Capítulo 2

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POV Taehyung

Aflição. Isso era o que eu sentia e nem conseguia entender muito bem o motivo. Ok, eu tinha resgatado um menina de um prédio em chamas e isso poderia ter mexido um pouco comigo, mas não justificava o meu estado e nem quantas vezes eu já tinha perguntado aos médicos sobre a menina do incêndio. Eu estava verdadeiramente preocupado com ela, algo dentro de mim parecia ser chamado para ela de alguma maneira e eu precisava ir até o aquele anjo o quanto antes. Sim, eu não conseguia pensar nela de um jeito diferente, ela era um anjo lindo.

Respirei fundo e olhei o Jimin, ele havia me acompanhado ao hospital e agora estava sentado em uma poltrona no quarto em que eu fui colocado. Eu ainda permanecia com o respirador e o meu peito doía bastante. Me mexi na cama e o meu amigo se levantou.

- Está precisando de alguma coisa, cara? – eu tirei a máscara por um instante.

- Quero que faça uma coisa pra mim. – o meu amigo assentiu na mesma hora. – Pode me comprar umas flores? Eu quero visitar a menina que eu salvei. – Jimin levantou uma sobrancelha.

- Qual é o lance com essa garota, Tae? Você já a conhecia? – eu neguei. – Então por que tá todo agitado por causa dela? – eu dei de ombros.

- Não sei, só sei que preciso vê-la. Não consigo parar de pensar nisso. – Jimin assentiu.

- Eu vou pegar as flores pra você, mas acho que a sua saída não será hoje e muito menos a dela. – meu amigo examinou a atadura no meu braço. – Você se queimou feio, tá doendo? – eu neguei.

- Está suportável. – olhei para a minha mão também enfaixada. – Fiquei com mais medo dessa aqui, ainda bem que foi superficial. Ela teve queimaduras? – Jimin negou.

- Você chegou antes que o fogo pegasse naquela saleta. Na real, isso nem faz sentido, era para ter pego fogo lá também, vai entender. – ele deu de ombros. – Parece que ela só se intoxicou com a fumaça, mas foi bem sério, ela poderia ter morrido. – eu senti um aperto no peito na mesma hora só de pensar na possibilidade. "O que raios está acontecendo comigo?" Me perguntei sem entender. Eu fechei os meus olhos com força e senti o Jimin colocar a mão no meu ombro. – Você precisa descansar um pouco, Tae. – eu assenti.

Haviam me injetado um remédio para dor e aquilo estava me deixando meio grogue. Talvez eu não conseguisse ir visitar o anjo naquele dia, mas iria o mais rápido possível. Eu já sabia que o nome dela era S/n e que ela era uma caloura de música. Mas essa foi toda a informação que o Jimin conseguiu reunir, eu teria que me informar melhor. Afundei naquela cama de hospital e fui me entregando lentamente ao sono com a imagem daquela menina em meus braços. O rosto dela parecia iluminado na minha inconsciência e eu vi os olhos esverdeados, a pele muito branca, os lábios rosados e os cabelos castanhos. Linda como um anjo.

POV S/n

Acordei no hospital atordoada e parecendo que eu tinha engolido todo o arame farpado do mundo. Tudo doía, desde a entrada do nariz, passando pela boca e indo até o peito, respirar era um verdadeiro martírio. E ainda para acabar de completar a minha punição, as duas piores pessoas da minha vida estavam ali fingindo se importar comigo, quando na verdade não paravam de me insultar e criticar. Minha tia e minha prima sempre foram horríveis para mim e me tratavam como alguém muito inferior a elas.

Depois do acidente de carro que matou os meus pais e me deixou gravemente ferida quando eu tinha onze anos, eu fui mandada para ficar com a irmã distante do meu pai, ela era a única parente viva que eu tinha. E eu tenho certeza de que ela só não me abandonou em um orfanato qualquer por conta da quantia em dinheiro que receberia sendo a minha tutora. Eu tive que mudar de estado e deixar tudo o que eu conhecia para trás, meus amigos, minha casa, minhas memórias, a minha vida se despedaçou. A única coisa que eu consegui manter foram as minhas aulas de piano, e bem que a minha tia Lucy tentou bastante fazer com que eu desistisse, sempre me desestimulando e criticando ferozmente cada peça dos meus recitais. Porém essa era a lembrança mais vívida da minha mãe e eu não abriria mão de ser uma pianista tão boa quanto ela foi.

Questão De Tempo - Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora