Capítulo 8. Castelo D'ouro

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MAR

O caminho por onde eu andava era dividido entre vegetação rasteira e dunas de areia. A lontra alada já parecia ter se acostumado a estar tão próxima a um ser humano, pois ela parecia feliz ao se manter dentro da minha mochila, colocando metade do corpo para fora algumas vezes para tomar ar. Talvez fosse um filhote de bolsa...

Achar comida nesse ambiente não era muito fácil e o máximo que eu havia encontrado até então era um ovo enorme em péssimo estado e fedorento, que poderia me matar muito antes da minha fome, os urubus já pareciam me cercar no céu, porém, por sorte eu ainda tinha metade de um odre d'água para me manter viva, pois água eu não encontraria nesse ambiente de forma alguma.

Eu já havia terminado de comer uma sacola de frutas azuis, quais não mataram nem um pouco da minha fome.

O sol escaldante, já machucava os meus ombros, quando percebi um rebuliço na terra ao meu redor, assustei-me quando percebi que aquilo só poderia ser um monstro, por causa do rastro que deixava na areia. Puxei Ana pelo cabo, mas uma serpente enorme saltou da terra em minha direção muito antes que eu pudesse retirar Ana por completo, tive de me esquivar, jogando-me em outra direção e com sorte acabei ilesa ao ataque.

Essa cobra não era comum, ela tinha quatorze metros de comprimento e pele azulada, seu rosto parecia mais com o rosto de um lagarto, suas presas pareciam estacas e eram muitas, e a pele do seu pescoço se expandia, se tornando algum tipo de juba escamosa.

O monstro permanecia fora da terra agora e eu deveria parecer um ótimo petisco no meio daquele deserto, mas mal sabia a besta que pensávamos a mesma coisa uma da outra.

Tirei Ana da Bainha dizendo-a: "abrase Ana" e a lâmina de Ana tornou-se vermelha e quente, cercada por chamas. A serpente veio em minha direção naquele momento exato e eu disse a Ana para cortá-la ao meio.

Serpentes são rápidas, mas não mais que minha espada.

A terra subiu com a força com que pisei no chão e Ana brandiu em direção à cobra em uma velocidade descomunal e deixando um rastro de chamas no ar, "cresça" eu gritei, e Ana tornou-se maior do que eu, mas devido à velocidade com que ela percorria o ar, eu nem precisava mais segurá-la, por isso soltei-a e ela caiu cortando a serpente em duas partes e levantando areia para todo lado.

O sangue da serpente fervilhava o chão e escorria pela lâmina de Ana queimando-a, foi aí que percebi que aquilo era ácido, e que eu tinha sorte de o sangue ser grosso demais para espirrar em mim.

— Mar, ajude-me — sussurrou Ana.

— Não me queime Ana — eu a disse.

Aproximei-me tocando-a em uma parte livre de ácido, as suas chamas me tocavam, mas não me feriam, e ao pedir para que se restaurasse, foi o que ouve, a lâmina esquentou-se, evaporando o veneno da víbora e restituindo suas partes danificadas, ela voltou ao seu tamanho normal e as suas chamas se apagaram.

— Ana por que você não se salva por si própria? — perguntei-a.

— Porque só faço aquilo que me pedes — disse Ana, agora com uma voz mais audível.

— E se eu lhe pedir para que se salve sempre? — perguntei.

— Então eu morrerei a tentar — respondeu ela.

Fiquei surpresa, pois eu nunca havia visto tal lealdade, mas minha surpresa sumiu, devido ao barulho repentino que veio do meu estômago e que devo confessar, me assustou, pois em um lugar com tantos monstros esse barulho poderia ser muito bem o som de uma besta à espreita.

As chaves de Alanis - Flor da AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora