7. QUEM É DIOGO MALDONADO? (part 1)

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Um leitor sempre sabe quando vai precisar de um livro. Eu previ que em algum momento dessa viagem eu ficaria entediada e sozinha e iria desejar a companhia de um bom romance; por sorte trouxe três. Vesti biquini e uma saída de praia, pedi um suco pelo serviço de quarto e encontrei uma posição perfeita em uma espreguiçadeira na varanda.

O dia estava lindo, o mar parecia um sonho, tudo em volta era fantasioso demais, porém eu decidi não descer sem a companhia de Diogo. Eu tinha certeza de que cometeria algumas gafes se fosse sozinha. A começar pelo meu inglês que era básico do básico. Sabia apenas coisas como: "I love you" e "What's your name".

Eu viajava em um capítulo bom do livro, quando tive uma distração, ouvi alguém anunciar: "camareira".

Fechei o livro e corri para o quarto. Eram duas mulheres uniformizadas.

Assustadas, uma delas falou: "Sorry" e outras coisas em inglês que não consegui decifrar.

— Ah... — bati no meu peito antes de falar: — EU...SOU de Brasil. — Eu estava gritando, como se elas fossem surdas.

Se entreolharam e fizeram um gesto para eu esperar. Uma delas saiu e minutos depois voltou com outra funcionaria uniformizada.

— Brasileira? — A recém chegada me perguntou.

— Sim. — Fiquei feliz em ver que alguém me entendia.

— Eu sei falar um pouco idioma de você. Pode arrumar... o quarto?

— Claro. Sim, fiquem à vontade.

Observei as três começarem a fazer tudo com rapidez e agilidade. Eu queria puxar assunto, perguntar quanto elas ganhavam trabalhando aqui, mas fiquei com vergonha.

— Arrumar roupas em closet. — Apontou para as malas.

— Tudo bem. Precisa de ajuda?

Mais uma vez se entreolharam quase confusas. Eu poderia apostar que jamais na história desse hotel uma hospede ofereceu ajuda ás camareiras.

— Não senhora.

Pensei em explicar que eu era garçonete e que era acostumada a trabalhos domésticos, mas decidi me calar. Se eu fosse falar a verdade, ia ser interpretada como prostituta. Sentei-me em uma poltrona fingindo ler, mas observava ela arrumando as roupas de Diogo no closet. Estava coçando de curiosidade de futricar as coisas dele.

— Esta não abre. — A camareira que falava português apontou para uma mala preta no chão. Era a oportunidade de eu aproximar. Notei que era uma maleta grande, preta e fina em espessura para ser uma mala. Parecia uma valise de tamanho grande. Observei com cuidado. Era pesada e tinha trava com senha. O que esse homem guardava aqui dentro?

— Não precisa arrumar essa.

— Tudo bem. — Ela pegou a maleta, a colocou em um canto e foi arrumar a minha, mas eu a impedi. Eu mesma poderia fazer isso. além de que estava uma bagunça, tudo estufado.

Quando as três foram embora, voltei para a leitura, mas com a maleta de Diogo em minha mente.

Nem vi o tempo passar metida em um romance de época. Eu não queria ler algo moderno e clichê, ou iria acabar fazendo estupidas associações com os momentos que eu estava vivendo.

Apesar de não haver romance clichê na minha relação com Diogo. Decidi isso depois de analisar profundamente os fatos. Ele me propôs uma semana e é o que teremos. Ele é comprometido e eu jamais irei fazer o papel da destruidora de lares. Com ou sem clichê.

Como se meus pensamentos pudessem atrair a realidade, ouvi voz rude. Fechei o livro e espiei dentro do quarto. Já se passava de meio dia, Diogo tinha voltado. Fui até a porta que dava para as outras repartições do apartamento e vi ele de costas falando ao celular.

[AMOSTRA] MALDITO CLICHÊOnde histórias criam vida. Descubra agora