Abner! — Ralhei com meu amigo. E já começaram a cantar e bater palmas.

Dizem que ao soprar velinhas de aniversário e você desejar algo secretamente, pode ser que esse desejo se realize. Logico que eu não acreditava nisso. Primeiro por ser muito cética sobre essas superstições e segundo por já ter feito tanto desejo na infância e nenhum ser atendido, que nem faço mais.

[AMOSTRA] MALDITO CLICHÊOnde histórias criam vida. Descubra agora