Capítulo 12. Olhos vermelhos

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JÚPITER

— Abra os olhos menina — disse-me a voz suave.

Levantei-me do colchão sentindo algo ruim em meu estômago, como se eu tivesse comido umas duas mãos cheias de areia. Olhei ao redor e percebi que havia uma garota parada ao meu lado.

— Prazer senhorita Júpiter, meu nome é Lara — disse a garota.

— O que? Quem é você? Como sabe meu nome?

— Não se espante amiguinha, vai ficar "tuuuuuuudo bem" — disse a garota, encarando-me com uma cara estranhamente assustadora, os olhos dela piscaram em um tom vermelho e seu sorriso abriu-se de orelha a orelha.

Não tinha como eu não me assustar.


Vênus não estava lá... Procurei de corredor em corredor, andando por toda parte, gritando como louca, com o cabelo desgrenhado, roupas um tanto rasgadas, olhos psicóticos, quase tudo o que se imagina quando se pensa na palavra: "loucura". Enquanto isso eu era perseguida por uma garota estranha que sabia o meu nome e tinha olhos vermelhos. Como eu ficaria calma em uma situação daquelas? Eu estava em algum lugar desconhecido, trombando com algumas pessoas que nunca vi na vida e meu corpo parecia que ia cair estatelado naquele chão a qualquer instante, por causa de um cansaço que mal sei descrever. Quartos e mais quartos, uma cozinha, um banheiro, uma despensa, uma porta que leva direto para um precipício? Sim, uma porta que poderia me matar em instantes, em uma queda de mil passos em direção a uma dezena de rochas que eram constantemente combatidas pelas ondas do mar.

Parei petrificada de pavor, mas era um pouco tarde, pois comecei a tombar para fora, em direção a minha morte instantânea, no entanto fui salva por minha perseguidora; ela me agarrou e puxou-me para dentro, depois fechou a porta. Fiquei parada no chão, respirando ofegante e segurando o meu peito em uma tentativa de não deixar meu coração saltar para fora do meu corpo.

— Gilgamesh! Tenha dó — gritou a garota.

— Olha, fica calma aí, está bem? Eu sei que você quer ver a sua irmã, entretanto ela não está aqui — ela disse.

— Por que raios tem um precipício atrás daquela porta? — perguntei.

— Aquela é a saída — disse ela, depois levou a mão em minha direção, para que eu pudesse usá-la para me levantar mais facilmente. Não toquei na mão, levantei-me com minha própria força.

— Quem são vocês? — perguntei.

— Quem somos? Somos o que você é, somos chaves — ela disse, mostrando-me o pulso, onde havia uma pedra vermelha, cor de vinho, polida e incrustada em seu corpo.

Eu mostraria a minha pedra, mas para que? A coisa vivia pregada na minha testa. A garota estendeu a mão para mim outra vez, olhando-me com um olhar gentil e ao mesmo tempo corajoso, olhar como o de Vênus, aquele que só os mais teimosos possuem. Estendi minha mão para ela, que a apertou firmemente, enquanto sorria.

— Como é que vocês saem se aquela é a saída daqui? — perguntei.

Lara fez uma cara séria de repente.

— Magia, mas não uma qualquer, magia como nos contos — ela sussurrou, mas não porque queria esconder algo, era mais por pura e completa besteira; ela era assim.

Lara, John, Maria, Leon, Felipe, Roma e Pietro, todos se apresentaram a mim, eram gentis, me davam comida e tentavam me animar, todos exceto John, este se mantinha distante, lendo alguns pergaminhos enquanto sentado no chão.

Todos tinham dezessete anos, com exceção de Roma e Felipe. Roma era uma garotinha de apenas dez anos e Felipe tinha a minha idade: "13 anos".

Os mais velhos trajavam armaduras de prata, com inscrições azuladas na cota, que indicavam a bandeira de algum reino. Roma era uma garotinha ruiva, de bochecha rosada e vestia-se com um vestido cor de salmão, com algumas flores bordadas nele, mas algumas dessas flores tinham pétalas maiores que outras ou pétalas faltando. Roma já havia reparado que eu olhava constantemente para seu vestido, por isso aproximou-se de mim olhando para baixo, aliás, ela sempre estava olhando para baixo.

As chaves de Alanis - Flor da AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora