Questão De Tempo - Kim Taehyung

Capítulo 8

POV S/n

Estar ali deitada sobre o peito do Taehyung parecia uma espécie de sonho e eu mantinha os olhos fechados temendo poder acordar com qualquer movimento. Senti quando ele me puxou para mais perto e me abraçou apertado beijando a minha cabeça logo depois, o que me fez sorrir e fazer um carinho em sua barriga. Era tudo tão surreal que eu mal podia acreditar que havíamos passado a noite juntos e que ele havia dito que estava apaixonado por mim. E só de lembrar daquele momento, um sorriso bobo se formava em meu rosto.

Fui levantando as minhas pálpebras de modo devagar e pude observar mais detalhadamente pela luz fraca do abajur, os desenhos em sua pele. Eram muitos e todos se interligavam de alguma maneira através de cordões. Havia um homem de costas, uma criança, um avião, vários instrumentos musicais, um coração de diamante. Eu nem me dei conta de que tinha levantado para acompanhar cada detalhe pintado em seu corpo e somente quando o Tae ergueu o meu queixo é que eu pude perceber que já estava de bruços, apoiada em meu cotovelo e seguindo as linhas com a ponta do meu indicador.

— Está gostando do que vê, meu anjo? – ele perguntou com um sorriso divertido e eu senti o meu rosto corar de vergonha.

— Eu nunca tinha visto assim tão de perto, é incrível. – falei baixo e o sorriso dele aumentou ainda mais.

— Você é tão linda, sabia? – Taehyung segurou o meu queixo e me deu um selinho. – Pergunte, anjo, eu estou vendo toda a sua curiosidade transparecer neste seu rostinho. – foi a minha vez de sorrir.

— Eu nem sei por onde começar... – falei indecisa – o avião é a sua mãe? – ele assentiu.

— Isso mesmo. E o homem indo embora é o meu pai. – ele completou adivinhando a minha próxima pergunta. - Meus avós ficam nos meus pulsos porque foram nas mãos deles que eu me segurei. – eu apontei para o violão. – O meu primeiro instrumento. – continuei seguindo os meus dedos por cada desenho estampado em sua pele e o Taehyung foi me contando os detalhes por trás da tatuagem. Tenho que confessar que a cada explicação eu ia me encantando mais por aquele garoto tatuado, a sensibilidade dele me deixou sem palavras e eu só consegui sorrir com as palavras que ele dizia.

— E essa aqui? – apontei para a enorme árvore de galhos secos que pegava boa parte do seu pescoço e ombro. Tae deu um suspiro e me encarou.

— Essa sou eu. – ele respondeu simplesmente e eu não entendi.

— Como assim? – perguntei sem me conter. - Por que você é uma árvore seca, Tae? – ele sorriu para mim.

— Ela não está seca e sim, incompleta. – ele pegou a minha mão e tocou o seu pescoço. – Ainda faltam as folhas, flores e talvez alguns frutos, quem sabe. – e eu imediatamente compreendi que ele falava de construir uma família.

Um aperto gigantesco pareceu envolver todo o meu coração e eu tirei a mão do seu pescoço delicadamente sentindo os meus olhos marejarem de repente. Eu voltei a deitar sobre o seu peito evitando que ele notasse que eu estava prestes a chorar. Nem consegui entender o motivo daquelas palavras terem mexido tanto comigo, mas algo dentro de mim me dizia que não seria comigo que aquela família seria formada. Taehyung se remexeu inquieto e tentou me encarar.

— Ei... o que foi? – ele perguntou de modo preocupado e eu não respondi. – S/n, eu falei algo errado? – eu neguei.

— Não, claro que não, Tae. É tudo muito lindo. – falei com a voz embargada.

— Então por que você ficou assim? – eu dei de ombros. 

— Está tudo bem. – falei forçando um sorriso, mas não o convenceu. Ele voltou a me puxar para os seus braços me colocando sobre o seu corpo e me encarou.